A experiência já
havia comprovado que pior que formar um conceito equivocado é não revê-lo. Diante
dos olhos atentos, a transformação tão esperada já estava acontecendo! Um
pensamento intrometido ainda tentou argumentar que isto poderia ser apenas uma reação
de momento e que depois tudo voltaria à mesmice das velhas atitudes. Contudo,
havia no ar um sopro de esperança nova, de que novos tempos estavam a começar.
Até então, ela se recusara a crescer. Mantivera-se
fortemente agarrada às suas ideias, evitando e adiando uma tomada de posição diante
da vida. Por próprio querer, seu tempo de menina adolescente estendera-se além
do previsto, para adiar o instante de se assumir. Se outros quiseram interferir
para acelerar ou simplesmente estimular o processo de amadurecimento, não
conseguiram passar de meras tentativas de fora para dentro! A transformação verdadeira
precisava ser gestada dentro dela mesma.
O primeiro sintoma das mudanças que se aproximavam
foi o sentido de responsabilidade; elas passaram a ser assumidas e cumpridas.
Depois veio a defesa de seus limites, apoiada pela firmeza e agilidade mental diante
dos acontecimentos da vida. Tudo indicava que o ciclo da metamorfose começara a
se fechar, que a dor de crescer já não incomodava tanto, amenizada pelas
conquistas que se anunciavam.
O empurrão final veio de um fato inesperado. O
sofrimento, como sempre, foi mestre valioso. De surpresa, mostrou em seus
braços o que ela nunca vira até então. Na dor de perder o outro, sentiu a
própria dor de se perder de suas origens. No final das contas, foi essa mesma dor
que a resgatou; que revelou e exigiu de si mesma a sua verdade! Diante do
inevitável ela nasceu, definitivamente, outra vez!
Para a borboleta mais jovem do meu jardim...
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