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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O que será de nós?



Cada vez que um grande homem morre o mundo fica mais pobre. Certamente não estou falando em termos financeiros. O valor aqui tem um sentido mais transcendente. Fica mais pobre de amor, de bondade, de compaixão. Fica mais pobre de esperanças e torna mais distante o ideal de um mundo compartilhado sem segregações de qualquer tipo: sem partidos, sem doutrinas, sem moedas, sem fronteiras, onde as raças signifiquem apenas os diferentes tons que deixam o mundo mais bonito e colorido... Um mundo em que os seres convivam em harmonia e pratiquem continuamente o amor ao próximo. Será este ideal uma utopia, um sonho de liberdade cada vez mais distante e impossível de alcançar?
Acompanhamos, no momento presente, atitudes bem próximas de nós de imensa ganância, de egoísmo, de indiferença, corrompidas pelo propósito de enganar para tirar proveito pessoal ou de tirar o que pertence ao outro, sem nada oferecer em troca. Onde vale tudo para ter mais do que para ser. Essas atitudes causam vergonha em quem ainda a tem na cara, acrescentada de uma sensação de impotência e de abandono. A pergunta é imediata: o que será de nós?
Mas, nem tudo está irremediavelmente perdido! De tempos em tempos surgem aqueles que dedicam e empenham sua vida na luta para cada ser humano ter direito à sua justa parte e seu devido lugar no mundo, que nenhum ser vivente tenha o poder de tirar. Certamente não são perfeitos, mas na simplicidade e humildade com que trabalham, espalham à sua volta a semente de uma sociedade mais justa, onde todos tenham direitos e deveres iguais a cumprir.  

domingo, 1 de dezembro de 2013

Segredos...



Ela sempre guardara para si seus sonhos e alguns pequenos segredos, que não contava para ninguém. Pelo menos, não integralmente. No máximo deixava escapar um pedacinho aqui, outro acolá, de preferência para pessoas diferentes, para que ficasse difícil reuni-los ou identificá-los por inteiro. Confiava que dessa maneira poderia mantê-los resguardados e protegidos de pensamentos e observações alheias, até que conquistassem a chance de se materializar ou se revelarem por si sós.
Como boa estrategista, de tempos em tempos ela os enfileirava na mente, para revisá-los. Outras vezes, como uma mãe cuidadosa, dedicava-se a alimentá-los, medi-los, pesá-los. Um ritual que demandava tempo e muita calma, para não acontecer qualquer avaliação precipitada. Acontecia ocasionalmente de um ou outro sonho se materializar, ficando grande demais para continuar em segredo. Era então transferido para outro compartimento mental, periodicamente revisitado, para estimular a realização dos demais. Era tudo assim, certinho e subdividido. Cada assunto no seu lugar e cada lugar com aquilo que lhe era afim, de preferência bem protegidos e isolados de tudo e todos que pudessem prejudicá-los. 
Mas, aquela troca de olhares foi tão inesperada que pegou todos os seus cuidados e reservas desprevenidos. Cansada de esperar o futuro, resolveu desfrutar a alegria daquele presente e se deixou levar pela leveza do instante. Afinal, aquela era uma brincadeira inocente que poderia ser lembrada em algum momento de nostalgia. Só não sabe ao certo quando tudo começou a mudar dentro de si. Quando foi exatamente que começou a deixar cair seus medos, esquecer suas reservas e chamar para fora a mulher que mantivera escondida dentro de si. Simplesmente misturou e soltou seus sonhos, esqueceu seus segredos, retirou pesos e medidas, reduziu cobranças desnecessárias. Hoje se alimenta especialmente de suas alegrias e do prazer de viver o que a faz tão feliz!