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quarta-feira, 10 de abril de 2013

Falsos Imortais




Hoje já não somos os mesmos de tempos passados, o que não faz de nós melhores ou piores do que fomos. A vida se encarregou de acrescentar alguns detalhes, suprimir outros e aperfeiçoar tudo que se mostrou aperfeiçoável. O que foi um traço leve do caráter no passado pode ter se tornado um defeito, ou um defeito pode ter sido amenizado pela maturidade.
Se por um lado a experiência de vida traz uma nota de sabedoria, em outros aspectos o tempo faz perder o reflexo rápido, a audição aguçada, a memória incondicional. Simples, previsível..., mas não aceito naturalmente ou por unanimidade! Uma parte de nós continua a exigir imutabilidade de si mesmo e do outro, como se a passagem do tempo pudesse ocorrer de forma não visível e não sentida. Criamos padrões rígidos para a beleza, para a saúde física e mental, para a produtividade - o que estiver fora é rotulado de velho e sem serventia.
Por vezes eu me pergunto se é só por impaciência ou é também o medo de envelhecer o que nos torna tão intolerantes com aqueles que estão na menor, ou na chamada melhor idade. Talvez cada um se veja em um espelho de duas faces, que de um lado mostra o que se foi, e, do outro, o futuro que virá. Como falsos imortais, os dois lados se desentendem, porque ambos conservam a ilusão da eterna juventude cristalizada dentro de si. Rejeitam a ideia de se ver tão velhos ou menos jovens do que se sentem.

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