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quarta-feira, 11 de março de 2015

Coração Inconsequente...




Tem dias que o coração decide ignorar os sinais de perigo que a mente envia, logo que percebe que ele vai entrar no terreno traiçoeiro das recordações. Determinado, se aventura a percorrer antigos caminhos, como se estivesse blindado e imune a todos os sofrimentos ainda mal resolvidos do passado.
O primeiro momento é de alegria, liberdade e encantamento, quando retira os lacres protetores da memória. Imagens e esperanças adormecidas se renovam, acompanhadas da crença de que, hoje, tudo pode ser diferente! Na ânsia de encontrar explicações plausíveis para as escolhas feitas, os fatos são repassados e os mesmos passos repetidos, para tentar compreender porque e onde foi que tudo começou. O que ele não leva em consideração é que as razões se atenuam quando enxergadas através da cortina do tempo. O que antes era uma diferença intransponível, hoje parece apenas uma situação temporária e de fácil conciliação. Sob o efeito do tempo, os erros foram suavizados, o que o leva a acreditar que as escolhas feitas podem ser revogadas a qualquer momento. Coloca diante de si apenas a parte boa das recordações. 
Mergulhado nesta ilusão, o coração esquece que a vida é regida por causas e consequências que se propagam, tal como as ondas de um lago tranqüilo, em que atiramos a pedra das próprias decisões. Diante da realidade imutável, precisa ser resgatado de sua própria inconsequência. 

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