Todos têm um pouco de loucura – em especial os poetas, porque a sanidade os mantém prisioneiros da realidade. Uma suave loucura os liberta e com ela podem viver e criar o que quiserem, sem que se sintam comprometidos em atender padrões que não estabeleceram. Para si, reservam o dom de transitar entre os mundos com leveza, sem roubar a poesia dos momentos vividos. Sua mente não tem pátria, fronteiras, formas fixas ou credos.
Independente de
sermos poetas ou não, também desejamos e esperamos realizar nossos melhores
votos – para nós mesmos e para os seres que amamos. Na contramão desses
desejos, nossas escolhas unem ou separam pessoas e deixam lembranças que não
podemos e nem sempre queremos apagar.
Em relação às minhas pequenas
loucuras, prefiro escondê-las em algum cantinho da mente, para protegê-las de
indagações indiscretas que nem eu ouso responder. Mesmo com todo este cuidado,
algumas são desobedientes e escapam de sua reclusão compulsória para invadir meu
velho coração desprevenido. Apagam a linha imposta de lucidez e devolvem alguns
sonhos antigos, como se o seu retorno fosse a garantia de que, em algum ponto
da existência, eles irão se materializar. Já fora do meu controle,
transformam-se em pequenas esperanças, às quais guardo com todo carinho e
cuidado, para que nunca queiram me abandonar.
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