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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Boca vermelha



Ela compreendeu que havia caído outra vez na mesma armadilha, tão repetida e sempre ignorada, de seus sonhos voláteis! Podia sentar, chorar e reclamar da vida ou fortalecer o que ainda restava de sua razão e seguir em frente. Entendeu rapidamente que a última opção era a melhor! O mais difícil era engolir aquele nó que apertava sua garganta, espalhava-se pelo seu peito, fazia latejar sua cabeça e espremia seus olhos, querendo de alguma forma escapar. Contudo, decidiu que não deixaria que aquela dor estragasse os próximos minutos, dias, semanas ou anos de sua vida.
- Nada dura para sempre, pensou consigo mesma e chegou a sorrir diante do duplo significado daquela frase.
Caminhou em direção ao seu quarto e parou diante do guarda-roupa. Escolheu a blusa mais colorida, a calça jeans mais justa, a sandália mais alta e mais bonita. Vestiu-se cuidadosamente, maquiou-se e escovou os cabelos. Ao final, olhou-se no espelho e sorriu diante de tamanha transformação! Virou-se de lado e apreciou, criticamente, a visão que o espelho mostrava. Diante de seus olhos, a boca desenhada de vermelho retribuiu o sorriso. Ajeitou outra vez os longos cabelos com as mãos, pegou a bolsa e caminhou com passos firmes em direção à saída. Após um último olhar para o interior do apartamento, abriu a porta, apagou a luz e saiu...
Sobrepor-se à adversidade já estava se tornando uma atitude bastante comum aos seus dias.