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terça-feira, 2 de abril de 2013

Pomar da Vida


 
 
Outro dia ouvi um relato que julguei interessante para uma segunda reflexão. Um homem, ainda jovem, recebeu o diagnóstico de ser portador de um tumor raro e inoperável no cérebro e que lhe restava poucos dias de vida. Sem querer ser mais uma estatística médica e morrer entre as paredes impessoais de um quarto de hospital, decidiu fugir e voltar à sua terra natal, para ficar perto das pessoas que eram importantes para ele. Ao explicar sua decisão para o amigo inconformado e tentar minimizar sua dor e revolta diante daquela realidade, utilizou a maçã que tinha nas mãos para fazer uma analogia. Deu nela uma boa mordida e passou para que o outro também comesse um pedaço, enquanto explicava:
- Esta maçã poderia não estar aqui agora. Poderia ter sido esquecida no pé até um dia cair sobre o solo e ficar ali até apodrecer. Se permanecesse intocável na árvore, ela nunca poderia cumprir com seu objetivo de alimentar. Ao contrário disso, foi colhida e seu fruto agora está sendo dividido e degustado por nós dois. E finalizou. Foi isto o que escolhi para mim, diante da morte inevitável. Quero compartilhar até meu último suspiro com aqueles que fizeram a diferença em minha vida ou eu na deles.
Diante dessa explicação final, pensei que também podemos encontrar os mesmos exemplares de maçãs humanas, no vasto pomar da vida. Alguns nascem e morrem sem se envolverem ou compartilharem suas vidas com os que estão à sua volta – seja na dor ou na felicidade. Fechados em seu egoísmo, passam pela vida indiferentes a todos e a tudo que se passa à sua volta.  Em oposição a estes, existem os que se doam, se dividem, se somam e se multiplicam para ajudar, para amparar, para alimentar de força, de paz, de saúde e de alimento, a todos que têm a felicidade de cruzar o seu caminho.
Em qual categoria eu quero estar? Esta é uma pergunta que sempre devo me fazer, para saber se estou cumprindo com os objetivos da vida e com minha missão como ser humano - independente de doutrinas, filosofias ou religiões. Se eu morrer amanhã, quero ter compartilhado meus dias e minhas ideias com as pessoas que estão ao meu redor. Quero ter a chance de alimentá-las com meus sonhos e, quem sabe, deixar uma marca do que fui em seus corações. Quero ter a capacidade de promover mudanças de rota e de planos, sempre que isto as impulsione a caminhar em direção ao verdadeiro objetivo de suas vidas.

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