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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Nascer Outra Vez





A experiência já havia comprovado que pior que formar um conceito equivocado é não revê-lo. Diante dos olhos atentos, a transformação tão esperada já estava acontecendo! Um pensamento intrometido ainda tentou argumentar que isto poderia ser apenas uma reação de momento e que depois tudo voltaria à mesmice das velhas atitudes. Contudo, havia no ar um sopro de esperança nova, de que novos tempos estavam a começar.
Até então, ela se recusara a crescer. Mantivera-se fortemente agarrada às suas ideias, evitando e adiando uma tomada de posição diante da vida. Por próprio querer, seu tempo de menina adolescente estendera-se além do previsto, para adiar o instante de se assumir. Se outros quiseram interferir para acelerar ou simplesmente estimular o processo de amadurecimento, não conseguiram passar de meras tentativas de fora para dentro! A transformação verdadeira precisava ser gestada dentro dela mesma.
O primeiro sintoma das mudanças que se aproximavam foi o sentido de responsabilidade; elas passaram a ser assumidas e cumpridas. Depois veio a defesa de seus limites, apoiada pela firmeza e agilidade mental diante dos acontecimentos da vida. Tudo indicava que o ciclo da metamorfose começara a se fechar, que a dor de crescer já não incomodava tanto, amenizada pelas conquistas que se anunciavam.
O empurrão final veio de um fato inesperado. O sofrimento, como sempre, foi mestre valioso. De surpresa, mostrou em seus braços o que ela nunca vira até então. Na dor de perder o outro, sentiu a própria dor de se perder de suas origens. No final das contas, foi essa mesma dor que a resgatou; que revelou e exigiu de si mesma a sua verdade! Diante do inevitável ela nasceu, definitivamente, outra vez!

Para a borboleta mais jovem do meu jardim...

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