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domingo, 1 de dezembro de 2013

Segredos...



Ela sempre guardara para si seus sonhos e alguns pequenos segredos, que não contava para ninguém. Pelo menos, não integralmente. No máximo deixava escapar um pedacinho aqui, outro acolá, de preferência para pessoas diferentes, para que ficasse difícil reuni-los ou identificá-los por inteiro. Confiava que dessa maneira poderia mantê-los resguardados e protegidos de pensamentos e observações alheias, até que conquistassem a chance de se materializar ou se revelarem por si sós.
Como boa estrategista, de tempos em tempos ela os enfileirava na mente, para revisá-los. Outras vezes, como uma mãe cuidadosa, dedicava-se a alimentá-los, medi-los, pesá-los. Um ritual que demandava tempo e muita calma, para não acontecer qualquer avaliação precipitada. Acontecia ocasionalmente de um ou outro sonho se materializar, ficando grande demais para continuar em segredo. Era então transferido para outro compartimento mental, periodicamente revisitado, para estimular a realização dos demais. Era tudo assim, certinho e subdividido. Cada assunto no seu lugar e cada lugar com aquilo que lhe era afim, de preferência bem protegidos e isolados de tudo e todos que pudessem prejudicá-los. 
Mas, aquela troca de olhares foi tão inesperada que pegou todos os seus cuidados e reservas desprevenidos. Cansada de esperar o futuro, resolveu desfrutar a alegria daquele presente e se deixou levar pela leveza do instante. Afinal, aquela era uma brincadeira inocente que poderia ser lembrada em algum momento de nostalgia. Só não sabe ao certo quando tudo começou a mudar dentro de si. Quando foi exatamente que começou a deixar cair seus medos, esquecer suas reservas e chamar para fora a mulher que mantivera escondida dentro de si. Simplesmente misturou e soltou seus sonhos, esqueceu seus segredos, retirou pesos e medidas, reduziu cobranças desnecessárias. Hoje se alimenta especialmente de suas alegrias e do prazer de viver o que a faz tão feliz!

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