Mãe, ontem seria comemorado mais um aniversário
seu, mas foi apenas outra data que passei sem você! Caminho no tempo e colho as tristezas e alegrias compartilhadas ao longo de
nossa vida em comum e, inevitavelmente, sua saudade volta a doer. Só a certeza
de seu amor, que permeia todos os instantes, preenche o vazio de sua ausência.
Tudo se mantém quase igual ao que era antes.
Já se vão quase 27 anos desde que você
partiu, mas seu exemplo continua presente na vida de seus filhos, netos e
amigos que tiveram o privilégio de sua convivência. Com pequenas atitudes você conseguia
realizar grandes resultados. Suas decisões eram sempre firmes, para proteger ou
vencer aos desafios de educar seus oito filhos, desdobrando-se em seus
diferentes papeis: mãe, esposa e companheira; de filha e irmã. Sobretudo, de
uma grande amiga de todos nós.
Entre tantas manifestações de seu amor, lembrei-me
hoje de um caderno que você escreveu para mim, quando a vida e o casamento
levaram-me para as terras distantes do planalto. Registrou carinhosamente em
suas páginas pequenas dicas para o meu dia a dia de dona de casa inexperiente:
o que fazer ou não fazer, a melhor maneira de fazer, de cuidar, de organizar. Receitas
simples e fáceis para surpreender agradavelmente o amor que me levou para longe
de você. Até cheguei a pensar, do alto de minha (in)suficiência juvenil, que
tudo aquilo era um pouco de exagero de sua parte:
"–
Duvidaria de minha capacidade?" cheguei a perguntar.
Só depois compreendi que apenas procurava preencher
a distância física que eu estaria de seus cuidados, de seus conselhos e de seu amor
de mãe. Hoje este caderno já passou para uma de minhas filhas para, quem sabe,
um dia fazer por ela o mesmo bem que fez para mim.
Ainda que muito carinhosa, sei que não fui
uma filha perfeita. Não segui todos os seus conselhos, nem recebi seus cuidados
sem reclamar. Depois a vida se encarregou de mostrar e ensinar que você teve
razão em todas as suas advertências, pois na juventude não sabemos identificar todos
os perigos da vida, disfarçados de oportunidades. Apenas afirmo que em nenhum
momento duvidei de seu amor, até mesmo quando ainda não estava preparada para
valorizá-lo.
Se hoje eu devo ao meu próprio esforço a
vitória sobre as lutas diárias, sei também que devo ao seu amor, seus cuidados e
seus ensinamentos a força de permanecer na trilha certa, sem desfalecer.
"In memoriam" deste ser especial que tive o privilégio de chamar de "mãe"!
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