Diariamente vivenciamos vários tipos de
perdas. Com raríssimas exceções, elas costumam envolver sofrimento, adicionado muitas
vezes de revolta, amargura, incompreensão. Não é fácil perder o que se tem;
quem se tem (ou que se acha que tem), o que se espera. Abrir mão do que é parte
de nossas certezas, sonhos, esperanças,
rouba uma parte do nosso amanhã e antecipa o vazio da ausência. Talvez por
isso, até a felicidade algumas vezes nos dê medo, porque um dia ela pode acabar...
Ganhar, ao contrário, é soma. Acrescenta,
enriquece, alegra, amplia. Pessoas, objetos e posses; saúde, carinho, amor... Qualquer
um deles dá mais vida, à vida de quem o recebe. Por isso nos agarramos a tudo
aquilo que nos transmita uma sensação de estabilidade.
Na prática, as coisas não são divididas dessa
forma – de um lado ficam as perdas, do outro só os ganhos. Os fatos se
misturam, se alternam e mantêm a nossa certeza de que nada é definitivo nesta
vida. Constante mesmo é a nossa resistência a tudo que nos tire do ponto de equilíbrio.
Diante desse aparente antagonismo, talvez a
melhor opção seja ensaiar perdas e ganhos a cada dia, como forma de fortalecer
o caráter. Treinar exaustivamente para viver dignamente qualquer uma das duas
situações. Aceitar e desfrutar das coisas boas com alegria, gratidão - mas sem
apego. Ou viver as perdas sem deixar que contaminem a essência da vida, com a
certeza de que tudo pode melhorar a qualquer momento.
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