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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Reverência!





Pelo retrovisor vejo o sol vermelho, no entardecer do céu do planalto. O que a imagem tem de  incomum é que os últimos raios formam um triângulo perfeito de luz, por entre as nuvens vermelho-escurecidas. Meu primeiro impulso foi parar o carro e eternizar aquele momento único numa fotografia, como uma forma de reverenciar a beleza e a diversidade de formas com as quais a natureza nos brinda diariamente.
A cada dia o sol nasce e se põe formando visões diferentes de cor e luz, que inúmeras vezes nos deixam sem fôlego, de tão belas. Para a natureza isto é indiferente. No seu existir belo e silencioso, ela trabalha incansavelmente para proteger e manter a vida no planeta. Em troca pede apenas amor, respeito e cuidado. Aqui é a nossa casa, nosso cantinho dentro do universo. O pequeno planeta azul que guarda a existência humana.
Cuidemos dele, antes o arrependimento tardio já não nos salve da extinção.


Dedicado a todos nós...

 

Cuidados...






 


Gosto de pensar que ainda cuido um pouquinho de ti, apesar da visão pessimista que muitas vezes tem de si mesmo. Observo que nossa troca de experiências nos enriquece e amplia a visão dos seres que nos cercam. Sobretudo aprendemos, mais que conviver com as nossas diferenças, a aceitá-las e respeitá-las.
Ao contrário do que acontece em nossa amizade, de um modo geral a convivência entre as pessoas tem se tornado a cada dia mais fria e distante; mais egoísta.   A superficialidade supera a profundidade; o temporário ocupa o lugar das coisas duradouras... “Juntos, até que a próxima novidade nos separe!” Poucos desejam se envolver ou se comprometer realmente com o outro. Quando aparecem problemas, então, nem pensar! Por isso a maioria acorda e dorme no mesmo estado de solidão coletiva e intriga-me o modo como somos capturados nas armadilhas que sempre se repetem.
Ainda assim, nem tudo é o que aparenta ser! Quando oferecemos um pouco mais do que é esperado ou praticado na bolsa de valores dos relacionamentos, pequenos gestos de carinho, atenção e consideração fazem verdadeiros milagres para um coração dolorido. Porque, no fundo, é isto que todos desejam dar e esperam receber.  Amar e ser amado por aquele ser que nos faz bem... O que vier depois disso é complemento. Importante é ter muito cuidado para não oferecer mais do que consegue dar...

Dedicado aos amigos especiais...

Ganhar e Perder - Dois Lados da Mesma Moeda






Diariamente vivenciamos vários tipos de perdas. Com raríssimas exceções, elas costumam envolver sofrimento, adicionado muitas vezes de revolta, amargura, incompreensão. Não é fácil perder o que se tem; quem se tem (ou que se acha que tem), o que se espera. Abrir mão do que é parte de nossas certezas, sonhos,  esperanças, rouba uma parte do nosso amanhã e antecipa o vazio da ausência. Talvez por isso, até a felicidade algumas vezes nos dê medo, porque um dia ela pode acabar...
Ganhar, ao contrário, é soma. Acrescenta, enriquece, alegra, amplia. Pessoas, objetos e posses; saúde, carinho, amor... Qualquer um deles dá mais vida, à vida de quem o recebe. Por isso nos agarramos a tudo aquilo que nos transmita uma sensação de estabilidade.
Na prática, as coisas não são divididas dessa forma – de um lado ficam as perdas, do outro só os ganhos. Os fatos se misturam, se alternam e mantêm a nossa certeza de que nada é definitivo nesta vida. Constante mesmo é a nossa resistência a tudo que nos tire do ponto de equilíbrio.
Diante desse aparente antagonismo, talvez a melhor opção seja ensaiar perdas e ganhos a cada dia, como forma de fortalecer o caráter. Treinar exaustivamente para viver dignamente qualquer uma das duas situações. Aceitar e desfrutar das coisas boas com alegria, gratidão - mas sem apego. Ou viver as perdas sem deixar que contaminem a essência da vida, com a certeza de que tudo pode melhorar a qualquer momento. 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Apenas Flor...



 
 
A magia da renovação acontece ao meu redor! Os dias claros e quentes antecipam a nova estação. A aproximação da primavera traz com ela esperanças novas, anunciadas pelo compasso harmonioso e lento do desabrochar das flores.  A vida humana se entrelaça com a vida da natureza e coisas estranhas começam a acontecer dentro de mim. Personagens se misturam e já não sei se sou apenas mulher ou se tenho algo de flor - no nome, no florescer de sentimentos que foram guardados por longo tempo. Mesmo sem poder afirmar que sou a flor preferida, minha certeza é que na primavera todas florescem...
Através da janela aprecio a linda manhã ensolarada! Destacando-se contra o azul do céu, por toda parte os ipês colorem a vida e alegram os olhos! Diante de tanta beleza, assim como eles quando florescem, quero ser só flor!

Para a primavera que acontece em mim...

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Testemunhas da Felicidade...







Ninguém vive os acontecimentos da vida de forma igual. Existe aquele que se coloca cautelosamente ou de maneira indiferente, diante da dor ou da alegria alheia. Como mero observador, não defende ideias, não desempata dúvidas, não vibra com as vitórias. Mantém-se frio e indiferente diante da vida que acontece ao seu redor.
Em contrapartida, outro se coloca como co-participante de cada evento, por mais simples e despretensioso que pareça ser. De pequenos gestos aos grandes feitos, todos merecem o selo de sua atenção. Muito mais que simples testemunha da felicidade, quer vivenciá-la em seu dia a dia e compartilhá-la com aqueles que o cercam. Ele a realimenta, diariamente, com a gratidão natural dos que sabem valorizar o dom sagrado da vida. É espontâneo, empolgado e vive cada instante como se fosse o último ou o mais importante para ele. 
Acredito que as duas modalidades coexistem em cada um e se manifestam, ora uma, ora outra - conscientemente ou inconscientemente, sob a permissão dos pensamentos que estão abrigados na mente. A cada nascer do sol, posso decidir quais ações quero praticar, para mudar a história do meu próprio destino.

A Volta do Poeta...



 
 
O poeta ficou cansado de colher sua poesia pelos caminhos do mundo e decidiu se esconder nos últimos tempos. Manteve-se quietamente acomodado no fundo de sua alma, agasalhado de suas lembranças, sem palavras para descrever o que se agitava dentro dele. Sua bailarina  havia partido, quem sabe em busca de um coração mais acolhedor. Suas angústias a haviam deixado perdida, enquanto a alegria dela era uma afronta para sua dor de viver.
Entretanto, ela permanece dentro dele, como uma esperança a se realizar. Sua lembrança é um pequeno raio de sol, morno e confortador, que aquece seu corpo e ameniza a rigidez de seus pensamentos. Envolve seu coração como uma música suave e arranca suspiros profundos de sua alma, comprovando que ainda conserva sua capacidade de amar.
Ele tem diante de si uma porta, que pode abrir e voltar para a vida. É só seu o poder de concretizar o impulso para rodar a maçaneta. Precisa apenas vencer o que o impede de transpor os limites de sua dor e aceitar o que não pode mudar. 


Dedicado a todos os poetas da vida...
 

De Volta ao Passado...




Uma situação vivida me fez pensar que temos na mente sensores fantásticos, que são acionados de forma inesperada, ou quase mágica, diante de certas circunstâncias. Pode ser através de uma música, um perfume, fotografias do passado, palavras e frases que foram empregadas em situações semelhantes. A mente, ao captar essas energias sutis, inesperadamente me transporta a outra época, lugar, situações já vividas, sem que tenha controle imediato sobre o processo. Ela atrai para o presente, cenas específicas e fatos concretos que irão dar forma à emoção. Ou apenas chama pelo nome a saudade que está adormecida dentro de mim.
Por vezes a energia captada é tão intensa, que faz com que recorde o momento exato, o fato concreto – o beijo, o olhar, a dança, o abraço, o sentimento - ou suas causas e consequências.
Oscilo entre o presente e o passado; entre a realidade, o sonho e a ficção. Neste instante mágico, quem fui dá vida a quem sou hoje, através da recordação.