Foi uma surpresa incômoda sentir-se excluída
de um acontecimento que, outrora, estaria garantida a sua inclusão. Naquele
gesto não premeditado, viu, num primeiro momento, apenas o que estava fora da
interseção: as diferenças, os distanciamentos, a desunião. “Eu pra cá, você pra
lá”. Por isso, naquele instante ela sofreu!
Pouco depois seu coração, incomodado com a
conclusão precipitada, buscou recordar os momentos de união, os momentos de
parceria, as alegrias compartilhadas e tristezas divididas. Lembrou a amizade de
longa data, distribuída pelas horas do dia a dia da vida. Lembrou as conversas
intermináveis sobre conquistas, descobertas e padecimentos mútuos. Lembrou o
sorriso da amiga, a fala alegre, que nem a distância conseguia fazer esquecer.
Quase que de imediato, apagou o falso
sofrimento, a dor sem causa, a cobrança de um gesto que poderia ter começado nela,
sem esperar a iniciativa partir do outro lado. Naquele momento descobriu que
apenas havia enxergado o que estava em desarmonia em si mesma. Fez uma pausa,
silenciou o conselheiro suscetível, reconsiderou - e voltou a unir o que a visão
distorcida de suas fragilidades havia tentado separar.
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