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domingo, 29 de julho de 2012

Marionete Bailarina

 


A pequena bailarina, vestida com collant e tutu em forma de pétalas, saltita de um lado para o outro do minúsculo palco, sustentada por imaginários e finos fios. Braços em arco, suas pernas sobem e descem harmoniosamente. Ora faz piruetas, ora mantém um frágil equilíbrio na ponta dos pés, enquanto é conduzida pelas mãos firmes e hábeis de seu criador.
Por um instante me compadeço dela, vendo-a assim atada ao querer de quem a conduz. Afinal, toda bailarina sonha com uma apresentação onde ensaie seus próprios passos, com a necessária liberdade para expressar sua arte. Nesses momentos, sua alma de artista se desprende das limitações do corpo e alça voos mais altos, deixando-se levar apenas pela inspiração que guia seu coração.
Como esta pequena bailarina, eu também já fui atada aos fios de todos os pensamentos ancestrais que determinaram meus passos e não foi tarefa fácil conquistar a liberdade para fazer o ensaio de minha própria dança. A dúvida e o medo do desconhecido mantinham-me tão presa quanto os fios que limitam agora seus movimentos. Antes de rompê-los, foi necessário um esforço contínuo para aprender a sustentar-me sozinha sobre meus próprios pés.
Enquanto essas imagens e pensamentos se desenvolvem no refúgio de minha mente, no palco à minha frente a pequena bailarina encerra sua apresentação e se curva graciosamente diante da plateia. Vários pares de olhinhos atentos estão presos ao seu encantamento que, para acontecer, não pode ainda se soltar dos fios...
 

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