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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Rotas no Céu



 
Bem alto, destacadas contra o azul, vejo rotas brancas que riscam o céu em várias direções. Apesar da explicação física de que são condensações provocadas pelo forte calor das turbinas dos aviões que, ao entrar em contato com o ar gelado provoca essa forma de fumaça, prefiro vê-las como caminhos poéticos, que levam e trazem pessoas de lugares distantes, cada uma delas com seus dramas e suas alegrias pessoais. Algumas viajam ao encontro da felicidade, outras, para longe da tristeza, outras ainda apenas fugindo de um presente que precisa ser esquecido, antes que possam reescrever outro melhor. Pessoas diferentes, com sentimentos diferentes, seguindo momentaneamente uma rota comum, que mais parece um fio de lã esticado no céu, onde em cada ponta existe uma realidade – a esperada e a inesperada; a desejada e a indesejada.
Houve um tempo que ao visualizar essas rotas no céu, desejava estar a bordo de um desses boings e que ele pudesse me levar para bem longe de mim. Sonhava com lugares distantes, com oportunidades diferentes, onde eu pudesse recomeçar a viver. Deixaria para trás minhas tristezas, reconquistaria os sonhos que foram deixados ao acaso da vida e que ela simplesmente ignorou.
Hoje, já aprendi que ninguém foge de si mesmo e que as dores e as alegrias são apenas as lições da vida que eu preciso aprender. Que a felicidade sempre está onde eu estou feliz! Contudo, guardo em mim a visão poética dessas rotas, que me lembram que a dor é passageira e que tudo pode mudar - para muito melhor, a qualquer instante...

Deixar ir...



 
 
Há uma lição recente, que estou me esforçando para que se fixe em minha mente... A importância, frente a um novo começo, de antes cortar laços com o saldo negativo das experiências anteriores da vida. Só assim é possível recomeçar de alma lavada, livre de corpo e mente, sem travas, sem ranços. Isto não significa que devo esquecer o aprendido para ser feliz hoje – o desafio é não usar os mesmos parâmetros. A tendência inicial é carregar para a nova fase o fardo das decepções passadas, os ressentimentos, o medo de que tudo se repita exatamente igual. Isto coloca um freio no amor, afasta a alegria e a espontaneidade. Qualquer pequeno indício do velho se transforma numa certeza. Qualquer atitude no presente é avaliada pelas experiências anteriores. Como alguém consegue ser feliz assim?
Diante dessa tomada de consciência, decidi deixar ir pelos ares os receios construídos sobre fatos que não contribuíram para a minha felicidade. Decidi mudar o foco, mudar de jeito, trocar de esperança, trazer para a vida o risco de certezas diferentes. Evitar, a todo custo, que as dúvidas e desconfianças impeçam de experimentar o novo. Basta abrir a janela da vida e deixar o sol entrar. Deixar a brisa levar tudo que lembre o que vivi sem escolher. Agora escolho o que desejo viver, o que desejo permitir que fique e frutifique na minha vida. Hoje escolho viver - sem reviver... 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Meu Pai - Meu Herói Favorito


 
 
O tempo completou mais um ciclo e de novo eu me vejo diante da mesma data. A mesma saudade já conhecida volta a se espalhar pelos vãos do meu coração, confirmando que as ausências se fazem presentes através dos sentimentos. Recordar sua presença calma, amiga e silenciosa, capaz de sustentar a fortaleza de minha mãe e de seus filhos, desperta em mim uma imensa gratidão. Ela era mais falante, enquanto você se mantinha cuidadoso com as palavras. Cada um contribuía, à sua maneira, para a realização do objetivo comum de criar os oito filhos, de forma a fazer deles pessoas de bem.
Mesmo que hoje a verdade seja clara para mim, na minha ignorância de menina adolescente, muitas vezes interpretei seu silêncio de palavras como distanciamento afetivo. Minha mãe representava a ponte que me ligava a você - para as permissões e as proibições de meus pequenos desejos. Ela era a sua voz, mesclada com as cobranças e os carinhos de mãe.
Mas, num certo ponto da vida, que não sei determinar exatamente quando, sua figura começou a ganhar espaço e se tornar mais nítida no meu coração, à medida que o tempo passava e as experiências da vida me colocavam frente a frente com seu carinho e sua proteção. Esta foi, muito provavelmente, uma descoberta mútua, porque também deixei de ser apenas a filha mais nova, sempre agarrada à barra da saia de minha mãe, para me tornar parte integrante e atuante também na sua vida.
Você me surpreendia a cada nova experiência, mostrando-me um lado da vida que eu desconhecia até então. Com o tempo aprendi que você tinha uma maneira diferente de dizer “eu estou aqui”, ou, “pode contar comigo e com o meu amor”, ou ainda, “eu cuido de você, sempre que for necessário”. Com sua voz calma e pausada, ou mesmo sem palavras expressadas, manifestava sua bondade através de pequenas atenções e oferecia seu amor sem reservas ou cobranças embutidas. Seus conselhos eram objetivos e certeiros, para cada novo desafio imposto a nós pelas circunstâncias. Foi convivendo com você  que eu aos poucos compreendi que para uma mulher ser forte ela deve contar, além de seus próprios méritos, com um homem especial que a ajude, a ampare e a permita ser assim...