Tenho saudades de outros tempos, de outras
paragens, de velhos amigos, de tantos pedacinhos de minha vida, que ficaram
para trás... Uma saudade despretensiosa, que surge inesperadamente e que não
tem por objetivo trazer de volta quem ou o que já passou. Ela existe por si
mesma, sem gosto definido, vazia de arrependimentos ou desejos escondidos. Como
se apenas quisesse unir, por um instante, dois tempos, dois lugares, duas
pessoas que estão distantes no presente ou apenas a que sou hoje e a que fui
anos atrás.
Nesses momentos, muitas vezes eu
me pergunto por que a vida muda ou distancia o que antes já foi tão unido.
Demorei a aceitar que as separações não se devem apenas aos fatos da vida. Na
verdade elas são o resultado de mútuas e repetidas incompreensões, de
indiferenças acumuladas, do esquecimento que faz apagar o bem recebido, da
intolerância com as pequenas diferenças, da impaciência com as pequenas limitações
de cada um. Ou, resumidamente, elas são as consequências tardias da pressa de
viver, da novidade atraente que se insinua e ocupa o lugar do que antes era tão
bom!
Com a alma restaurada, descubro que a minha
saudade é uma revelação!
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