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domingo, 29 de julho de 2012
Sonhos, Pipas e Livros...
Com esta simples imagem alço voo, venço alturas, desbravo terras distantes! Não importa a direção que o vento sopre, contanto que a minha mão segure a linha de meus pensamentos firmemente e não permita que, de tão distante, eu me perca de mim. Faço pipas multicoloridas com palavras e na rabiola prendo meus sonhos de transcrever em livros o que conheci nas minhas viagens de grandes desbravamentos! Escrevo o passado no presente e sonho com o futuro que estou a construir. Pode ser que nem tudo se realize, pode ser que o tempo desfaça os sonhos que confeccionei com papel de seda - ou de nuvens, e soltei ao vento. Nada disso importa – enquanto eu tiver sonhos, pipas e livros terei a liberdade de recomeçar, alçar voos cada vez mais altos... e viajar...
Estações...
Será melhor que não julgues a ninguém por apenas uma estação. Todos somos bem mais do que os olhos vêm ou a mente pode tentar entender. Por isso, não congeles tuas lembranças em apenas uma delas - pode não ser a atual realidade. Alguns já cresceram, outros floresceram, deram frutos; alguns já perderam e recuperaram todas as suas folhas – até dos sonhos. A cada novo ciclo se renovam, ao tempo que extraem e conservam o sumo das experiências do ciclo anterior. Cada ser carrega dentro de si a somatória de todas elas e o melhor que lhes foi possível aprender.
Marionete Bailarina
A
pequena bailarina, vestida com collant e tutu em forma de pétalas, saltita de
um lado para o outro do minúsculo palco, sustentada por imaginários e finos
fios. Braços em arco, suas pernas sobem e descem harmoniosamente. Ora faz
piruetas, ora mantém um frágil equilíbrio na ponta dos pés, enquanto é
conduzida pelas mãos firmes e hábeis de seu criador.
Por
um instante me compadeço dela, vendo-a assim atada ao querer de quem a conduz.
Afinal, toda bailarina sonha com uma apresentação onde ensaie seus próprios passos,
com a necessária liberdade para expressar sua arte. Nesses momentos, sua alma
de artista se desprende das limitações do corpo e alça voos mais altos,
deixando-se levar apenas pela inspiração que guia seu coração.
Como
esta pequena bailarina, eu também já fui atada aos fios de todos os pensamentos
ancestrais que determinaram meus passos e não foi tarefa fácil conquistar a
liberdade para fazer o ensaio de minha própria dança. A dúvida e o medo do
desconhecido mantinham-me tão presa quanto os fios que limitam agora seus
movimentos. Antes de rompê-los, foi necessário um esforço contínuo para aprender
a sustentar-me sozinha sobre meus próprios pés.
Enquanto
essas imagens e pensamentos se desenvolvem no refúgio de minha mente, no palco
à minha frente a pequena bailarina encerra sua apresentação e se curva
graciosamente diante da plateia. Vários pares de olhinhos atentos estão presos
ao seu encantamento que, para acontecer, não pode ainda se soltar dos fios...
Teus Olhos Negros...
O que querem me dizer teus olhos negros? Querem contar-me teus temores, desamores, tuas dúvidas ou as perguntas que ninguém soube responder? Será que eles querem contar-me tua história – a real, com as injustiças que sofrestes, as tristezas que vivestes ou as grande alegrias que assaltaram seu coração de surpresa? Será que teus olhos negros pedem perdão, pedem amor, um pouco de cuidado, um tempinho de atenção, um prato de alimento – aquele que fortalece o corpo e mantém firme o coração? Teus olhos negros conversam com os meus sem palavras, sondam o fundo de minha alma, aprisionam meus pensamentos, neste instante mudo e desconhecido de uma foto distante que chega no computador.
Quando Tudo Era Brincadeira
Menina nascida no interior de Minas, lembro-me com saudade dos folguedos que faziam a festa entre a criançada e que eram, na sua grande maioria, diferentes desses que a garotada gosta de brincar nos dias atuais. Tudo era simples e as brincadeiras realmente infantis, onde a improvisação supria o que os pais de famílias numerosas não pudessem comprar. A nossa imaginação fazia o resto. Telefones sem fio eram feitos de latas de leite condensado, furadas no fundo e unidas por um longo fio de barbante. Até hoje não tenho certeza se o som era mesmo transmitido pela vibração no fio esticado ou se era nossa empolgação que nos fazia falar mais alto que o normal, deixando que nosso parceiro de brincadeira escutasse à distância. Para fazer bolhas de sabão, depois de derrete-lo na água, fazíamos um canudinho com o talo da folha de mamoeiro, que é oco por dentro. Era uma alegria ver as bolinhas multicoloridas subirem no ar até estourarem. Para brincar de “piloto”, usávamos uma parte do cabo de uma vassoura velha, que era transformado em bastão. O restante era apontado dos dois lados e, quando o bastão batia sobre uma delas, o toquinho de madeira fazia piruetas e era rebatido no ar. Jogávamos Cinco Marias com pedrinhas ou saquinhos de pano cheios de arroz ou areia, passávamos anel de mão em mão para os outros descobrirem em qual delas havíamos depositado a prenda. Quando as chuvas chegavam, a terra úmida e macia se tornava o campo perfeito para brincar de finca ou bolinhas de gude. Confesso que até hoje não sei as regras que faziam traçar os caminhos no chão, de um jeito e não de outro. Carrinhos de rolimã surgiam dos restos de um caixote de madeira, onde se colocavam rodinhas nas duas barras transversais. Obedecendo a fila, uma criança ficava sentada enquanto outra empurrava e, na corrida, as rodinhas riscavam o passeio de fora a fora. Outras vezes usávamos aros velhos de bicicletas, que eram conduzidos pela rua, equilibrados de um lado e outro por uma vareta. As apostas de corrida eram incentivadas pela gritaria da torcida. Para brincar de amarelinha ou pular maré, como se chamava no interior, riscávamos os quadrados na calçada, aos pares ou um só, finalizando com uma casa em forma de arco, que era o céu. Saltávamos com um ou com os dois pés e, a cada vitória, as “casas” eram enfeitadas, marcando nela o nome do ganhador. Jogávamos queimada com bola de meia e corríamos para não sermos atingidos pelo lado adversário. Além de defendemos nossa posição, evitávamos a bolada, que sempre doía muito! Quando um “rei” assumia o comando, fazíamos tudo que ele mandava. Também brincávamos de roda, nas noites frias e enluaradas, cantando cantigas que falavam do céu estrelado, o que faríamos se “esta rua fosse minha”, que o “cravo brigou com a rosa”, que a canoa virou, que a Teresinha de Jesus, numa queda, foi ao chão. Recitávamos “corre cotia, de noite e de dia, debaixo da cama de dona maria”, enquanto corríamos atrás do menino ou menina que havia deixado um objeto qualquer atrás de nós. Tinha pique pega, pique esconde, estátua, rouba bandeira, que antes era só na brincadeira. Empinávamos pipas de papel de seda colorido, evitando ao máximo que a nossa linha fosse cortada pelo cerol da pipa vizinha. E, enquanto tudo isto acontecia, aprendíamos a conviver, a nos defender, a dividir e compartilhar - a fazer e manter novas amizades, conservando os velhos amigos. Se existiam brigas, fazíamos as pazes em igual proporção. Ríamos, brincávamos, corríamos até cansar! Éramos crianças felizes... e sabíamos disso!
Apenas Sonhos...
Eu queria me livrar de algumas lembranças antigas, que não se encaixam mais no meu presente. Elas me acompanham pela vida como um sonho que, ainda que o saiba como tal, não consigo dele acordar. Enquanto estão presentes em minha mente, usam uma argumentação perfeita e se auto justificam tão bem, que sinto-me induzida a acreditar na sua razão de ser. Agora começo a desconfiar que apenas tentam impedir-me de enxergar as consequências que a sua simples presença em minha mente traz aos meus dias atuais. Mas, assim como acontece na vida real, depois que retorno à vigília, a aparente coerência do sonho se desfaz. Volto a não saber explicar o que eles viram e acreditaram como verdade um momento atrás...
sexta-feira, 27 de julho de 2012
De meus amigos são todos os dias
Amigos são sempre bem-vindos, qualquer que seja a estação da vida. Quanto às estações futuras, só o tempo dirá se a semente plantada foi de boa qualidade. Alguns estão sempre por perto; outros somem uns tempos e, quando reaparecem, trazem com eles uma grande alegria para o meu coração. Preenchem a lacuna da ausência anterior e ajudam a redescobrir a cumplicidade da convivência.
Amigos verdadeiros são sempre queridos, não importa a distância ou o tempo que passou. Participam das alegrias, dividem as tristezas, incentivam as vitórias. Depois do abraço, tudo volta a ser como era antes – desaparecem quaisquer lacunas entre a última e a primeira palavra do encontro atual.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
Qual Lado?
Pelo seu lado prático, existe um lema que procuro aplicar em minhas relações interpessoais. Se quero conhecer os traços do caráter dos seres que se relacionam com aqueles que me rodeiam, observo a atuação desses últimos. No caminho inverso daquele conhecido dito popular, prefiro pensar: “mostre-me como você está que saberei como é o ser com quem você anda”. Esta observação dará mais informações do que quaisquer palavras de apresentação. Ela mostrará qual é a parte que os seres mais próximos e mais íntimos – namorados, amigos, cônjuges, familiares, despertam dentro de cada um – se é a melhor ou é aquela que ninguém quer ver em alguém que ama, mesmo que este alguém seja você mesmo.
Basta observar atitudes simples: atenções, humor, estado de ânimo, prioridades estabelecidas. Se puxam você para cima, para a expressão do seu melhor ou é justamente o contrário: fica irritado, desmotivado, descontente. Nenhum ser fica imune aos contágios externos, durante todo o tempo. Em algum momento se abre uma fenda por onde os agentes, benéficos ou nocivos, podem penetrar e criar raízes, mesmo que num primeiro momento estas sejam superficiais. O contato contínuo com estes agentes irá aprofundando essas raízes, até que as atitudes praticadas repetidamente passem a fazer parte do caráter.
Por isto, cá entre nós, pense e fale sinceramente – qual lado eu desperto em você?
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