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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Sua Vida, Dentro da Minha Vida...


Mais um ano se passou e parece que foi ontem que escrevi uma mensagem pelo seu aniversário. Tantos anos sem você ao meu lado e, apesar das lutas e novas perdas, sobrevivi a mais um período! De novo sento-me para escrever sobre você, que é uma das formas de ter presente o que representou a sua vida, dentro da minha vida. Escrevo, acima de tudo, por gratidão pelo pai e amigo que você foi para mim. Saudades? Sempre e muitas! Mas, o que sou hoje é uma parte do que foi você, e que me ensinou a ser também.
Desta vez, ao recordar os tempos finais que passei ao seu lado, destaquei um fato que me tocou de forma especial. Conversávamos sobre vários assuntos, enquanto lhe fazia companhia, durante uma das minhas idas a Belo Horizonte para vê-lo. A doença avançava implacável e, mesmo assim, talvez para manter a nossa esperança na sua recuperação, você fazia planos, muitos planos! Quando se restabelecesse, queria rever os amigos e nossa terra natal, comprar a antiga casa em que moramos, para que se tornasse um ponto de encontro de todos os filhos. Eram bons planos...
Em certo momento, fiz uma observação sobre a quantidade de amigos que vinham visitá-lo. A lista crescia no caderno dia a dia, onde cada um deixava seu nome e uma pequena mensagem registrada. Esta referência fez seu rosto se iluminar! Isto realmente lhe encantava e lhe dava uma medida do que sua existência representou na vida de cada um deles! Eram amigos antigos, que vinham de longe para revê-lo. Amigos de perto, que conquistavam um tempo na agenda apertada, apenas para ficarem uns minutos a mais com você. Amigos de outros tempos, que recordavam passagens pitorescas e marcantes de sua vida. Amigos dos tempos atuais, que haviam aprendido a respeitá-lo e admirá-lo pelos seus valores morais. Estas  histórias repassadas e fatos recontados avivavam a memória adormecida, o que lhe permitia ter uma nova consciência sobre a trajetória de sua vida. Sei que você fez por merecer o conceito que recebeu de cada um deles; cada palavra dita a seu favor.
Guardo para mim esta lição, sobre a importância dos amigos em minha vida. Só eles podem me oferecer a visão mais verdadeira e mais amorosa, de quem fui ontem e quem sou hoje. É a presença deles em minha vida que me permite fazer uma união dos tempos, fundamental para ajudar-me a lembrar de onde vim, onde estou e onde quero chegar, em relação a mim mesma e a cada um deles. Meus amigos são parte da memória viva de minha vida!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Balões ao Ar...



Pego balões multicoloridos e coloco diante de teus olhos morenos, para alegrá-los! Atados à linha da vida, eles sobem pelos ares, onde os ventos habitam e sopram para lugares distantes. Procuro em teus olhos o que ainda não sei, vejo o que não quis, enquanto eles me levam para bem longe de mim. Gotas de chuva ou de lágrimas molham teu rosto pálido. Minhas mãos tentam contê-las, na tentativa de secar tuas dores e resgatar teus amores de além-mar. Sonhas com o que não sabes e o que sabes, não queres mais. O saber de tudo feriu tua alma desavisada e tirou o sorriso de tua face. Descubro que nada que eu diga agora fará uma barreira para conter tua dor de viver. Diante de teu silencio indiferente, eu me calo e recolho os balões multicoloridos, com os quais te presentei...

Exercício Mental


Diante de mim o horizonte é mudo - não traz notícias nem paz ao meu coração. Nada me revela, além das linhas retas e restritas de uma caixa de mensagens. Enquanto espero, crio um pensamento e brinco com ele, para distrair a tristeza que aperta o coração de repente. Coloco-o de todas as formas, de todos os tamanhos, pinto de todas as cores. Faço a ele perguntas e eu mesma dou as respostas, já que não encontro quem as possa responder. Isto me distrai por um certo tempo, até que a saudade volta outra vez e acaba com a minha brincadeira. Fico pensando porque os sonhos teimam em ser tão voláteis, porque as alegrias são tão passageiras. Mas, apesar do presente, eu as desfrutei quando vieram. Abri meus braços, as acolhi carinhosamente. Tudo estava tão bom que acreditei que viveria um estado de permanente felicidade. Momentaneamente esqueci que ela não é completa e nem inteira. Ganho pequenas porções de bem, permeadas com as lágrimas, as dores e as saudades de cada dia...

Incertezas...

 
De ti, guardo lembranças várias! Caprichosamente, crio com cada uma delas pequenas histórias, que falam de um outro tempo, quando a saudade era apenas um pequeno espaço entre dois encontros. Hoje, as certezas construídas já não possuem alicerces profundos. Já não sei se fui feliz durante, ou depois de ti. O tempo passou e deixou suas marcas tatuadas em meu corpo - acentuadas pelo fogo da saudade, suavizadas por algumas palavras de amor. Nada permanece igual ao que foi. O antigo amor não suportou as mudanças, nem a distância, que separou o que era antes, do que veio depois. Agora, entre nós, faltam palavras, sobram grandes espaços de silencio, que nada pode preencher. Nem mesmo as palavras, desenhadas com tinta ou inseridas na tela do computador. Se voltas, já não somos os mesmos de antes. Se ficas onde estás, meu coração sufoca aos poucos de saudade... e de tanto amor.

Fechado para balanço



Para iniciar esta nova manhã, de um novo mês, decidi fazer algo diferente, antecipando o balanço de praxe, de final de ano. Para ter uma visão mais real dos fatos, começo por registrar, na tela em branco, as escolhas que fiz e as prioridades que estabeleci em minha vida. O que desejo que a vida me dê e o que estou construindo em mim para merecê-lo ou dar em troca... A imagem sobre o que desejo do futuro começa a se esboçar. Vejo os caminhos que percorro no momento e os caminhos que devo trilhar, para ter condições de criá-lo, próximo à imagem e semelhançao de meus sonhos! Identifico, entre outras coisas, que muitas vezes me acomodo nos afazeres diários e não me dou conta do que posso ter e fazer, além do que tenho e faço no momento. Repasso os anseios do meu coração e constato que tenho feito bem pouco para torná-los realidade. Trabalho, leio, escrevo, converso, planejo realizar muitas coisas, mas quase não saio do lugar! Com o foco do olhar voltado para os afazeres diários, acabo por descuidar o olhar para mim mesma! Constato, com um certo assombro, que tenho medo dos meus sonhos, por que nem todos os que eu tive se tornaram realidade. Que tenho receio de expressar o que eu quero, e o que eu quero não se realizar. Que escolho viver uma vida solitária, mesmo sem desejar a solidão, por puro medo de arriscar ser feliz! Estabeleci prioridades físicas, profissionais e espirituais, mas resguardei meus sentimentos, com receio de vê-los rejeitados. Mesmo quando digo que desejo amar e ser amada, constato que tenho medo do amor – realço as dores, decepções e saudades que ele provoca e esqueço as alegrias e o brilho do olhar que ele traz consigo. Diante dessa indesejada realidade, compreendo que o trabalho por fazer é grande, mas que ainda há tempo de escolher outros caminhos para trilhar, inverter antigas prioridades e ganhar espaço para outras, que me façam mais feliz! Preciso arriscar um pouco mais e abrir as portas da minha vida e do meu coração para o NOVO – só assim ele poderá se revelar!

Espelho fixo


No movimento quase imperceptível do tempo, a vida acontece e torna-se cada vez mais urgente finalizar o que comecei. Os acontecimentos passados ficam realçados na tela da mente, que aviva palavras, fatos, inevitáveis saudades, encontros e desencontros da vida. O futuro ainda é apenas um esboço, onde alguns sonhos pintam cores e possibilidade surreais. O que fica de palpável é o presente, o hoje, o agora, ainda que este escorra por entre os dedos continuamente. Neste espaço restrito, avalio o que quis e o que ainda quero de mim e para mim. Isto, muito mais que um mero jogo de palavras, indica a necessidade de perpetuar-me de alguma maneira, de deixar a marca da minha existência na lápide do tempo. Tudo que sou, tudo que penso e sinto, tudo que criei, fazem parte de mim. Neste espelho fixo, vejo refletida a minha essência.