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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Novas janelas...


A comoção mundial pela morte de Steve Jobs, o gênio da informática que desenvolveu e comercializou desde uma das primeiras linhas comercialmente bem sucedidas de computadores pessoais até os atuais e arrojados iPod, iPhone, iPad etc., fez-me recordar uma frase de Nelson Rodrigues, importante dramaturgo, jornalista e escritor brasileiro, na qual sintetiza uma mudança coletiva de comportamento nos tempos modernos: “A televisão matou a janela”. A realidade demonstra que desde o início, mas de maneiras diferentes, ambos intuíram que novas possibilidades iriam surgir, mostrando em tempo real e bem de perto, horizontes longínquos, que provavelmente nunca iremos conhecer pessoalmente. Enquanto as janelas físicas se esvaziam de rostos e olhares, que já não mais espiam ou conversam com outros rostos que passam, dentro das casas e apartamentos milhares de outras janelas se iluminam ininterruptamente. Em frente a elas, mãos teclam e bocas conversam tendo a visão perfeita de outro rosto, que pode estar perto, distante ou do outro lado do mundo!
Janelas... Quem ainda fica a olhar através de simples janelas? Quem quer ver apenas um horizonte, se seu olhar pode alcançar todos que quiser com um simples apertar de teclas? Um número crescente de pequenas janelas estão se abrindo diante de bilhões de olhos maravilhados! Janelas que podem ser levadas no bolso para todos os lugares - que também conversam, tocam música, participam de redes sociais e viajam pelo mundo com um simples toque do dedo indicador.
Se Nelson Rodrigues voltasse aos nossos dias, certamente ficaria surpreso ao saber que nos tempos atuais os olhares das famílias dificilmente se reúnem em torno da televisão. Agora os pares de olhos ficam presos quase que em tempo integral em novas janelas pessoais, de cores e tamanhos diferentes. Não há dúvida que os benefícios que a tecnologia traz são fantásticos! Suas conquistas apenas tornam-se preocupantes quando o que se vê e se fala com o mundo que está distante, ganha em importância para o que se olha e se fala com o mundo que está a nossa volta.
Contudo, alguns seres ainda reservam um espaço em seu dia a dia para seus antigos hábitos. Eles se mantêm atentos ao que se passa do outro lado das velhas, conhecidas e boas janelas – seja para espiar o mundo que está lá fora ou apenas dentro de si.

2 comentários:

Anônimo disse...

PERFEITO....GENIAL!

Eu gostaria que todos voltassem a dar valor a velha janela!

Anônimo disse...

Pollyana Avelar