Eu
vejo lindas fotografias, de milhares de lugares maravilhosos que existem pelo
planeta, que eu gostaria de visitar enquanto ainda estou por aqui. Por vezes eu
me pergunto, inconformada, por que Deus me colocou em um mundo tão belo, se não
posso vê-lo e conhece-lo por inteiro? Presa entre os ponteiros do tempo e as
paredes dessa matéria densa, não posso alçar voo e conhecer tudo o que está
além deste planalto, dessas montanhas próximas e distantes, de outros lagos e outros mares...
Quantas paisagens deslumbrantes existem, quantas cidades diferentes e edifícios
translúcidos como cristal. Quantas civilizações exóticas, de costumes estranhos
ou apenas diferentes dos meus. Melhor seria se o mundo não tivesse limites de
terras que separam povos, línguas diferentes que dificultam seres humanos de se
entenderem e que distanciam mentes e corações. Ah,
como eu gostaria de poder fazer uso de outras velocidades, de outras medidas de
tempo. Desbravar novas dimensões, ver todas as coisas belas que existem até
meus olhos se fartarem e transbordarem de alegria! Deixar minha mente se saciar
de saberes que não teria, ao ficar em um só lugar! Deixar meu coração abraçar
todos os povos - desta e de outras dimensões. Um dia, inadvertidamente, lancei
raízes nesta terra e fiquei presa a ela, quando tantas outras terras eu teria
para conhecer, amar e chamar de minhas...
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terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Muxarabiê
Da calçada, os casarões enfileirados parecem soldados
a postos! Como guardiães de tradições centenárias, eles ocultam, na penumbra criada
pelo muxarabiê da janela, os olhares de quem do outro lado tudo vê, mas não precisa
se mostrar. Pelas ruas estreitas e solitárias, muitos já passaram, tentando
adivinhar o que se escondia do lado de lá da janela. Talvez segredos bem
guardados, alguns preconceitos, o falso poder de contar o que ninguém viu e
acrescentar o que não viu. Talvez ocultem sonhos por se realizar, o suspiro de um
amor platônico que não vingou, a tristeza sem fim de quem pensa que tentou, mas
nunca conseguiu ser feliz.
Com o passar dos anos, a revolução
industrial e tecnológica vieram acrescentar às anteriores, novas formas de se
ocultar aos olhos dos demais, mantendo a mesma posição privilegiada de ver, sem
se mostrar. Hoje temos as películas escuras
dos carros, óculos que ocultam os olhos, internautas que vasculham secretamente
a vida alheia. Apenas uma se mantém, desde que o homem começou a fazer uso da
linguagem - as palavras que não revelam as reais intenções de quem as profere.
Fragilidades Humanas
Temos, quase todos, a mania incorrigível de
buscar uma explicação para tudo que nos acontece, tanto de bom, quanto de ruim.
Pior do que esta é a de tirar conclusões com as pouquíssimas informações que
conseguimos extrair de nossas observações dos fatos. Por isso mesmo, algumas saem sem pé, outras
sem cabeça, ou ainda, sem pernas, sem braços...
Segundo a "Teoria da informação, (simplificação para dígito binário, "BInary digiT" em
inglês) Bit é a
menor unidade de informação que pode ser armazenada ou transmitida". Pesquisas revelam que
a todo o momento existem mais de 11 milhões de “bits” de informações à nossa
volta, enquanto só percebemos 15 “bits”. Paradoxalmente, são justamente em cima
desses parcos “bits” que tentamos explicar os fatos, tirar conclusões e julgar
pessoas. Passamos bem longe da verdade e, mesmo assim, nos sentimos donos dela
muitas vezes! Acreditando nesta inverdade, alguns se arvoram em consertar o
mundo, mudar o rumo dos acontecimentos, quem sabe tentando usurpar o lugar
ocupado por Deus. Em decorrência disso, mal entendidos acontecem a todo o momento,
dentro de nós e a nossa volta, sem que nos detenhamos neles, para buscar seus reais
motivos. Acreditamos que temos o controle de todas as situações! Complementamos
o vazio do saber real com a imaginação, a suposição, as explicações que só nós
vemos as causas ou com as recordações de situações similares. Por isso, de cada
vez que quisermos chegar a uma conclusão ou fazer um julgamento, vamos parar e
pensar 10 vezes antes. Reavaliar e perguntar-nos se estamos capacitados para
fazê-lo com isenção, sem fazermos uso apenas de nossas pequenas fragilidades
humanas.
Castelos de Areia
Deparei-me, um dia desses, com a foto do Castelo de Neuschwanstein, na Baviera, Alemanha. Sua concepção foi esboçada por Ludwig II, grande admirador das artes. Este castelo serviu de inspiração para Walt Disney, quando concebeu o castelo para o filme de Cinderela e também para o que foi construído no seu parque temático. Ele é realmente lindo e faz pensar, por um breve segundo que, afinal, os contos de fadas têm um pezinho na realidade... Mas, sabemos que realmente não é assim. No mundo do lado de cá as situações não apresentam tanto colorido e perfeição. Contudo, as estórias foram tão bem inculcadas na nossa infância, que de vez em quando temos a ilusão de estar prestes a viver uma passagem digna de ser inserida e relatada junto com as outras, do lado de lá.
Ou
pode ser que, de forma não consciente ou proposital, desejamos ser heróis e
heroínas de alguma façanha fantástica! Uma prova disso é que todas as situações
que ultrapassam o limite da normalidade chamam a nossa atenção. Por isso os
personagens épicos, valentes e valorosos fazem tanto sucesso entre nós, meros
seres comuns. Mesmo temporariamente, seus relatos nos permitem escapar da
normalidade de nossa vida, para vivermos uma aventura incomum.
Nesta
categoria podemos inserir também aqueles que assumem o perfil desses
personagens, o que os torna igualmente atraentes. Especialmente, porque fazem o
impossível para ter os holofotes de nossa atenção sobre si. Atraem-nos e nos
encantam com suas palavras, enquanto descrevem suas façanhas e infortúnios. Nós
nos deixamos levar por suas estórias, quase sem perceber.
Poderíamos
dizer que, na sequência, temos representado no primeiro exemplo um castelo
real, de concreto. No segundo, castelos do mundo da fantasia e, por último,
meros castelos de areia...
Conto do Vigário
A história relatada teve direito a
peripécias, perigos e situações inusitadas para os dias atuais. No início, fiquei
penalizada! Acolhi a angústia, compartilhei projetos e ações para minimizar as
perdas. Mas, chegado um ponto crucial, minha mente disparou uma campainha de
alerta! Afinal, era muito azar para acontecer de uma vez só na vida de uma
pessoa!
Daí para frente, literalmente
travei, perdi a naturalidade e esqueci a bondade! Até cheguei a considerar a
possibilidade de que antigas memórias estivessem a me pregar uma nova peça.
Poderia estar vendo uma tramoia, onde as circunstâncias é que faziam os fatos
parecerem absurdos. Mas, como saber se era uma e não outra a versão? Depois do
resultado consumado, tudo se torna lógico. Antes disso, temos apenas a dúvida.
O melhor a fazer diante dela, se não puder averiguar os fatos por fontes
seguras, é colocar os dois pés no chão. Consequências indesejáveis podem fazer
cair das nuvens, só de um empurrão.
No resumo da história, concluo
que, se o que parecia mentira fosse mesmo verdade, eu perdi o bonde dos fatos. Se,
pelo contrário, tudo foi mesmo uma mentira, minha mente não caiu no conto do
vigário – só não salvou meu coração!
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
A Nossa Brasília, de Niemeyer.
Teus traços nos rodeiam e tuas curvas
encantam todos os olhares que chegam ao planalto! Nesta cidade patrimônio, o
humano e o divino se unem no infinito deste céu azul anil, para concretizar tuas
ideias arrojadas - sonhadas primeiro e depois materializadas de forma lúdica na
vigília, desafiando a lógica dos números.
Com vidro e concreto, recriaste a poesia das
formas, a suavidade das curvas, as retas deste horizonte aberto, abraçadas por
todos os lados pela natureza rústica do cerrado, numa reverência mútua de
admiração.
Alcançaste a imortalidade ainda em vida...
Eternizaste tua genialidade para além da vida, dando vida e expressão própria
às tuas criações!
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