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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Artista de Araque

 
 
 
Vou dar baixa na minha carteira de ator! Cansei de representar o personagem que nunca chega a um final feliz. O mocinho de olhar sedutor sempre fica com a protagonista da história e o vilão paga por todas as suas falcatruas, recebendo a punição esperada. Claro que, vez por outra, o vilão vira herói, por pura simpatia do telespectador. Isto pode acontecer, mas é coisa rara.
Por tudo isto, vou largar a profissão e deixar de atuar. Descobri que a verdadeira novela é a vida real, com suas tramas imprevisíveis e seu elenco de quinta, que aspira à primeira categoria. Aqui os vilões raramente são punidos, quanto mais alta é a conta bancária. Quem é bom e quem é mau tem deslizes, sofre ataques de feras internas e enfrenta quem se atreve a lhe pisar nos calos.
Só tenho mesmo uma dúvida: será que nessa outra versão da história cabe pensar que, se na novela real também nunca fico com a mocinha, serei o vilão da vida?

O mar azul de Brasília!


O concreto corta o azul, demarcando a fronteira entre a natureza incomensurável criada por Deus e a cidade de asas, criada pelo homem. Cores revestem formas geométricas arrojadas que, alongadas na horizontal e na vertical, desenham o horizonte sem ocultar o céu. No coração da cidade a plataforma suspensa liga o norte com o sul, para levar e trazer pessoas de passos apressados. Carros deslizam velozes pelas pistas da esplanada, num vai e vem interminável e espalham-se pelos eixos, redesenhando seus caminhos de asfalto. No caos aparente, todas as formas se equilibram harmoniosamente nessa imaginária linha limítrofe, comprovando que nós, seres humanos, temos os pés firmados no chão, enquanto nossa mente sonha com o que está mais além. Na pressa de chegar e partir, poucos se dão conta que esta cidade é a síntese e o ponto de união entre o humano e o divino. Caminham indiferentes, acostumados à beleza, à diária poesia da luminosidade da lua e do sol que transformam em mar, o céu azul de Brasília.

A parte de minha vida que ainda está misturada na sua...

Posso dizer que eu o amei por tanto tempo, que não encontro mais uma maneira de esquecer você. Como um ritual inútil, carrego suas lembranças para lá e para cá, na tentativa de encontrar um lugar mais confortável para acomodá-las. Se uma parte de mim, ainda esperançosa, mantém-se quieta para ouvir seus passos voltando, a outra, mais realista, sabe que a chance de um reencontro entre nós passou e talvez não volte a acontecer! Você se perdeu em algum ponto da nossa história e tomou outros atalhos, que o levaram para bem longe de mim.
Hoje não quero mais saber com qual de nós ficou a razão. Meu desejo é apenas sentir seus braços envolvendo meu corpo, enquanto sua voz me convence que o pior já passou. Mas, na penumbra do quarto nada de significativo acontece. Nada modifica a monotonia de mais uma noite vazia de carinhos, cheia de saudades e povoada de sonhos ardentes que aquecem meu corpo, mas não podem acender a minha chama. Talvez precise finalmente aceitar que a parte da minha vida que ficou misturada com a sua nunca mais volte a existir.

Palavras do Coração

Palavras verdadeiras nem sempre são bonitas e palavras bonitas nem sempre são verdadeiras. Uma lógica fácil de comprovar, por vezes difícil de aceitar, mas sempre aplicável em todas as situações e relacionamentos.
Construí meu mundo com palavras, mas uma só palavra pode destruí-lo em poucos segundos. Se isto acontece, recrio tudo novamente, não importando se a palavra seguinte poderá desmoroná-lo outra vez e partir meu coração em mais de mil pedaços.
Por isso, para prolongar um pouco mais a existência de minhas palavras, da dor faço arte, mesmo que elas sejam pequenas e medíocres. Ou sejam apenas minhas e não se parecem com as de mais ninguém. Descobri que a dor e a arte ficam diferentes em cada coração!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A outra versão da história

 

Nenhuma história, ao ser relatada, revela uma verdade absoluta. Sempre existe outra versão, positiva ou negativa, dependendo da simpatia ou antipatia que os personagens despertam naqueles que a relatam. Vítima e algoz, herói e vilão não são eleitos por unanimidade e trocam constantemente de papéis, dependendo de que lado está o narrador e com a mesma rapidez que a história se espalha. Nenhuma versão é definitiva e quem acredita que seja assim pode querer assumir o posto de dono da verdade. Exatamente nesse ponto começam os desentendimentos humanos! Essa vaidade mal-disfarçada em sabedoria, em fidelidade aos fatos, pode destruir lares, amizades, amores, países e até o nosso próprio planeta!

Caminho sem fim...




Tudo voltou a ser como era antes, exceto pelo fato de que agora aceito a realidade. Foi uma dolorosa jornada e cada passo dado contribuiu para chegar a este resultado. Ao longo do caminho pude colher frutos de valor inestimável: experiência, maturidade, paz, alegria. Respeito por mim mesma e, na mesma proporção, respeito pelo semelhante. Compreensão das leis que regem todo o criado e confiança no amor incondicional de Deus.
Ao tempo que avanço neste sentido, também vou perdendo outras cargas bem menos valiosas: o temor, a covardia, as ilusões infundadas, a dependência psicológica e espiritual de pessoas e coisas, o apego antinatural pelo que me rodeia no plano físico. Como saldo desse processo fica a certeza de que todo acontecido cumpre um objetivo para a vida.
Posso dizer que me sinto mais leve e que uma alegria mansa toma conta de meu ser toda vez que aceito que nem todos os planos, sonhos e amores são possíveis. Mesmo que algumas vezes ainda fique um pouco triste diante de tantos desencantos e que a dor teime invadir meu peito sem avisar. Para evitar tais consequencias, estou aprendendo a manter minhas aspirações dentro do limite realizável. Afinal,

Nem tudo que eu quis, aconteceu.
Nem tudo que aconteceu me fez feliz.
Mesmo assim é preciso seguir.
Se hoje é difícil, amanhã será melhor.

É um longo aprendizado mas, para que ter pressa, se este caminho não tem fim?