Ultimamente, tenho procurado evitar os noticiários televisivos. Eles pouco ou nada esclarecem sobre o que realmente acontece nos bastidores da política nacional, enquanto disseminam o medo e a revolta diante de causas e consequências que não temos o poder de mudar. Isto fere profundamente minha inteligência e vai contra meus direitos de cidadã. Por outro lado, tenho o direito de avaliar os fatos observáveis e refletir sobre o atual panorama político/social de nosso país. De longe sabemos o real objetivo para tantas ajudas, tanto apoio para manter a carência dos menos favorecidos. Esta pseudo bondade, na realidade camufla a vontade de enfraquecer as convicções de alguns sobre a própria capacidade para fazer frente aos desafios da vida. Alimenta a dependência para garantir sua fidelidade, presos na teia de seus interesses escusos.
Existem pessoas que ainda acreditam que os
programas sociais abrem oportunidades aos menos favorecidos. Que sem eles não
teriam como fazer frente às despesas básicas da educação, para conquistar sua
futura liberdade. Apenas desconsideram a propensão humana ao comodismo, frente
às contínuas facilidades. Ou fazem vista grossa para os desvios oportunistas dessa
mesma verba, para atender outros interesses e despesas não essenciais. Hoje o
trabalho, que sempre dignificou o homem, tornou-se desnecessário para os mesmos
que recebem migalhas do governo.
Através da tela da reflexão, repassei as mudanças
sócio-econômicas que ocorreram nos últimos cinquenta anos no país. Recordei famílias
numerosas que venciam suas dificuldades sem as atuais “bolsas e afins”, apesar do
orçamento familiar apertado. Nossos velhos heróis valiam-se da criatividade e encaravam
sacrifícios inevitáveis para fazer frente a elas. Sempre encontravam uma saída
para contorná-las sem transformar a própria dignidade em moeda de barganha. As soluções,
apesar de não serem as mais fáceis, eram sempre inteligentes. Não havia
desperdício, nem vaidades supérfluas. Os pais ensinavam os filhos a valorizar o
que podiam oferecer, mas, especialmente, ensinavam como resolver as dificuldades
e assumir as próprias responsabilidades, sem a necessidade de repassar a conta
para quem não a criou. Ensinavam que nada se conquista sem esforço na vida, que
os desafios são etapas a serem vencidas e não obstáculos que se antepõem ao
sucesso. A única bolsa realmente cobiçada era o prêmio pelo estudo dedicado,
sem cotas ou distinções que não fossem as conquistadas pelo mérito pessoal.
Concluo que a mais digna ajuda que um país
pode dar aos seus cidadãos é a garantia de estudo de qualidade e gratuito para
todos; o direito de ter a saúde cuidada, a cidade limpa, meios de transporte
adequados e seguros, estradas que não ofereçam riscos à vida, oportunidades de
trabalho para todos arcarem com o próprio sustento. Parece mais fácil deixar
como está. Só o tempo irá revelar as conseqüências dolorosas que resultarão dessas
migalhas.
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