Era uma vez um jardineiro que cultivava em
seu jardim flores exóticas, perfumadas e lindas. Cuidava do jardim incansavelmente,
para que ficasse cada dia mais bonito. Revolvia e adubava a terra, tirava as
ervas daninhas que apareciam, fincava estacas para amparar e direcionar os
caules mais frágeis. O resultado de seu trabalho era extraordinário! As flores
cresciam em profusão, cada uma mais bonita que a outra e o perfume que exalavam
impregnava o ar deliciosamente. Ele só tinha
um receio - que mãos desconhecidas violassem seu colorido tesouro. Para se
manter lindo seu jardim deveria permanecer intocável.
Depois de muitas e cansativas recomendações as
pessoas perderam o interesse - passavam pelo jardim, indiferentes e distraídas,
como se ele não existisse mais. Contudo, isto não parecia incomodá-lo, tão
ocupado estava em manter sua beleza!
Certo dia, uma menininha que brincava na rua
parou diante do portão da casa. Ao olhar por entre as grades avistou os
canteiros floridos. Ficou maravilhada! Quando
viu o jardineiro, perguntou se ele poderia lhe dar uma daquelas lindas
flores.
Imediatamente, ele respondeu:
- Não, de jeito nenhum!
Sem dar-se por vencida, a garotinha explicou que
era aniversário de sua mãe. Queria apenas lhe dar uma flor de presente, já que
não tinha dinheiro para comprar algo tão lindo assim para ela.
Mesmo verdadeiros, seus argumentos não conseguiram
tocar o coração do jardineiro. Ainda sem entender porque ele não podia lhe
dar uma flor - já que tinha tantas, voltou a brincar e logo estava sorrindo
outra vez.
Muitas vezes eu me sinto como este jardineiro,
apegada
a coisas pequenas e sem importância, sem finalizar o aprendizado necessário. Nestes momentos salva-me a reflexão
de que tudo que sou, tenho e faço tem um valor ainda maior quando compartilho
com os seres que eu amo. Meu jardim é meu coração e minha casa! A solidão, na maioria das vezes, é uma criação pessoal, quase sempre decorrente de minhas escolhas e atitudes.