blog

sexta-feira, 27 de março de 2015

Sabedoria Progressiva




Quando ainda sabia bem pouco da vida, acreditava que as mudanças necessárias para uma boa convivência deveriam acontecer nos outros, na crença de que a razão se inclinava sempre para o meu lado. Mesmo de forma inconsciente, este comportamento me acompanhou durante um bom tempo da vida, por mais que acreditasse que estava realizando o meu processo de transformação pessoal. Esta visão distorcida da realidade adiou muitas de minhas iniciativas e reduziu alguns impulsos de mudança, simplesmente por não enxergar além da minha própria visão da história. Se ocorresse um imaginário ranking interno, a teimosia e a vaidade disputariam o primeiro lugar entre meus pensamentos.
Mas a realidade, cedo ou tarde, começou a se fazer presente. Já não dava mais para acreditar na historinha de mentira que havia contado durante tanto tempo para mim mesma. Por necessidade ou pela simples urgência de ser feliz, não podia mais esperar que as coisas e as pessoas mudassem conforme minha vontade. A real mudança precisava acontecer dentro de mim, mesmo sabendo que não seria uma transformação simples ou rápida de acontecer. Isto iria requerer minha atenção e empenhos constantes, para evitar a tendência humana em voltar ao ponto de conforto. 
Dentro do possível, hoje procuro me adaptar ao modo de ser do outro, sem querer nos fazer à imagem e semelhança de nossas exigências pessoais. Quando conseguir mudar em mim mesma, o que desejo mudar no outro, terei aprendido a ser feliz, sem precisar mudar a ninguém!

Uma Janela Para o Tempo





Quem somos realmente nós, que ocupamos hoje este planeta? Viajantes de outras galáxias, de outras dimensões ou de diferentes tempos, talvez expulsos de onde viemos por mau comportamento? Ou será que somos apenas o resultado da evolução das espécies através das eras, mesmo que ainda nos falte muito de evolução real?
Quando observo o firmamento em uma noite estrelada ou encanto-me com a beleza das paisagens que me rodeiam, deixo-me levar por pensamentos e perguntas que possam trazer um pouco mais de luz sobre nossa condição de ocupantes transitórios deste planeta. Infelizmente, nosso comportamento ainda deixa a desejar em muitos aspectos, desde a convivência entre os semelhantes à preservação e valorização das dádivas da natureza que nos acolhe.
De forma geral, o desejo humano de ter se sobrepõe aos princípios universais de amor e de bem. Supera o anelo de ser e sustenta a regra de que vale tudo para alcançar os fins perseguidos. Vale tudo para ter mais em relação a si mesmo e ao outro. Cabe a cada um decidir qual a moeda que considera de maior valor. Pode ter a cada dia mais amor, mais honestidade, mais compaixão, mais entendimento. Ou apenas ter mais dinheiro, mais egoísmo, mais ganância, mais poder.
De toda forma, é fundamental fazermos nossas escolhas e mudarmos de comportamento enquanto ainda há tempo. Nosso corpo perecível dura apenas o tempo restrito de uma vida e as coisas físicas que acumulamos neste mundo permanecerão em seu lugar de origem. Que eu saiba, nem mesmo nos labirintos escuros dos palácios já se descobriu o segredo da imortalidade 

Panaceia Para Todos os Males





Quando os princípios morais que regem a vida de um ser são flexíveis, constatamos que quanto mais poder ele tenha, mais difícil fica que as consequências de seus próprios atos cheguem até ele, protegido por um escudo de privilégios. Há sempre a possibilidade de empurrar para o outro, o que cabe a si mesmo como responsabilidade e, deste, para outro, mais outro e assim sucessivamente, até que a ninguém caiba a culpa ou punição pela falta cometida. A inteligência desta ação está no fato que, ao ser dividida entre muitos, ela passa a não ser de ninguém, individualmente. Para dar veracidade às aparentes punições, alguns são jogados aos leões, para fingir imparcialidade e impedir que as ações alcancem os realmente responsáveis.
Este falso remédio tem sido utilizado repetidamente através dos tempos, sempre para o benefício de muitos e o bem geral dos interessados, como panaceia para os males físicos e morais que os atacam e que, por isso mesmo, nunca se curam. 

Presente de Aniversário!



Para mim, dia de aniversário de amigo trás sempre uma dúvida, misturada com toda a alegria de celebrar a grande aventura de sua vida. Nem sempre é simples escolher qual presente seria mais apropriado para cada um. Porque para um amigo querido, não quero dar apenas um presente a mais. Tem que ser algo que ele goste, aprecie, precise, ou, caso não precise, deve ser a “sua cara”. De quebra, que leve até ele a delicadeza de meus sentimentos e o papel que só ele pode ter em minha vida.
O presente não precisa ser necessariamente chique, caro, ou algo que se olhe e solte uma exclamação. A originalidade não passa por esses itens, mesmo que muitas pessoas acreditem que sim. Por isto, não basta apenas entrar em uma loja e comprar alguma coisa. A escolha do presente começa muito antes de ser comprado. É preciso pensar com carinho naquele ser a quem eu quero presentear e sentir a alegria que é tê-lo em minha vida. Também deve ser algo que o faça lembrar o quanto somos especiais um para o outro, sempre que olhar para aquele pequeno mimo.
Neste ponto de minhas reflexões percebo que, ao tentar imaginar qual deveria ser o meu presente para você, recebi um muito melhor! Sentir toda minha gratidão a Deus por ter escolhido especialmente você, para colocar em minha vida!



Para alguém muito especial!

quarta-feira, 11 de março de 2015

Coração Inconsequente...




Tem dias que o coração decide ignorar os sinais de perigo que a mente envia, logo que percebe que ele vai entrar no terreno traiçoeiro das recordações. Determinado, se aventura a percorrer antigos caminhos, como se estivesse blindado e imune a todos os sofrimentos ainda mal resolvidos do passado.
O primeiro momento é de alegria, liberdade e encantamento, quando retira os lacres protetores da memória. Imagens e esperanças adormecidas se renovam, acompanhadas da crença de que, hoje, tudo pode ser diferente! Na ânsia de encontrar explicações plausíveis para as escolhas feitas, os fatos são repassados e os mesmos passos repetidos, para tentar compreender porque e onde foi que tudo começou. O que ele não leva em consideração é que as razões se atenuam quando enxergadas através da cortina do tempo. O que antes era uma diferença intransponível, hoje parece apenas uma situação temporária e de fácil conciliação. Sob o efeito do tempo, os erros foram suavizados, o que o leva a acreditar que as escolhas feitas podem ser revogadas a qualquer momento. Coloca diante de si apenas a parte boa das recordações. 
Mergulhado nesta ilusão, o coração esquece que a vida é regida por causas e consequências que se propagam, tal como as ondas de um lago tranqüilo, em que atiramos a pedra das próprias decisões. Diante da realidade imutável, precisa ser resgatado de sua própria inconsequência.