Naquele momento de descontração, o nome veio naturalmente, lá do fundo do inconsciente, e verbalizou-se com naturalidade... Tanta, que lhe passaria despercebido se ela não tivesse se desvencilhado dele, com a interrogação e a surpresa estampadas no olhar, a espera de uma explicação. Levou ainda alguns segundos para dar-se conta que havia feito ou dito algo errado! Revisou em vão suas últimas palavras.
Olhou para ela e perguntou:
- O que foi que aconteceu? Porque está me olhando desse jeito?
O olhar dela ficou sombrio e começou a soltar pequenas chispas de indignação!
Ele começou a ficar preocupado! Meu Deus, o que teria deixado escapar? Forçou um meio sorriso, tentando desviar a atenção dela.
Então ela soltou a bomba!
- Quem é Elisa?
Ele perdeu a cor, mas recompôs-se rapidamente e respondeu de forma indiferente:
- Elisa? Conheço tantas elisas... Tem até uma moça que trabalha lá no escritório com este nome. Como esbarrei com ela hoje, devo ter ficado com seu nome na cabeça.
Intimamente, torceu para que a conversa terminasse por ali. Infelizmente, esta não era a intenção dela.
- Não... acho que eu já ouvi esse nome antes.
Depois de alguns segundos, continuou:
- Estou lembrando que sua mãe ou seu irmão contaram sobre uma antiga namorada, pela qual você foi muito apaixonado. O nome dela era Elisa!
Deixando os bons modos de lado, sua voz começou a se alterar – passou pelo ciúme, depois o despeito e chegou na raiva.
- O que significa isto? Por que falou o nome dela agora? Está lembrando dela porque?
Chateado com tantas perguntas, ele apelou:
- Ah, pelo amor de Deus!!! Não tenho tempo para essas bobagens! O que está passando por sua cabeça? Tudo isto por causa de um nome?! Está sem o que fazer, só pode!
Depois disso saiu da sala pisando firme, mostrando uma segurança muito maior do que sentia no momento.
Quando saiu de linha de visão dela, soltou um suspiro de alívio, pedindo a Deus que ela não fosse atrás dele!
- Essa foi por pouco, pensou!
Chateado consigo mesmo, pensou que precisava ter muito cuidado com as lembranças guardadas. Elas vêm à tona nos momentos mais inapropriados. Uma pequena semelhança nas situações pode favorecer erros impensáveis, que podem encerrar um significado mais profundo se analisados. O ato falho pode ser um sintoma – a constituição de compromisso entre o intuito consciente da pessoa e o reprimido.
Esta noite ele dormiu no sofá da sala...
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