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quinta-feira, 31 de março de 2011

Onde nasce a paz!

 
 
Um novo dia amanhece! Um cálido raio de sol atravessa o vidro e aquece meu corpo. A luminosidade da manhã recém começada aos poucos contagia meu coração e ele fica mais leve, livre da escuridão das angústias e preocupações, ou o aperto incômodo das saudades que não consigo descartar. Experimento uma sensação de confiança e coragem diante das situações que a vida me coloca, com a certeza de que sou capaz de vencer a todas elas!
Observo as pessoas e os outros carros que passam velozes. De repente, já não tenho pressa de chegar a lugar algum. Certamente, o já vivido me dá crédito para uma cartela adicional de tempo, que escolho gastar a meu bel-prazer. Desvio imediatamente a rota, mesmo sem saber exatamente onde quero ir. Abro as duas janelas da frente do carro e deixo o vento invadir o espaço, o que faz meu cabelo se movimentar de forma desordenada.
Esqueço temporariamente os ponteiros do relógio e desfruto este momento que é só meu. Sorrio feliz comigo mesma quando chego a um caminho ladeado de pequenas árvores, que sempre tive curiosidade de conhecer e saber onde vai dar. Continuo por ele, mais uns poucos quilômetros, até que chego a uma singela praça, onde quatro bancos de pedra circundam uma pequena fonte. No meio dela um jorro de água cai em cascata através de pequenos degraus de pedra e se mistura com a água que forma o pequeno lago artificial. Desço do carro e vou sentar-me num dos bancos, enquanto aprecio a manhã que se espalha no ar. Ao redor da praça, as casinhas enfeitadas com floreiras coloridas ainda não despertaram completamente para o dia recém-nascido e a tranqüilidade do lugar é um convite a ficar. Misturado ao barulho gostoso da água, ouço o farfalhar da brisa que passa entre as folhas das árvores, fazendo-as depois voar ao léu. O sol brinca de aparecer por entre a folhagem e deixa claro/escuros sobre a calçada. Capto ruídos e cheiros matinais vindo das casas. A paz reina dentro e fora de mim!

A Obra de Arte da Vida




Diante de uma obra de arte com características impressionistas, alguns detalhes prendem a atenção. Segundo definição, "as figuras não têm contornos definidos e, através de pinceladas curtas e o uso de cores puras, o artista procura transmitir uma ilusão perfeita da vibração da luz e cor presentes na natureza". Provavelmente por isso, quanto mais próximo do quadro, menor é a nitidez do desenho. Percebe-se apenas manchas coloridas e destacadas que, aparentemente, não fazem qualquer sentido. Porém, à medida que se afasta da tela, a disposição das cores começa a ganhar coerência, até chegar o ponto de deparar-se com uma obra de arte admirável e identificável ao olhar. Esta peculiaridade da obra impressionista sempre despertou a minha admiração e revela, ao mesmo tempo, um pequeno segredo para a boa convivência que, sempre que se faz oportuno, procuro recordar e aplicar.
Diante de um problema, uma situação difícil, uma convivência desgastada, nem sempre é possível resolver as diferenças ou enxergar todos os ângulos de imediato. Limitado pela proximidade, o entendimento não sabe separar as razões nem enxergar os detalhes da situação como um todo. Para saber apreciar cada fato de maneira imparcial e moderada, é necessário um afastamento voluntário, um recolhimento temporário dentro de mim mesma. Preciso deixar que transcorra um espaço de tempo entre o fato e a ação correspondente para resolvê-lo. Só assim verei o que de início parecia indecifrável ao meu entendimento.

Um Presente Difícil de Escolher...



Foi seu aniversário e eu pensei lhe mandar um presente que fosse quase um tesouro! Pensei que deveria ser algo diferente, que não pudesse ser comprado, nem encontrado em qualquer lugar. Logo que o dia nasceu, quis pegar os primeiros raios de sol para iluminar e alegrar seu dia. No desejo de capturar os mais brilhantes, demorei além do previsto. O sol ficou cansado de esperar. Escondeu-se atrás de uma espessa nuvem e levou com ele o meu presente!
Sem desanimar, pensei em outra opção: criar uma canção de amor, que fosse a mais bonita que você já ouviu! Para isto escolhi a mais bela melodia e reuni as palavras mais doces para lhe dizer. Mas, a saudade que ela despertou em mim foi tão grande que emudeceu a minha voz. Não consigo cantar o meu presente!
Mesmo assim, continuei a minha procura. Pensei então escrever uma linda história, para ser contada em prosa e verso. A vida já escreveu seu começo e pedi ao meu poeta interior para dar a ela o mais belo final. Ele tentou escrever, mas sentiu-se incapacitado. Não sabia como fazer para juntar dois seres tão distantes, separados pelos desencontros do coração. Não sei como contar para você o meu presente!
Continuei a procura, já quase desanimada. De repente tive uma idéia brilhante ! Resolvi optar pelo mais simples. Vou dar em você apenas um beijo, um só! Que mesmo sendo único, seja o mais doce, o mais carinhoso, o mais ardente! Um beijo que leve até você a saudade e a força do meu sentir! Se tudo der certo, se você realmente gostar, pode ser que queira retribuir o meu presente! Aí sim, nós dois ficaremos felizes...

sexta-feira, 25 de março de 2011

Programa de reabilitação



Ao rever o filme “Entre esses muros”, que relata uma história verídica, um diálogo entre uma das guardas do presídio feminino e uma detenta, quase passa despercebido, mas é uma das cenas mais significativas da história. Ao referir-se aos benefícios que um programa de treinamento de cães para deficientes físicos promove em cada uma das pessoas envolvidas, ela expressa: “A parte melhor, a melhor parte, é como esses cachorros treinaram vocês...”
O que pode parecer sem sentido ou pequeno para o ouvido desatento revela uma grande verdade de nosso cotidiano. Mostra a ação do bem que fazemos dentro de nós mesmos, antes mesmo que esse bem chegue até o outro. Especialmente quando pensamos que as situações e oportunidades também suavizam as arestas de nosso caráter.
Quando preparamos algo de bom para oferecer ao outro, trabalhamos com o material mais elevado de nossa própria psicologia. Abrimos, dessa forma, uma pequena brecha para que esse bem nos transforme, a cada dia e a cada vez, num ser melhor do que fomos ao dia anterior. Algo bastante simples e ao mesmo tempo de uma grandeza que começa a nos desprender de nossas aderências mentais e sensíveis. Este é o mais verdadeiro programa de reabilitação do nosso grande egoísmo humano.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Até a próxima novela!

Final de novela é sempre uma maravilha! O que levou várias semanas enrolado, milagrosamente torna-se extremamente fácil de resolver! Todos ficam felizes, encontram seu amor ou a razão que move as suas vidas! Mas, depois que tudo termina na telinha, temos que enfrentar a vida real, onde as peças não se encaixam tão facilmente. Aí o bicho pega!
Sobra sapo e falta príncipe, a mocinha não é nenhuma donzela, a vida é dura de ganhar e, além de nada vir de graça, ainda somos roubados descaradamente por todos os lados! E o amor... Ah, o amor! É um constante desencontro, com as devidas exceções, onde poucos são inseridos. A vida é entremeada de insatisfações, onde o sonho passa a ser a única realidade que nos comove.
Mas, antes que este pacote se feche, para ninguém parar de acreditar em contos de fadas, já começam a anunciar tudo outra vez, para a próxima novela!

Personagem Imperfeita

 
 
Em certos momentos da história escrevo para mim mesma, pela incerteza se haverá, por parte de quem lê, um coração capaz de entender minhas palavras. Mesmo assim, a cada pensamento registrado deixo a minha marca, que talvez seja reconhecida algum dia, por seres que sentiram alegrias, angústias e inquietações semelhantes às que senti.
Ao escrever, sigo um caminho solitário e interno, onde redescubro meus passos. Aqueles que dei para a frente e os que voltei atrás; até mesmo aqueles que avancei no tempo, na esperança de vislumbrar a realização de meus sonhos.
Para ser verdadeira em meus relatos, preciso muitas vezes recordar quem fui, para entender e aceitar a pessoa que sou hoje. Nesse ir e vir, encontro sentimentos que construí, também outros que perdi. Presenças que entraram em minha vida e que depois partiram, outras que continuam ao meu lado, mesmo que já não estejam mais aqui.
Capturo e prendo, com minhas palavras, visões, desejos, alegrias e tristezas de uma vida que enfrento bravamente, mesmo sem saber (ainda) se tudo está relacionado com a missão que tenho para cumprir comigo mesma. Enquanto escrevo, enxugo minhas lágrimas com novas esperanças e reavivo certas lembranças que, mesmo depois de tantos anos, continuam enraizadas profundamente dentro de meu coração..
Hoje sei que a vida, em sua concepção, é uma história perfeita, onde a grande maioria dos personagens ainda são imperfeitos. Tanto coadjuvantes como protagonistas ainda não sabem interpretar à perfeição o seu papel. Porém, enquanto vivo, aprendo. E quando aprendo realmente, melhoro a qualidade de interpretação da minha história pessoal.

sábado, 12 de março de 2011

Como nos Velhos Tempos...



Hoje, ainda bem cedinho, sua saudade veio me acordar! Logo que abri os olhos, procurei por você em minha vida e só encontrei lembranças de nossa história, gravadas à minha volta e dentro do meu coração. Depois percebi que, se fizesse silêncio e aguçasse um pouco mais o ouvido, ainda conseguiria ouvir sua voz a chamar meu nome, para tirar-me de alguma brincadeira infantil que se estendeu além do que havia permitido. Ou sua voz afinada a cantar os sofrimentos de um amor não correspondido ou impedido pelas circunstâncias. Tudo como nos velhos tempos...
É impossível negar que sinto falta de seus cuidados, até mesmo daqueles que um dia julguei exagerados e desnecessários. Desde as travessuras de criança, às incompreensões da jovem, passando pelas rebeldias da adolescente, você nunca foi omissa – a tudo corrigiu, como também perdoou de coração aberto! Confesso que nem sempre a entendi ou ouvi seus conselhos como deveria! Talvez porque naquele tempo podia tê-los a qualquer momento, bastando apenas expressar um pedido e logo você me atender. Só depois, quando também me tornei mãe, pude entender seu coração, que se preocupava tanto com a tranqüilidade do meu. Afinal, filhos são pedacinhos que se desprendem de nós e criam vida própria. E quando crescem, mesmo sofrendo, precisamos deixá-los viver sua própria história. Assim, parti para buscar meu lugar no mundo e, mesmo sem você, vivi momentos de grande alegria e também passei por outros de muito pesar, onde o sofrimento foi o meu buril.
Talvez por tudo isto ou simplesmente por saudade, hoje queria tê-la aqui, para contar-lhe o que tem sido a minha vida desde que você partiu. Ainda que eu possa sentir sua presença ao meu lado, sempre que a dor ou a alegria me faz chamar seu nome. Nesses momentos, sinto como se uma força adicional se somasse à minha para erguer-me e ajudar-me a seguir em frente outra vez. Exatamente como nos velhos tempos...

Para minha mãe, onde estiver...

Tudo pode acontecer...



Mais um domingo de muita chuva! Sem as brincadeiras usuais o largo em frente a casa parece estranho, sem a meninada a correr de um lado para o outro, reinventando a alegria. Parada em frente à janela, uma menina olha pensativa a água se espalhar pelo chão, do outro lado do vidro. De repente escorrega do sofá onde está encarapitada e vai até a porta da sala de jantar. Espia para um lado e outro sorrateiramente, para ter certeza que não será surpreendida pelo olhar da mãe. Abre de mansinho a porta que sai para o alpendre da casa, passa pelo jardim e rapidamente sai pelo portão que dá para a rua.
Lá fora a chuva cedeu um pouco, o que a encoraja a seguir em frente, mesmo que não saiba exatamente o que quer fazer. Começa a saltitar, para evitar as poças d’água, o que de longe parece quase um bailado. Sorri feliz com a sua pequena aventura, apesar do negrume do céu! Em certos momento ainda olha desconfiada em direção à sua casa, como a temer que a sua travessura seja descoberta e lhe custe umas boas palmadas. Mas, logo se distrai outra vez, enquanto olha à sua volta um mundo todinho que tem para explorar, longe da vigilância da mãe e dos irmãos mais velhos.
- O que está brilhando ali, naquela poça d’água?
- Que bichinho esquisito é este que mexe as perninhas sem parar, de barriga para cima?
Seus olhinhos brilham, a procurar coisas interessantes para pegar e brincar. Sem que perceba vai se distanciando mais e mais de sua casa.
De repente vê uma linda moça vir ao seu encontro. Para sem querer, encantada a olhar a beleza dela! Ela chega mais perto e lhe sorri, enquanto pergunta qual é o seu nome.
- Filozinha, a menina responde.
- O meu é Ângela, diz a moça. O que faz por aqui sozinha?
- Saí escondido da minha mãe para brincar, responde inocentemente.
Ângela sorri e tenta ralhar:
- É perigoso andar sozinha pela rua, tão longe de casa - você ainda é muito pequena! Sua mãe deve estar preocupada.
Só então a menina olha à sua volta e se dá conta que não sabe mais onde está. Faz beicinho, querendo chorar.
- Venha comigo, diz a moça, afagando seus cabelos e lhe dá a mão. Começam a caminhar juntas e logo já estão conversando animadamente, o que distrai os pensamentos da menina novamente. Caminham alguns minutos até que a menina reconhece que está novamente em frente à sua casa. Então a moça se abaixa e lhe dá um beijo na bochecha, enquanto lhe pede que não volte a sair sozinha. A menina também lhe dá um beijinho e balança a cabeça, concordando. Passa pelo portão e cruza o jardim. Quando chega ao alpendre, vira-se para acenar para a sua nova amiga. Fica parada um instante, sem entender, pois no portão já não há mais ninguém. Mesmo assim, cumpre com o que prometeu; abre a porta da sala e entra em casa. Tudo continua como havia deixado. Parece que ninguém deu por sua falta, o que a livra de levar umas palmadas! Sorte a sua! Volta para a sala e sobe de novo no sofá, para olhar a rua através da janela. Permanece assim e já está quase cochilando, quando ouve um estrondo muito forte, vindo de fora. A chuva volta a cair furiosamente nas poças d’água do largo! Filozinha pula do sofá de um salto e sai correndo, a chamar pela mãe!

É... tudo pode acontecer num final de domingo da velha e boa infância!

Ponto final.

 
 
Segundo definição gramatical, frase é qualquer enunciado com sentido completo, que contenha verbo ou não. Começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final, de exclamação ou interrogação. Existem frases curtas ou longas, mas todas devem transmitir uma idéia, uma imagem, um conceito, um fato, um sentimento etc. Contudo, se ela se faz mais longa que o necessário, perde a objetividade e seu sentido torna-se confuso. É preciso aprender a identificar o momento em que a ideia que se quer passar se completa e colocar ali um ponto final.
Transportando essa imagem para a vida, observo que muitas vezes um pensamento ou uma situação se estendem além do saudável e normal para todos os envolvidos. Dessa forma perdem o sentido ou deixam de fazer bem para qualquer um dos lados. Mesmo que seja complicado e difícil tomar essa atitude - seja por medo das conseqüências, medo da solidão e do sofrimento, por comodismo ou esperança desmedida, é preciso saber identificar o momento certo para aplicar a regra e colocar ali um ponto final.

Necessário aprendizado

Por vezes fico a pensar em todos os fatos inesperados que ocorrem a cada momento. As causas para todas as tragédias que assolam o mundo não são identificadas e interpretadas de maneira justa e impacial. De minha parte, houve um tempo que cheguei a pensar que Deus estava louco ou não tinha a menor noção dos estragos que certos acontecimentos podem causar. Eles atuam como um tsunami - desmancham planos, desmoronam convicções, despedaçam esperanças. Quantas vezes? Inúmeras, repetitivas, com poucas ou quase nenhuma variação. Depois de um tempo e muitas repetições, comecei a perceber que meu descontentamento tinha errado de foco. O problema nunca esteve em Deus – aliás, pensar assim é limitar de todas as maneiras a Sua participação em nossa vida. O problema está em quem não sabe corrigir as causas ou não consegue passar pelos tsunamis da vida sem se desmanchar por dentro. Este é o verdadeiro e maior estrago que esses acontecimentos podem causar. Afinal, problemas – maiores para alguns do que parecem para outros, são oportunidades e agentes de aprendizado. Não importa tanto o acontecido, mas o que você faz com ele, dentro de você. Afinal, ninguém vem a passeio nessa vida!

Ninguém sabe o final...

O começo de uma história é sempre cheio de expectativas, mas ninguém sabe o seu final. Mil possibilidades se abrem, acontecimentos inesperados podem inverter seu rumo e trocar seus personagens – de fato ou de lugar. O que de início parece um conto de fadas, pode transformar-se de uma hora para outra numa história de terror ou perder todo seu sentido. E claro, o final se revela bem aquém do que desejávamos. Tudo pode acontecer no decorrer de uma história! Alguns seres provavelmente devem pensar que seria interessante serem premiados com uma bolinha de cristal ao nascer, para saberem o final da história por antecipado. Outros pensam justamente o contrário. Que a magia de viver é justamente não saber como os fatos irão se desenvolver. Assim podem escrever a própria história conforme suas condições e objetivos pessoais, à medida que o tempo e as situações passam sobre eles. Confesso que por vezes estou de um lado, outras, do outro. Em muitas encruzilhadas que a vida me coloca, gostaria de ter o poder de adivinhar a melhor direção a tomar ou saber aonde as minhas decisões irão me levar. Talvez para diminuir minha angústia frente aos acontecimentos e direcionamentos da vida quando, por momentos, ela se torna maior que a minha capacidade de resolvê-los. Entretanto, também observo que, quando o caminho parece ser contrário e o mais difícil, ele apenas está me levando ao encontro de mim mesma. E quando realmente sei quem sou e onde quero chegar, escrevo meu próprio final.