Observo que nem todos os seres conseguem ter consciência da própria história, enquanto a estão vivendo. Sentem-se empurrados pelos acontecimentos, como se eles fossem as águas de um rio caudaloso, que não conseguem controlar. Neste contexto é difícil ter certeza, se para onde elas os levam, é realmente onde querem chegar. O acontecer da vida vai deixando um rastro de insatisfação quanto ao vivido, uma sensação de que não foi conduzido, tal como se planejou. Na sobrevivência do dia a dia, os sorrisos tornam-se mais escassos, a convivência fica mais distante e indiferente com o mundo circundante e os pequenos obstáculos parecem intransponíveis. Com um tempo cada vez menos disponível para viver, instala-se a necessidade voraz de chegar, partir, encontrar, comprar, trabalhar, sem que se saiba exatamente para onde, porque ou para que. Com a mesma rapidez com que a vida acontece e se transforma, as relações tornam-se temporárias e descompromissadas, onde os sentimentos ficam de fora, o companheirismo e a compaixão ficam circunscritos a alguns poucos. Tudo indica que acumular saber, fama, objetos e riqueza não é suficiente para salvar do vazio que devora a muitos por dentro, que não sabem como preencher...
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