A chuva caiu do céu torrencialmente, sobre as ruas de Diamantina! A água que se acumulou nas calhas das casas desceu em forma de grossas colunas pelos cantos dos telhados do casarões e escorreu pelas pedras da calçada, como pequenos e velozes rios, que ninguém sabe onde irão chegar. A cortina compacta de água dificultava enxergar o que estava um pouco além e a violência da chuva era quase assustadora, quando vislumbrada contra a luz difusa do poste. A situação deixou a todos os presentes no Mercado em posição de alerta, caso fosse necessário fazer frente a alguma emergência. Alguns resolveram esperar até que a violência do pé d’água repentino diminuísse. Em outros, esta visão provocou a pressa de voltar para casa, como se a familiaridade do ambiente pudesse protege-los de todo mal. Em todos os casos, o bom senso aconselhava a não medir forças com a natureza e aguardar até que a situação se normalizasse.
Independente de nós, seres humanos, na manhã seguinte a paz voltou a reinar no céu!. A noite de tormenta cedeu lugar ao dia e o sol voltou a brilhar timidamente, iluminando a cidade recostada na serra. O ar ficou mais límpido, como se a tempestade tivesse lavado as lentes dos olhos e levado para longe o desassossego que antes afligiu a alma. Os pássaros voltaram a cantar e a brisa, refrescada pela chuva, balançava suavemente a copa das árvores.
Assim como ocorre na natureza, muitas tempestades já aconteceram em minha vida. Algumas devastaram meus sentimentos, outras desestabilizaram minhas convicções, houveram aquelas que derrubaram a proteção que havia construído cuidadosamente em torno de meus sonhos ou das pessoas que queria manter junto a mim. Em todas as situações, foi preciso manter a calma e não permitir que o temor oprimisse ainda mais o corpo, a mente e o coração. Foi necessário mantê-los protegidos de tudo que pudesse atingir sua integridade. Afinal, eu sabia que, depois de cada chuva, o sol sempre voltava a brilhar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário