Com a mesma régua que Deus desenhou seu horizonte, o arquiteto projetou seu traçado geométrico incomum. Aqui, céu e terra convivem em harmonia, numa comunhão que encanta os olhos – à primeira, segunda e a todas as vistas...
Neste quadradinho dentro de Goiás, as origens de todos os cantos do Brasil e do planeta se misturam e, em vários sotaques, expressam a mesma rendição aos seus encantos – não importa que sejam os filhos da terra ou aqueles que assumiram essa terra como mãe.
Asas de concreto e asfalto levam e trazem carros velozes e, com elas, levantam voo os sonhos de quem já está ou chega aqui. Seus caminhos de sol e de luzes seguem para todas as direções, quase sem se cruzar. Contornam balões de flores ou tesourinhas de concreto e grama, passam ora por baixo, ora por cima, sem cortar sua esplanada, seus eixos ou a avenida de serve a todas as nações.
Cidade projetada e construída para dirigir o país e abrigar quem por ela se apaixona! Aqueles que não foram totalmente conquistados, depois de algum tempo retornam às suas origens, mas suas vidas nunca mais serão as mesmas. Porque as lembranças desse céu azul e aberto, da lua cheia - branca e imensa, que parece surgir por detrás do Congresso, serão uma comparação constante em seus corações.
Porém, aqueles que se rendem aos seus encantos, aqui encontrarão sua paz, o sentido de suas vidas, a razão de ser do sonho inicial, que motivou sua construção. Para estes, esta cidade será para sempre a pátria amada, adorada e idolatrada – Brasília!
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sábado, 21 de abril de 2012
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Outras Portas...
Hoje cometi a imprudência de abrir a porta que dá acesso ao passado. Eu a havia fechado com todo cuidado atrás de mim, para que não fosse mais assombrada pelos fatos que não pude e nem posso mudar. Foi um movimento inadvertido, misto de curiosidade e desejo não contido de percorrer velhos caminhos, mesmo sabendo que eles não me levariam a lugar algum.
De imediato, as lembranças saíram de seu encerramento compulsório e desfizeram o que havia arrumado com tanto cuidado dentro de mim. Invadiram meu coração reavivando alegrias passadas, perdas e tristezas vividas, momentos de realização plena, confirmando que os sonhos nem sempre se realizam, por mais verdadeiros que possam parecer.
Precisei lançar mão de uma força de vontade adicional, para cerrar a porta outra vez! Do lado cá a realidade me acolheu, tentando ser menos fria e indiferente. Mostrou-me novos caminhos que posso percorrer, novas possibilidades de alegria e realização que ainda posso encontrar. Para isto, preciso deixar o passado para trás, onde realmente deve ficar - afinal, ele não pode ser o meu presente. Ao olhar em outras direções, posso me surpreender e comprovar que existem outras portas, abertas e preparadas para me receber...
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Rota de Colisão
Eu cresci ouvindo ao mais velhos repetirem esta frase: “Onde esse mundo vai parar...” Os motivos de preocupação, naquela época, eram um pouco mais amenos... A saia mais curta das mocinhas, o cabelo grande dos rapazes, a contracultura defendida pelos hippies, a conquista das mulheres de direitos e deveres fora de casa, a revolução sexual, a ida do homem à lua, a globalização da informação, entre tantas outras. Nas décadas mais recentes, as mudanças foram acontecendo num ritmo mais acelerado – sociais, econômicas, tecnológicas. Se muitas são positivas e acrescentam qualidade ao nosso afazer diário, esse ganho não é incondicional.
Com tudo isto, o questionamento inicial passou a ter um caráter de urgência e adquiriu um tom apreensivo. O descontrole das atitudes humanas se espalha de maneira rápida pelo mundo, manifestando-se em ações que comprometem a integridade de todos. Não há limites para a ganância, para a violência, a vaidade, a sede de poder, a escolha pelo ganho fácil. Nunca a vida humana, em seu sentido físico e metafísico, esteve tão desvalorizada! Mata-se por nada e por tudo; morre-se sem saber por que, os valores morais estão cada vez mais em baixa.
Nos dias atuais, a antiga pergunta agora é uma afirmação – o mundo está em rota de colisão e precisa parar seu desenfreio! A vida, em todas as suas manifestações precisa ser cuidada, protegida e vista como um degrau, no caminho evolutivo da existência. Tudo que é feito e praticado aqui trará suas consequências. Cabe a cada um cuidar e assumir a sua parte de responsabilidade pelo que virá, pois o que virá irá afetar a todos, sem exceção. Melhorar a si mesmo é o primeiro passo para melhorar e salvar o mundo em que vivemos.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Recomeçar...
Muita gente acredita que, à medida que envelhecemos, perdemos a capacidade de aprender ou de recomeçar. Acredita-se também que devemos ficar quietinhos no nosso canto e esquecer nossos sonhos - enfim, que devemos “dependurar as chuteiras”. Nunca aceitei essa tese! Diariamente procuro alargar meus horizontes, vencer pequenos ou grandes desafios, aprender coisas novas – um jogo, uma atividade manual, uma língua estrangeira, uma maneira diferente de fazer algo que já faço de olhos fechados. Por esse dias aprendi a fazer Sudoku. Parece pequeno, mas o que importa é manter a capacidade de análise e a mente ágil.
A cada novo dia que amanhece, a vida recomeça outra vez. Então, o único erro irreversível que posso cometer é não tentar, não aprender mais ou não me arriscar, por medo de perder. Recomeço sempre com um saldo, positivo ou não, mas nunca recomeço do zero. Isto pode se aplicar a praticamente todas as áreas da vida – amor, profissão, relações interpessoais, novas áreas de atuação ou novos aprendizados. Sou a soma do que fiz, do que preparei para mim mesma no passado - isto é inegável. Mas, a cada dia tenho o direito e a oportunidade de escolher e percorrer novos ou velhos caminhos - acrescentando ou dando continuidade ao feito anteriormente. O direito de recomeçar é inerente à vida humana e conta com o aval divino – basta olhar a própria Criação.
sábado, 14 de abril de 2012
Velhas Mágoas
Existem pessoas que carregam suas mágoas pela vida afora, sem chegar a perceber que elas pesam como um saco cheio de pedras sobre seu coração. Ao contrário de deixa-las em algum lugar do passado ou edificar com elas seu próprio aprendizado, o que fazem é continuar a recolher mais pedras, fazendo aumentar a quantidade das já existentes.
Mágoas são lembranças indigestas que só nos causam mal. Com origens falsas ou verdadeiras – pouco importa, o maior estrago que fazem é para o próprio que as conserva sempre frescas na memória, sem permitir que o tempo desbote suas imagens ou que as ações acertadas do presente substituam as equivocadas anteriores.
Depois de tudo, quando chegar o momento de prestar contas a si mesmo, descobrirão tardiamente que elas não têm valor algum a acrescentar – o mais certo é que elas subtraiam uma grande soma do saldo de seus valores espirituais.
domingo, 8 de abril de 2012
A alma de teu retrato
A imagem colhida no tempo imobiliza teus traços,
Presos na armadilha de mudos sentimentos.
Teus olhos escondidos não se
revelam,
Nem de tua boca escapa o que
sentes.
Nem o vento desmanchou teus
cabelos,
Nem a vida mudou o rumo de teus
sonhos.
Teus segredos bem guardados não
revelam
Espera ou partida - para mais perto ou longe de ti.
Meus olhos distantes percorrem tua
imagem
Que o passar do tempo, aqui,
mantém igual.
Não alcanço teus mistérios, nem
teus medos,
Só vislumbro a grandeza de teu
coração.
Ainda que não sinta o calor de
teu abraço,
A doçura de tua alma sempre
está presente.
Aqui, aí ou além – não importam
distâncias...
Qualquer que seja o tempo ou estação
da vida.Para um amigo especial
Novas palavras para uma velha história...
Com palavras desenho as histórias do tempo
Com traços leves para não ferir o papel...
Conto fatos, misturo sonhos entre os espaços,
Cuido que não se apague da mente,
As mais queridas lembranças do coração.
Não é tarefa simples – palavras reacendem saudades...
Chamam pelo nome antigos sentimentos.
Ainda que felizes, não podem voltar o tempo.
Não mudam os fatos, não trocam de tema
Apenas emprestam um final feliz para a velha história.
No sopro de um suspiro, no embalo da saudade,
Voltam imagens e sensações para perto de mim.
Mais que o vivido, transcrevo o desejado;
Quando o que somos hoje não faz jus ao passado
Quando o que fomos se apagou na linha do tempo.
Uso palavras para revisar antigos sonhos
Distribuo com cuidado sobre as linhas da vida.
Talvez redescubra esperanças perdidas.
Talvez elas tragam de volta minha maior alegria...
Ou, simplesmente, o amor que eu vivi com você!
Espaços...
Entre eu e você existe um espaço...
Ora preenchido de silêncios...
Ora ocupado por afetos,
De pensamentos que fazem uma ponte,
De distâncias que se transformam em saudade...
Entre o seu coração e o meu existiu um sonho,
Por vezes ele é uma força que nos atrai ...
Ora, a dor que ele causa nos afasta.
Suas velhas certezas hoje são ilusões
Suas lembranças sufocam o coração de saudade.
Sem o seu, meu coração é um espaço vazio,
Sem o meu, seu coração é um espaço distante...
Se a matemática da vida somasse desejos,
De dois espaços eu faria apenas um -
Para ser, outra vez, ocupado por dois.
A história de cada um...
Observo que nem todos os seres conseguem ter consciência da própria história, enquanto a estão vivendo. Sentem-se empurrados pelos acontecimentos, como se eles fossem as águas de um rio caudaloso, que não conseguem controlar. Neste contexto é difícil ter certeza, se para onde elas os levam, é realmente onde querem chegar. O acontecer da vida vai deixando um rastro de insatisfação quanto ao vivido, uma sensação de que não foi conduzido, tal como se planejou. Na sobrevivência do dia a dia, os sorrisos tornam-se mais escassos, a convivência fica mais distante e indiferente com o mundo circundante e os pequenos obstáculos parecem intransponíveis. Com um tempo cada vez menos disponível para viver, instala-se a necessidade voraz de chegar, partir, encontrar, comprar, trabalhar, sem que se saiba exatamente para onde, porque ou para que. Com a mesma rapidez com que a vida acontece e se transforma, as relações tornam-se temporárias e descompromissadas, onde os sentimentos ficam de fora, o companheirismo e a compaixão ficam circunscritos a alguns poucos. Tudo indica que acumular saber, fama, objetos e riqueza não é suficiente para salvar do vazio que devora a muitos por dentro, que não sabem como preencher...
Personagem da Minha História
Eu me acostumei tanto à certeza de sua existência, mesmo distante, que não me preparei para a sua partida. E quando eu me vejo diante dessa nova ausência, tento ainda segurar o passado que vivemos, as pequenas esperanças e alegrias que compartilhamos. Mentalmente, quantifico e subtraio dos primeiros, os planos que não vivemos ou não conseguimos realizar juntos. Com todas as dificuldades naturais da vida, o saldo ainda é positivo. Só o presente não tenho como mudar. Diante dele, resta o silencio e a interrogação sobre como será o futuro sem você. Talvez seja preciso reorganizar os fatos e reacomodar lembranças, para seguir em frente.
Com um suspiro, reviro aleatoriamente o baú das experiências e repenso as vontades que surgem lá de dentro, com o objetivo de modificar os resultados atuais. Impotente diante dessa realidade, concluo que preciso estar sempre preparada para aceitar que os personagens que participam da peça da minha vida podem deixar de atuar, ainda que continuem vivos - no mundo ou em minha saudade. Em alguns casos especiais, a ausência será apenas um pequeno intervalo entre um espetáculo e outro da vida, que acontece sob a direção de Deus!
Cuide de suas palavras
Algo com o qual poucas vezes nos ocupamos em avaliar é a última coisa que dissemos a alguém, antes de nos afastarmos. Frequentemente deixamos esta eleição ao sabor do acaso, do nosso humor do momento ou de acordo com as emoções que eles nos provocam. Não há um cuidado consciente com as próprias palavras, como se sempre tivéssemos ao nosso dispor todo tempo da vida para desfazer possíveis mágoas que tenhamos provocado com elas em outro coração. Como, felizmente, as fatalidades não acontecem todos os dias, nem sempre somos sacudidos pela dor e continuamos em nossa inconsciência diária.
Na grande maioria das vezes, não temos presente que, de cada vez que pronunciamos palavras amargas e veementes, acionamos uma força invisível, capaz de criar barreiras e arrefecer sentimentos em quem as escuta. Fazem entrar em ação um mecanismo de defesa, com o intuito de preservar do sofrimento que algumas vezes elas provocam. Muito além de simples melindres, o distanciamento sensível é a consequência mais comum.
Se tivéssemos isto mais presente em nossa mente, cuidaríamos mais de nossas palavras e ações, sem apenas atribuir a outrem a responsabilidade sobre o que também cabe a nós evitar. Na ligeireza de extravasarmos nossos incômodos, não pensamos que o outro pode não estar mais ali, quando nossa saudade provocar a vontade de procurá-lo novamente. O arrependimento tardio de nossas ações não poderá reverter suas consequências.
Falsas Garantias
Muitas vezes observo uma tendência bem peculiar a cada um de nós, seres humanos, que nos faz encontrar um pedacinho de nossa própria história, nas outras histórias que acontecem a nossa volta. Motivados por pequenas semelhanças, torcemos para que especialmente estas deem certo. Quem sabe assim reforce nossa esperança e aumente a confiança na possibilidade de acertar o relógio de nossos sonhos com o dos fatos realizáveis.
Esquecemos que cada história é única, por mais pontos em comum que apresente com as demais. Mesmo quando se tenta repetir os mesmos passos, imitar as mesmas ações, dizer as mesmas palavras. Os seres que vivem essas histórias são únicos e nada se repete exatamente igual para todos, em razão das múltiplas circunstâncias que acionam cada movimento. Cada ação tem suas causas e as consequências de cada uma delas também são diferentes entre si. A possível semelhança entre as histórias não irá garantir o alcance de nossos sonhos. Isto é apenas mais uma distração, para não colocarmos a mão na massa de nossa felicidade.
Tramas da Tolerância
Mesmo que seja um estado desejado por todos e em todos os tempos, a maior ou menor tolerância diante das ocorrências do dia a dia é resultado de uma mudança que ocorre gradualmente em cada ser. As circunstâncias envolvidas podem ser favoráveis, mas o câmbio real irá depender da compreensão e receptividade de cada um. Em certos momentos, mais que uma opção, ela se torna uma exigência da vida, como única forma de nos adaptarmos às causas e consequências de nossas atuações.
Uma imagem simples para explicar como se dá esse processo na mente é a de uma peneira, com suas diferentes tramas. Quanto mais fina, menor é a tolerância e, consequentemente maior a possibilidade de guardar tudo que é pequeno e sem importância real para a vida – mágoas, tristezas, decepções, ressentimentos etc. À medida que a trama fica maior, todas as situações sem importância para a paz interior passam facilmente e fica retido na mente apenas o que é grande ou importante – sentimentos verdadeiros, em todas as suas formas de manifestação; conquistas, alegrias, recordações felizes, afetos, gratidão ou saudade de quem amamos etc. Fica fácil concluir que depende de cada um aumentar a própria capacidade individual de tolerar e fazer frente às adversidades, sempre que os desgostos e toda sorte de obstáculos tentam invadir e se interpor às próprias vontades, desejos e esperanças.
Contradições...
Enquanto estes enfrentam com humildade e determinação a reconstrução do caos causado pela ação das intempéries naturais, aqueles se fazem súditos de deuses perversos e destroem cegamente, motivados por interesses escusos e pelas próprias ações, o que outros edificaram através dos séculos.
De um lado, a reverência pelo esforço e o conhecimento ancestral impulsiona a reedificar. De outro, a idolatria pelo poder e pelo domínio conduz o esforço para ver quem destrói e mais mata que o outro.
De um lado, o silencio respeitoso pelos que se foram. De outro, gritos ensurdecedores antecipam a morte daqueles que ainda vivem e resistem.
Quando, finalmente, essas diferenças irão se transformar num impulso único para salvar a todos? Em que ponto da história a vida de um ser humano – seja branco, amarelo, negro; oriental ou ocidental, terá seu valor de cotação mais alto que o de barris de petróleo, armas, gases – nobres ou não?
Torna-se necessário acelerar transformações e favorecer mudanças em um tempo cada vez mais escasso, antes que a força da destruição humana supere, em muito, as intempéries naturais. E que restem bem poucos para recordar que aqui, tínhamos tudo e esquecemos – ou não quisemos preservar!
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