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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Um Conto Sem Ponto



Era uma vez um jardineiro que cultivava em seu jardim flores exóticas, perfumadas e lindas. Cuidava do jardim incansavelmente, para que ficasse cada dia mais bonito. Revolvia e adubava a terra, tirava as ervas daninhas que apareciam, fincava estacas para amparar e direcionar os caules mais frágeis. O resultado de seu trabalho era extraordinário! As flores cresciam em profusão, cada uma mais bonita que a outra e o perfume que exalavam impregnava o ar deliciosamente. Ele só tinha  um receio - que mãos desconhecidas violassem seu colorido tesouro. Para se manter lindo seu jardim deveria permanecer intocável.
Depois de muitas e cansativas recomendações as pessoas perderam o interesse - passavam pelo jardim, indiferentes e distraídas, como se ele não existisse mais. Contudo, isto não parecia incomodá-lo, tão ocupado estava em manter sua beleza!
Certo dia, uma menininha que brincava na rua parou diante do portão da casa. Ao olhar por entre as grades avistou os canteiros floridos.  Ficou maravilhada! Quando viu o jardineiro, perguntou se ele poderia lhe dar uma daquelas lindas flores.
Imediatamente, ele respondeu:
- Não, de jeito nenhum!
Sem dar-se por vencida, a garotinha explicou que era aniversário de sua mãe. Queria apenas lhe dar uma flor de presente, já que não tinha dinheiro para comprar algo tão lindo assim para ela.
Mesmo verdadeiros, seus argumentos não conseguiram tocar o coração do jardineiro. Ainda sem entender porque ele não podia lhe dar uma flor - já que tinha tantas, voltou a brincar e logo estava sorrindo outra vez.
Muitas vezes eu me sinto como este jardineiro, apegada a coisas pequenas e sem importância, sem finalizar o aprendizado necessário. Nestes momentos salva-me a reflexão de que tudo que sou, tenho e faço tem um valor ainda maior quando compartilho com os seres que eu amo. Meu jardim é meu coração e minha casa!  A solidão, na maioria das vezes, é uma criação pessoal, quase sempre decorrente de minhas escolhas e atitudes.

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