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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Velhos Heróis




Ultimamente, tenho procurado evitar os noticiários televisivos. Eles pouco ou nada esclarecem sobre o que realmente acontece nos bastidores da política nacional, enquanto disseminam o medo e a revolta diante de causas e consequências que não temos o poder de mudar. Isto fere profundamente minha inteligência e vai contra meus direitos de cidadã. Por outro lado, tenho o direito de avaliar os fatos observáveis e refletir sobre o atual panorama político/social de nosso país. De longe sabemos o real objetivo para tantas ajudas, tanto apoio para manter a carência dos menos favorecidos. Esta pseudo bondade, na realidade camufla a vontade de enfraquecer as convicções de alguns sobre a própria capacidade para fazer frente aos desafios da vida. Alimenta a dependência para garantir sua fidelidade, presos na teia de seus interesses escusos.
Existem pessoas que ainda acreditam que os programas sociais abrem oportunidades aos menos favorecidos. Que sem eles não teriam como fazer frente às despesas básicas da educação, para conquistar sua futura liberdade. Apenas desconsideram a propensão humana ao comodismo, frente às contínuas facilidades. Ou fazem vista grossa para os desvios oportunistas dessa mesma verba, para atender outros interesses e despesas não essenciais. Hoje o trabalho, que sempre dignificou o homem, tornou-se desnecessário para os mesmos que recebem migalhas do governo. 
Através da tela da reflexão, repassei as mudanças sócio-econômicas que ocorreram nos últimos cinquenta anos no país. Recordei famílias numerosas que venciam suas dificuldades sem as atuais “bolsas e afins”, apesar do orçamento familiar apertado. Nossos velhos heróis valiam-se da criatividade e encaravam sacrifícios inevitáveis para fazer frente a elas. Sempre encontravam uma saída para contorná-las sem transformar a própria dignidade em moeda de barganha. As soluções, apesar de não serem as mais fáceis, eram sempre inteligentes. Não havia desperdício, nem vaidades supérfluas. Os pais ensinavam os filhos a valorizar o que podiam oferecer, mas, especialmente, ensinavam como resolver as dificuldades e assumir as próprias responsabilidades, sem a necessidade de repassar a conta para quem não a criou. Ensinavam que nada se conquista sem esforço na vida, que os desafios são etapas a serem vencidas e não obstáculos que se antepõem ao sucesso. A única bolsa realmente cobiçada era o prêmio pelo estudo dedicado, sem cotas ou distinções que não fossem as conquistadas pelo mérito pessoal.
Concluo que a mais digna ajuda que um país pode dar aos seus cidadãos é a garantia de estudo de qualidade e gratuito para todos; o direito de ter a saúde cuidada, a cidade limpa, meios de transporte adequados e seguros, estradas que não ofereçam riscos à vida, oportunidades de trabalho para todos arcarem com o próprio sustento. Parece mais fácil deixar como está. Só o tempo irá revelar as conseqüências dolorosas que resultarão dessas migalhas.

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