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terça-feira, 19 de junho de 2012

Bondade sem fronteiras...



O que move homens e mulheres à realização de atos incomuns, que muitas vezes colocam em risco suas próprias vidas? Serão viciados em adrenalina, por simples loucura, buscam a fama e a satisfação pessoal ou apenas perseguem um bem maior, que possa ser compartilhado e onde possam fazer a diferença? Cada ser é movido por estímulos e impulsos diferentes. Entre todos, há uma classe especial cujas ações servem de exemplo e de estímulo, para quem quer ser alguém melhor. Longe dos holofotes, eles trabalham em silencio e muitas vezes em condições adversas, com o propósito de oferecer um alívio, uma esperança e a recuperação da dignidade de milhares de seres que vivem em condições sub-humanas. Salvam, alimentam, levam uma palavra de conforto para minorar a dor, choram juntos nas adversidades - curam feridas físicas, cicatrizam feridas da alma. Doam para desconhecidos o melhor que puderam cultivar dentro de si e nem sempre têm seu trabalho valorizado e reconhecido. Não que isto lhes faça falta - são paladinos da bondade sem fronteiras, sempre dispostos a proteger os fracos e lutar por causas justas, sem pedir nada em troca. Atuam solitários ou em equipes e se espalham por todos os recantos do globo terrestre. Diante da grande diversidade que as atitudes humanas oferecem, cada um se inspira naquela com a qual tenha mais afinidade.

Equilibrista



No cabo de aço ele caminha nas alturas, braços abertos como as asas de um pássaro em pleno voo. A visão é bela e ao mesmo tempo angustiante! Provoca, em quem vê, o receio do próximo instante. Deixa a respiração em suspenso, como se o próprio ar que sai dos pulmões possa desestabilizar seu precário equilíbrio. Os tambores ruflam ao fundo, para dar ao ato o som do risco, o que faz aumentar o suspense diante da visão irreal do equilibrista completamente solto no ar. Devagar ele segue, passo a passo. Por vezes finge que balança, para valorizar o desafio – afinal, ele só é um espetáculo se houver um risco constante e iminente. É belo o show e ao final da trajetória o artista reverencia a plateia – precisa assegurar a propaganda de boca em boca dos presentes, para que haja assistência às próximas sessões!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O Foco do Olhar



No primeiro momento, foi a expressão de seu rosto, que o outro olhar à distância capturou. Misturada com a multidão, ela estava completamente enfeitiçada pelo ser quase sobrenatural que se movimentava no centro do círculo. Ele tinha a pele e a vestimenta, à moda francesa do final do século XIX, pintadas de dourado envelhecido. Usava um chapéu D’orsay sobre a cabeça e o conjunto lhe dava a aparência de um cavalheiro recém-saído de algum livro de contos antigos. Os olhos dela acompanhavam atentamente seus movimentos entrecortados, à semelhança de um boneco de corda. Por um instante mágico ela foi atraída e presa pelo seu olhar penetrante e levada a outro tempo, onde ela era a dama e ele seu aristocrático cavaleiro.
De repente ela pareceu voltar ao mundo real e procurou à sua volta, em busca do rosto conhecido que a resgataria daquele encantamento. A surpresa primeiro, depois um traço de pânico, ficaram marcados na segunda imagem. Seus olhos expressavam o receio de todos os perigos a que se via exposta em terras estrangeiras, enquanto vagavam de um lado a outro, em busca daquele que, em silencio e em segredo, estava a observá-la.
No terceiro momento, o foco de seu olhar encontrou o foco dos olhos dele à distância. Esta primeira troca de olhares registrou o momento que antecede o reconhecimento, à sensação de alívio e segurança de saber-se reintegrada à realidade.

Força Interior



Projeto na tela do futuro os detalhes de um momento que ainda não vivi, mas que meu coração anseia ardentemente. Por ele vivo, respiro, espero dia a dia, na esperança de reunir passado, presente e futuro em um instante só. Sei que nada virá facilmente, mas dentro de mim existe uma força que, mesmo eu, ainda não consigo vislumbrar os seus limites. Essa força se expande dentro de mim e assume o comando, sempre que o momento assim o requeira. Por vezes ela é tão forte e tão maior que eu, que me instiga a conhecê-la e saber emprega-la adequadamente. Sei que por esse futuro projetado, todas as lutas serão válidas e todas elas me levarão a salvação de mim mesma. Porque, finalmente, serei aquela que sempre quis ser.

Sua Imagem...



Ainda penso em você, mesmo que sua imagem não tenha mais uma forma definida em minha mente. Talvez eu me lembre daquilo que ficou de você dentro de mim, apesar de saber que este ser que eu vejo em meus pensamentos não existe mais. Posso até continuar com esta imagem antiga, mas ela simplesmente não se encaixa mais neste presente. Entre o que você foi ontem e o que pode ser hoje, existe um hiato - não acompanhei e nem participei de suas transformações ao longo do tempo. Ah, essa fantástica mente humana - afinal, em quem eu penso então? Talvez seja apenas no conceito que eu guardo de você e tome essa pequena parte pelo todo. Materializo sua imagem a partir de pequenos detalhes e crio uma visão completa, ainda que etérea, que adquire vida própria dentro de mim.

Última Folha...




Cheguei ao fim do caderno, como poderia ter sido de outro fato ou acontecimento qualquer. Depois de muito manuseadas e pela ação da força da caneta sobre o papel, as folhas já não estão lisas e planas como era a página inicial. Os textos escritos e os fatos registrados deixaram suas marcas, assim como as experiências deixam suas marcas sobre a vida. Porém, em ambos os casos é o conteúdo que importa e tem valor se o que se fez deixou uma parte da própria vida, na vida de outro ser. Cada folha escrita retratou fatos que foram vividos, sentimentos que foram manifestados, viagens realizadas para lugares ou tempos distantes - ou apenas para dentro de mim. A avaliação, nesta folha final, é inevitável - preciso repensar o que foi realizado, se tenho a intenção de melhorá-lo. Será que o escrito valeu o tempo e a pena gasta? Valeu o tempo e os sentimentos decorrentes do que foi vivido? O que levo comigo e o que fica de mim? Se não tenho todas as respostas, são justamente as perguntas que impulsionam as minhas buscas. Outro caderno será iniciado – novinho e limpinho, como novas etapas são vivenciadas continuamente na vida. Fim e começo irão se unir, sem separações aparentes para quem irá ler. Para mim, o sucesso da próxima irá depender da qualidade das provisões que me foi possível reunir até aqui. Só assim a outra poderá acontecer em condições mais aprimoradas que a desta página final!

A Vida em "Fast Motion"



Entre o primeiro e o último instante transcorre a vida, unidos por lutas, derrotas e vitórias; tristezas e alegrias que se sucedem; a ignorância que aprende e vira conhecimento; o movimento de seres que chegam e que partem em contínua sucessão. Crescemos, vemos as esperanças nascerem, o amor nasce também e as ilusões tecem histórias com princípio, meio e fim. Construímos amizades, edificamos relações, formamos famílias. Aprendemos e ensinamos enquanto criamos a nós mesmos, filhos, netos e bisnetos – o que o tempo de vida permitir ver e soubermos aproveitar... Porque mesmo depois que também partimos, a existência continua, renovando-se em sucessivas gerações!