Hoje
já não somos os mesmos de tempos passados, o que não faz de nós melhores ou
piores do que fomos. A vida se encarregou de acrescentar alguns detalhes,
suprimir outros e aperfeiçoar tudo que se mostrou aperfeiçoável. O que foi um
traço leve do caráter no passado pode ter se tornado um defeito, ou um defeito
pode ter sido amenizado pela maturidade.
Se
por um lado a experiência de vida traz uma nota de sabedoria, em outros
aspectos o tempo faz perder o reflexo rápido, a audição aguçada, a memória
incondicional. Simples, previsível..., mas não aceito naturalmente ou por
unanimidade! Uma parte de nós continua a exigir imutabilidade de si mesmo e do
outro, como se a passagem do tempo pudesse ocorrer de forma não visível e não
sentida. Criamos padrões rígidos para a beleza, para a saúde física e mental,
para a produtividade - o que estiver fora é rotulado de velho e sem serventia.
Por
vezes eu me pergunto se é só por impaciência ou é também o medo de envelhecer o
que nos torna tão intolerantes com aqueles que estão na menor, ou na chamada
melhor idade. Talvez cada um se veja em um espelho de duas faces, que de um
lado mostra o que se foi, e, do outro, o futuro que virá. Como falsos imortais,
os dois lados se desentendem, porque ambos conservam a ilusão da eterna
juventude cristalizada dentro de si. Rejeitam a ideia de se ver tão velhos ou
menos jovens do que se sentem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário