blog

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Sob o Sol


O dia já amanheceu quente e não mostra qualquer chance de chuva por agora... Céu claro, aberto, de um azul embaçado... Mesmo dentro de casa o corpo reclama do clima ruim e desacelera. Precisa se adaptar, para não gastar energias desnecessariamente.
O canto da cigarra corta o ar, estridente. Alguns dizem que ele anuncia a chuva, mas na verdade o macho quer é atrair a fêmea para o ritual do acasalamento. Logo depois ele morre, mas a perpetuação da espécie já foi garantida. Mistérios da natureza...
No clima quente e seco do planalto central a primavera já se instalou e as flores dão um colorido à paisagem nevoenta. O grito dos quero-queros se repete várias vezes, informando aos desprevenidos que estão alertas para defender seu território. Mas, uma foto inusitada aparece na mídia. Sob a sombra de um poste, mostra uma fileira de quero-queros que tentam se abrigar do sol escaldante... Nem eles aguentam mais esse calorão!

Cruzar Fronteiras


 
 
Vivemos dentro de nossos limites, seguros que a nossa simples presença defenderá nosso território. Acostumados a transitar dentro desse espaço restrito, acreditamos que, ali, nossa vida e nossos sonhos estarão protegidos. Acomodados dentro desse oásis pessoal, acreditamos que nos manteremos sempre bem, sem que seja necessário arriscar ir além do horizonte visível aos nossos olhos. Mas, nada é permanente  na vida e muitas vezes a necessidade nos obriga a crescer, cruzar fronteiras, desbravar terras internas e externas, transmutando sentimentos, razões e o nosso próprio conceito de pátria...

Depois da Chuva...



A chuva caiu do céu torrencialmente, sobre as ruas de Diamantina! A água que se acumulou nas calhas das casas desceu em forma de grossas colunas pelos cantos dos telhados do casarões e escorreu pelas pedras da calçada, como pequenos e velozes rios, que ninguém sabe onde irão chegar. A cortina compacta de água dificultava enxergar o que estava um pouco além e a violência da chuva era quase assustadora, quando vislumbrada contra a luz difusa do poste. A situação deixou a todos os presentes no Mercado em posição de alerta, caso fosse necessário fazer frente a alguma emergência. Alguns resolveram esperar até que a violência do pé d’água repentino diminuísse. Em outros, esta visão provocou a pressa de voltar para casa, como se a familiaridade do ambiente pudesse protege-los de todo mal. Em todos os casos, o bom senso  aconselhava a não medir forças com a natureza e aguardar até que a situação se normalizasse.
Independente de nós, seres humanos, na manhã seguinte a paz voltou a reinar no céu!. A noite de tormenta cedeu lugar ao dia e o sol voltou a brilhar timidamente, iluminando a cidade recostada na serra. O ar ficou mais límpido, como se a tempestade tivesse lavado as lentes dos olhos e levado para longe o desassossego que antes afligiu a alma. Os pássaros voltaram a cantar e a brisa, refrescada pela chuva, balançava suavemente a copa das árvores.
Assim como ocorre na natureza, muitas tempestades já aconteceram em minha vida. Algumas devastaram meus sentimentos, outras desestabilizaram minhas convicções, houveram aquelas que derrubaram a proteção que havia construído cuidadosamente em torno de meus sonhos ou das pessoas que queria manter junto a mim. Em todas as situações, foi preciso manter a calma e não permitir que o temor oprimisse ainda mais o corpo, a mente e o coração. Foi necessário mantê-los protegidos de tudo que pudesse atingir sua integridade. Afinal, eu sabia que, depois de cada chuva, o sol sempre voltava a brilhar...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Simplesmente Crianças


Crianças são sempre lindas, qualquer que seja a raça, o formato dos olhos ou a cor da pele... Elas fazem meu coração se encher de ternura apenas com um olhar ou uma palavrinha que me torne, momentaneamente, o centro de seu amor! Meu sono sempre me traz sonhos com crianças – aquela que fui, aquelas que tive entre meus braços, aquelas outras que, por laços sanguíneos ou simplesmente por amor, podem me chamar de vovó. Crianças dão gargalhadas, falam coisas engraçadas, choram por um brinquedo, sorriem com um pirulito - sonham com fadas, príncipes e monstros, mas acordam no meio da noite com medo do escuro, onde não podem enxergar o que é real. Eu sempre me rendo aos encantos de uma criança! De formas diferenciadas, todas elas são belas, divertidas, amorosas e fazem meu coração ficar mais leve só de olhá-las. Isto basta para alimentar a minha felicidade!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Impermanência

 
 
 
Nem tudo que eu penso eu faço e nem tudo que faço é o que eu gostaria de fazer. Faço escolhas, depois me arrependo ou não consigo esquecer a outra que perdi. Na vida certos momentos são como curvas fechadas, outras vezes são calmos como retas; tem aqueles que parecem subidas íngremes, que, se olho para trás, parecem um despenhadeiro. A corda da vida por vezes fica bamba e, se caio, eu me agarro em mim e me levanto – depois saio por ai, como se nada tivesse acontecido. Para não ficar presa na mesmice das horas, decido mudar a rotina, para por fim à repetição desenfreada de velhas memórias. Renasço de mim, me reinvento a cada dia. Sou muitas em uma só e ao mesmo tempo sou única, mesmo sendo tantas. Quero viver a minha trajetória e descobrir o caminho que me leve a me redescobrir. Ao renascer de cada dia, volto ao início e recomeço a história. Dessa vez, para variar, eu me desejo um final feliz e mais sabedoria para encontra-lo!

É Permitido Sonhar

 
O transcorrer monótono das horas parece não se incomodar com a nossa ausência. Tão distante fisicamente e, ao mesmo tempo, tão perto do meu coração, o que me mantem ligada a você por fios invisíveis. Resistimos ao tempo e mantemos um contato aparentemente indiferente, como se não fizéssemos falta na vida um do outro. As poucas palavras trocadas soam normais e contidas, atendendo a um acordo silencioso de não ultrapassar a linha da normalidade. Só nos meus sonhos todas as barreiras caem por terra e o amor, antes prisioneiro, ganha asas para voar. Neles voltamos a ser adolescentes e o tempo deixa de nos atormentar com suas proibições. Vale a vontade, o sentimento, o momento, o sonho! No presente, o futuro é apenas uma suposição.