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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A Mais Nova Lei...



Basta fazer uma rápida avaliação para concluir que existem muitos motivos na vida para a gente ser feliz. Entretanto, quase sempre teimamos em focalizar apenas o que não vai tão bem, enquanto pouco valorizamos nossas pequenas alegrias diárias.
Não sei bem se por missão ou intenção, tenho o sonho de transformar tuas dores em sorrisos e colorir teu olhar com as tintas da felicidade. Suavizar no teu coração a saudade, sem desmerecê-la, pois a saudade é a presença de quem partiu, mas ficou no coração. Distrair teus pensamentos a conversar sobre as coisas da Vida, as dores e as alegrias do Amor, as músicas que tocam a nossa alma ou tudo o mais que quiseres, enquanto passamos por caminhos floridos e ensolarados. Sei que nunca esgotaremos nosso assunto, pois quanto mais conversamos, mais desejamos continuar.
Ah, se poderes eu tivesse, como na canção antiga, instituiria uma lei que obrigasse a gente a ser feliz!

Horizontes Internos...




Montanhas desenham o belo horizonte de Minas e encantam meu coração, mesmo que hoje ele viva em horizontes retilíneos e internamente sonhe com outros horizontes, da mesma cor que colore o mar. Uma urgência se espalha pelo meu ser e deixa meu coração desassossegado. Tenho pressa em dizer todas as coisas que sinto e preciso enxergar os detalhes que me escapam, para fazer o que é realmente necessário. 
Mesmo assim, muitas de minhas palavras se perdem, por não encontrarem quem as acolha e escute, apesar de tentar perpetuá-las. O que sinto nem só a mim pertence e deve ser compartilhado, ainda que muitas vezes precise me afastar de corações que não consigam entender o meu. 
Enquanto vivo momentos felizes, penso em outros tantos que desejo viver, mas que não sei se terei condições de realizar. Ofereço o que tenho e aguardo, porque sou humana e não santa - desejo receber algum carinho em troca. Na solidão de minha alma, quero descobrir qual é a minha verdade, enquanto busco o que nem eu mesma sei dizer o que é.

 Aos meus horizontes internos...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Um Sonho de Flor


O sono vence a resistência de seus pensamentos e por fim adormece. Escondidos em algum canto da mente, os sonhos se preparam para brincar com suas lembranças. Seus olhos se movem sob as pálpebras inquietamente, enquanto eles o levam em suas asas através do mundo desconhecido e intrigante do inconsciente.  Ali, passado, presente e futuro se misturam, sem obedecer à ordem ou sentido. As imagens passam rapidamente e pouco consegue gravar do que vê, para reconhecer na vigília. De repente, como um sonho dentro de outro sonho, avista uma pequena flor a se balançar preguiçosamente nos braços do vento. O roxo vivo que pincela suas pétalas frágeis e sua forma delicada destacam-se em meio à paisagem incomum. Uma lembrança escapa da realidade e invade o sonho! Seria a sua Flor? A surpresa o acorda, mas a recordação traz consigo a imagem imprevista. 
Ainda sonolento, recorda a imagem que criara num aparente acaso da vida e fizera dela sua realidade perfeita, sempre ao alcance de suas alegrias, tristezas e sonhos. A mesma com a qual mantém conversas inaudíveis e confidências secretas, na solidão de seus pensamentos.
Naquela materialização talvez esteja o remédio para aliviar a dor de suas indagações e trocar seus pensamentos por outros mais felizes. Fez com que relembre o poder que tem o afeto e a amizade em sua vida. Muito mais que uma Flor, ela é um símbolo e ao mesmo tempo a certeza de que, em algum lugar, existe uma alma a zelar por ele.

Dedicado a todas as "flores" que cultivo em meu jardim...

Velha Melodia



Hoje o passado me visitou, chamado pelas notas de uma velha melodia. Sem que esperasse, ela trouxe lembranças e anseios de outrora, alegrias, amores - reavivou as cores dos sonhos e fez recordar que nem todas as minhas esperanças se realizaram!
Tantas mudanças ocorreram de lá para cá... Entre estradas coletivas e atalhos solitários, cheguei até aqui. Pergunto-me como seria o presente se minhas decisões passadas tivessem sido diferentes. Onde estaria se outras pessoas tivessem permanecido ou entrado em minha vida. Meus pensamentos abrem um mundo de possibilidades e perguntas para as quais não encontro respostas – apenas suposições.
A saudade não encontra atenuante e deixa a certeza que poderia ter feito muito mais e melhor. Mesmo assim, sou grata ao que tive, aceito o que tenho e luto pelo que posso ter, ainda que, no presente, meu coração continue a buscar por respostas.

Às melodias que encantaram a minha vida...

Espelhos





Com o novo dia que nasce chegam novos compromissos, esperanças e a certeza de que tudo continua neste plano em que vivemos. Ele traz também a urgência de acertar nossos relógios, para evitarmos novos desencontros! Chegas quando não estou e quando estou não chegas. Pelo nosso, hoje o tempo é de saudade! Olho para o céu azul e penso no teu mar, como se fossem espelhos de si mesmo... O primeiro abriga uma Flor, o outro, banha um Poeta. Na linha que une o céu com o mar, por vezes nos encontramos.
Na vida todas as situações têm seus motivos e seguem uma lógica que não podemos negar. Os sentimentos compartilhados se baseiam na certeza de que somos aceitos sem julgamentos. Eles são cultivados, dia a dia, pelo mesmo afeto, amizade, admiração e respeito com que despertaram.
Hoje sofro ao ver que sofres. Porém, por mais que eu queira, pouco posso fazer por ti. Ainda que teu sofrimento seja legítimo e real, a vida precisa continuar, ainda que não possas entender os motivos e objetivos de tudo isto. Entretanto, algo posso dizer-te: confia em Deus! Não apenas com palavras, mas com o sentimento que só Ele pode aliviar tua dor. Não podemos mudar a realidade e a saudade não pode se tornar uma tortura. Eleva teu pensamento e recupera teu ânimo. Transmuta tua força em gratidão e pensa que não temos respostas para a maioria de perguntas que nos afligem.
Caminho ao teu lado, mesmo que geograficamente distante. Esta é a magia dos sentimentos! Se aceitares, te darei um pouco da minha paz e um ombro amigo para confortar teus pensamentos. Melhor esta ilusão verdadeira que uma verdade que seja uma ilusão. Não por acaso nos encontramos...


Desejada Libertação!





 

 


Tão certo quanto um resultado matemático, os fatos que antes causavam sofrimento um dia param de doer e acontece a tão desejada libertação! É preciso apenas ter paciência até que as somas de todas as ausências, medos, inseguranças, tristezas, desamor sejam zeradas e passem a fazer parte de um passado que não desejo repetir.
Com a alma renovada faço as malas para seguir em frente. Lembro de colocar na bagagem o propósito de ser eu mesma, com possíveis qualidades e prováveis defeitos. Deixo para trás a ilusão de ser o que a imaginação ou a vontade dos outros inventou, mesmo sem pedir minha permissão. Entre o que posso ser e o que o outro quer que eu seja, existe uma diferença que fica evidente na convivência diária. Na verdade, esta é uma equação difícil de ser igualada e, por melhor que faça, sempre deixarei a desejar - até mesmo para mim. Já comprovei inúmeras vezes, que é impossível agradar a todos!
À medida que desapego-me da obrigação de ser o que não sou, tenho melhores condições de recuperar o controle de minha vida e caminhar para o futuro de braços abertos para o novo. Serei quem verdadeiramente sou, até onde e quanto consiga. Como não tenho qualquer garantia de que as minhas ações futuras serão acertadas, permito a mim mesma mudar de opinião sempre que os fatos estiverem em desacordo com meu compromisso de ser feliz!

Ao novo!

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Pegue o Caminho Mais Longo...



A vida acontece e a cada dia trilho caminhos que levam e trazem minhas esperanças, alegrias, tristezas, amores... As rotas se misturam e se cruzam rapidamente. Quando se repetem, dificilmente acontecem da mesma forma ou pela mesma pessoa. Afinal, a vida não costuma dar uma segunda chance facilmente.
Nesse ir e vir diário, já escolhi o caminho que acreditava ser o mais fácil e depois descobri que era o mais difícil.  Já me deparei com algumas encruzilhadas e tomei à rota que me pareceu a melhor. Depois tive que refazer todo o trajeto, para recomeçar outra vez. Já iniciei percursos sem vontade de chegar ao meu destino, para evitar a rotina que me aguardava. Ou desejei permanecer aonde cheguei e assim evitar que a saudade de quem deixaria na partida, voltasse a incomodar. Já fiz malabarismos para encontrar o caminho mais curto, só para ter a chance de rever um ser querido. Já desejei voltar mais tarde, quando perdi quem seria difícil eu esquecer.
Entre chegadas e partidas, já atrasei o horário de sair por medo, já cheguei adiantado por amor. Já voltei mais rápido de saudade, já quis ir embora e nunca mais voltar. Com tantos objetivos e trajetos a cumprir, em algumas situações a única forma de acalmar o coração é simplesmente tomar o caminho mais longo. Entre a reflexão e o prazer da viagem, deixo-me levar pela paisagem que acontece do outro lado da janela.


Um pequeno apanhado das minhas "viagens" pela vida afora...

Sobre Lobos e Cordeiros...




Todos nós envelhecemos...os canalhas também! Nada mais certo que esta afirmação. A própria história mostra a existência daqueles que usam da boa fé - ou ganância dos demais, para se dar bem. Cabelos brancos ou o passar do tempo, por si sós, não conferem honestidade e bondade extra a ninguém. Muitas vezes apenas escondem as más intenções e os maus hábitos cultivados ao longo da vida. A experiência em roubar disfarça-se em sabedoria adquirida para ajudar os mais ambiciosos, digo, necessitados. Porque estamos cansados de saber que, nos dias de hoje, nada vem de mão beijada para ninguém. Mesmo assim, existem aqueles que ainda caem no golpe do “bonzinho”, reafirmando o ditado - quem vê cara, não sabe o que se passa no coração. Quando o que foi por longo tempo camuflado vem a público, todos sofrem, mas poucos aprendem com a comprovação. A verdade descoberta não impede de caírem no próximo marketing pessoal de um mal intencionado – uma e outra vez!
Mesmo cientes dessas manobras, temos muita dificuldade para separar o joio do trigo. Ficamos cada vez mais acuados dentro das nossas quatro paredes. Cada vez mais desconfiados e indiferentes diante de possíveis manifestações de bondade, sinceridade ou de dor alheia.
Hoje vemos cargos importantes sendo ocupados por incapazes. Vemos ignorantes impondo suas teorias absurdas a letrados. Falsos gurus sendo reverenciados porque se intitulam sábios. Para pegar-nos desprevenidos frente ao golpe fatal, encenam, distraem-nos e disfarçam-se, tal como lobos em pele de cordeiro!  

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Rombo na Alma Nacional






Fisicamente distante das serras de Minas, olho o horizonte retilíneo do planalto central que se desenha do outro lado da minha janela. Um estado de perplexidade ainda entorpece minha mente! Refaço mentalmente os caminhos que percorri antes de chegar às terras brasilienses. Apesar do tempo e da distância, conservo vivo o sentimento de amor à terra natal que meus pais me ensinaram. Permanece a importância de valorizar minhas origens, os feitos e as pessoas de minha terra. Isto sempre foi uma questão de honra!
O que constato agora é que, apesar de todas as nossas raízes, muitos ignoraram o caminho que nos levaria a alcançar os resultados esperados e desejados pela maioria. Mesmo que ele não fosse o mais fácil, poderia ser o mais curto para anteciparmos a possibilidade de um "ar novo" correr sobre as terras da nação brasileira. Entretanto, o caminho escolhido anuncia-se longo e talvez também o mais árduo.
Chorar sobre o leite derramado não faz mais sentido. O que faz sentido é restaurar o rombo na alma nacional, resgatar a união de todos – de norte a sul, de leste a oeste, pois todos somos filhos da mesma nação. É preciso vislumbrar um bem maior do que aquele que cabe no meu bolso e lutar para que todos tenham um lugar ao sol pelo próprio esforço, preservando a própria dignidade. Porém confesso: o que  mais dói é a sensação de que um filho da terra foi traído.  



Dedicado ao coração de Minas...

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Sim... eu sou Feliz!







Outra vez a minha vida inicia um novo ciclo! Mesmo que não possa afirmar que os que se passaram tenham sido só de alegrias, garanto que, sem exceção, deixaram um saldo positivo de aprendizado para mim! No ponto em que me encontro, tenho mais a agradecer a Deus do que a pedir. Ainda assim, Ele sempre me deu muito mais do que esperava merecer.
No dia de hoje, eu que desejo agradecer a vocês! Entre as lutas e vitórias, cada um e a seu tempo, tornou-se um agente insubstituível para fazer da minha, uma história mais feliz! Meus saudosos pais, meus amados filhos, queridos irmãos, familiares e amigos. Minha eterna gratidão a todos - aos que estão sempre por perto; aos que estavam longe e retornaram; aos que estão distantes, mas permanecem próximos e aos que o tempo levou para longe, mas que sempre terão um lugar reservado em meu coração.
O que sou hoje, em grande parte devo a cada um de vocês!

Dedicado à Amizade e à Vida...

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Cheiro de Eternidade...



 
Temos tanto em comum e ao mesmo tempo parece que temos tão pouco... Isto talvez seja o que nos aproxima e  equilibra nossos opostos. Na vida acontecem surpresas, alguns encontros verdadeiros, amores soprados e sussurrados ao vento. O que a nossa imaginação cria parece mais real que as palavras. Cada instante vivido tem cheiro de eternidade, mesmo que seja apenas enquanto dure.
Enquanto tentamos espionar através da janela do futuro, deixamos de ver o que acontece no presente. Provavelmente por isto, decidimos fechar suas venezianas e abrimos espaços entre os ponteiros do relógio... Neste tempo breve esquecemos diferenças, preenchemos distâncias, sem compromissos, credos – ou a ausência deles. Apenas estendemos os braços para abrigar a alma que nos visita e se revela. Cada segundo roubado do tempo é vivido intensamente! Cada palavra trocada é sentida com o coração! Para hoje, amanhã é apenas um dia no calendário, sem qualquer garantia de que venha a existir. Os rumos de nossas vidas não são decididos apenas por nós. Nada temos e nada levamos! Mas o que o outro desperta em nós, isto fica e já nos pertence!

Um Conto Sem Ponto



Era uma vez um jardineiro que cultivava em seu jardim flores exóticas, perfumadas e lindas. Cuidava do jardim incansavelmente, para que ficasse cada dia mais bonito. Revolvia e adubava a terra, tirava as ervas daninhas que apareciam, fincava estacas para amparar e direcionar os caules mais frágeis. O resultado de seu trabalho era extraordinário! As flores cresciam em profusão, cada uma mais bonita que a outra e o perfume que exalavam impregnava o ar deliciosamente. Ele só tinha  um receio - que mãos desconhecidas violassem seu colorido tesouro. Para se manter lindo seu jardim deveria permanecer intocável.
Depois de muitas e cansativas recomendações as pessoas perderam o interesse - passavam pelo jardim, indiferentes e distraídas, como se ele não existisse mais. Contudo, isto não parecia incomodá-lo, tão ocupado estava em manter sua beleza!
Certo dia, uma menininha que brincava na rua parou diante do portão da casa. Ao olhar por entre as grades avistou os canteiros floridos.  Ficou maravilhada! Quando viu o jardineiro, perguntou se ele poderia lhe dar uma daquelas lindas flores.
Imediatamente, ele respondeu:
- Não, de jeito nenhum!
Sem dar-se por vencida, a garotinha explicou que era aniversário de sua mãe. Queria apenas lhe dar uma flor de presente, já que não tinha dinheiro para comprar algo tão lindo assim para ela.
Mesmo verdadeiros, seus argumentos não conseguiram tocar o coração do jardineiro. Ainda sem entender porque ele não podia lhe dar uma flor - já que tinha tantas, voltou a brincar e logo estava sorrindo outra vez.
Muitas vezes eu me sinto como este jardineiro, apegada a coisas pequenas e sem importância, sem finalizar o aprendizado necessário. Nestes momentos salva-me a reflexão de que tudo que sou, tenho e faço tem um valor ainda maior quando compartilho com os seres que eu amo. Meu jardim é meu coração e minha casa!  A solidão, na maioria das vezes, é uma criação pessoal, quase sempre decorrente de minhas escolhas e atitudes.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Meu Mestre!




Bem ali se encontra a verdade,
Mesmo que nem todos a consigam ver,
Apesar de tão simples, tão clara!
Seu primeiro impulso é sacudir a inércia,
Banir os preconceitos - grandes viseiras da inteligência,
que não deixam enxergar o óbvio.
Detém o movimento – deve respeito ao outro ser,
Aceitação de seus limites. Pode ensinar,
sem o dom de viver ou por ele aprender.
Aquieta a mente, busca outra forma de ensinar.
Por vezes sente cansaço, tristeza que oprime o peito,
Sabe que a vida e o tempo estão a se escoar.
Muitas lutas são perdidas por tão pouco...
Bastaria mais um esforço, um leve movimento.
No desprender das amarras a mente se emancipa,
Assina a própria liberdade!
Depois de tanto querer, sente a lucidez repentina,
Retira o véu que encobre o entendimento.
O ser que aprende queda-se maravilhado!
Mais um passo foi dado no caminho da real libertação...


Dedicado aos verdadeiros "mestres" que encontrei em minha vida...

domingo, 12 de outubro de 2014

Ser de Novo Criança...


 
penso atender ao convite,  
de um poeta amigo meu
hoje vou buscar a criança  
guardada em meu coração.
quero viver este dia
como muito já fiz antes!
vou pular amarelinha
cantar bem alto a cirandinha
acreditar por instantes
que esta rua seja minha.
leve e livre de tristezas
vou soltar pipa no parque
comer muito algodão doce -
pipoca e cachorro-quente,
sem as recomendações
que os mais velhos faziam antes.
 
vou espalhar ao meu redor
risos de alegria pura
gritar, correr e pular...
hoje, vou soltar minha criança!
 
vou esquecer por um dia                                            
que este tempo bom passou
que a fantasia acabou
que a infância já vai longe.
vou brincar até cansar!
e quando a noite vier
quando o cansaço apertar
vou banhá-la e vesti-la,
pentear os seus cabelos
depois beijá-la com carinho
ajeitá-la outra vez num cantinho
dentro do meu coração...
 
Dedicado a todas as crianças de minha vida...

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Histórias Reais



Nem todas as histórias são perfeitas e nem terminam com - “e foram felizes para sempre”. O que contamos como certo não acontece e o que parece impossível se realiza.
Nas histórias reais não se trocam os personagens ou saltam-se as partes menos desejáveis, nem se muda o final. Nelas acontecem lutas, sofrimentos, desavenças, ou desencontros sem reconciliações. As dores demoram mais tempo para serem superadas; as doenças chegam quando menos esperamos. A saudade machuca e não há como curá-la sem uma boa dose de tempo. A morte leva definitivamente quem amamos ou quem amamos segue em frente, nos deixando para trás (ou apenas o preparamos para ser feliz longe de nós). Juramos amor eterno e esquecemos; ou não conseguimos esquecer quem não nos quer.
Nas histórias reais a dor vira aprendizado e repetimos os mesmos erros, mesmo desejando que eles deixem de se repetir. Nem tudo acontece conforme nossos planos!
Mesmo com muitos acontecimentos inesperados, desfruto de todos os bons momentos e me capacito nos ruins. Porque na minha história real também aprendo a ser feliz!

Lenta Metamorfose






Retiro de meus ombros as ilusões que carreguei por um longo tempo, para reduzir o peso dos sonhos fantasiosos que o meu passado inventou.
Troco as lentes cinzentas que me impediam de ver a beleza à minha volta, para enxergar através do olhar colorido da criança que ainda existe em mim.
Abafo o murmúrio incessante dos pensamentos, para ouvir os sons e as palavras que me envolvem, os sussurros da natureza que se transforma à minha volta e desabrocha para a vida.
Conduzo meus pés por novas trilhas, para criar caminhos que me levem muito além das estradas que não foram construídas por mim.
Saboreio cada detalhe do percurso e faço de cada pausa um momento de reflexão, para libertar-me da conhecida ânsia de chegar e da velha pressa de partir.
Redescubro-me a cada dia e enxergo-me sem fôrmas ou formas pré-estabelecidas, para conhecer minhas limitações e poder um dia superá-las.
Aprendo que as mudanças, para serem efetivas, devem acontecer a passos e não com bruscas rupturas, se quiser adaptar-me às lentas e constantes metamorfoses da vida.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Reverência!





Pelo retrovisor vejo o sol vermelho, no entardecer do céu do planalto. O que a imagem tem de  incomum é que os últimos raios formam um triângulo perfeito de luz, por entre as nuvens vermelho-escurecidas. Meu primeiro impulso foi parar o carro e eternizar aquele momento único numa fotografia, como uma forma de reverenciar a beleza e a diversidade de formas com as quais a natureza nos brinda diariamente.
A cada dia o sol nasce e se põe formando visões diferentes de cor e luz, que inúmeras vezes nos deixam sem fôlego, de tão belas. Para a natureza isto é indiferente. No seu existir belo e silencioso, ela trabalha incansavelmente para proteger e manter a vida no planeta. Em troca pede apenas amor, respeito e cuidado. Aqui é a nossa casa, nosso cantinho dentro do universo. O pequeno planeta azul que guarda a existência humana.
Cuidemos dele, antes o arrependimento tardio já não nos salve da extinção.


Dedicado a todos nós...

 

Cuidados...






 


Gosto de pensar que ainda cuido um pouquinho de ti, apesar da visão pessimista que muitas vezes tem de si mesmo. Observo que nossa troca de experiências nos enriquece e amplia a visão dos seres que nos cercam. Sobretudo aprendemos, mais que conviver com as nossas diferenças, a aceitá-las e respeitá-las.
Ao contrário do que acontece em nossa amizade, de um modo geral a convivência entre as pessoas tem se tornado a cada dia mais fria e distante; mais egoísta.   A superficialidade supera a profundidade; o temporário ocupa o lugar das coisas duradouras... “Juntos, até que a próxima novidade nos separe!” Poucos desejam se envolver ou se comprometer realmente com o outro. Quando aparecem problemas, então, nem pensar! Por isso a maioria acorda e dorme no mesmo estado de solidão coletiva e intriga-me o modo como somos capturados nas armadilhas que sempre se repetem.
Ainda assim, nem tudo é o que aparenta ser! Quando oferecemos um pouco mais do que é esperado ou praticado na bolsa de valores dos relacionamentos, pequenos gestos de carinho, atenção e consideração fazem verdadeiros milagres para um coração dolorido. Porque, no fundo, é isto que todos desejam dar e esperam receber.  Amar e ser amado por aquele ser que nos faz bem... O que vier depois disso é complemento. Importante é ter muito cuidado para não oferecer mais do que consegue dar...

Dedicado aos amigos especiais...

Ganhar e Perder - Dois Lados da Mesma Moeda






Diariamente vivenciamos vários tipos de perdas. Com raríssimas exceções, elas costumam envolver sofrimento, adicionado muitas vezes de revolta, amargura, incompreensão. Não é fácil perder o que se tem; quem se tem (ou que se acha que tem), o que se espera. Abrir mão do que é parte de nossas certezas, sonhos,  esperanças, rouba uma parte do nosso amanhã e antecipa o vazio da ausência. Talvez por isso, até a felicidade algumas vezes nos dê medo, porque um dia ela pode acabar...
Ganhar, ao contrário, é soma. Acrescenta, enriquece, alegra, amplia. Pessoas, objetos e posses; saúde, carinho, amor... Qualquer um deles dá mais vida, à vida de quem o recebe. Por isso nos agarramos a tudo aquilo que nos transmita uma sensação de estabilidade.
Na prática, as coisas não são divididas dessa forma – de um lado ficam as perdas, do outro só os ganhos. Os fatos se misturam, se alternam e mantêm a nossa certeza de que nada é definitivo nesta vida. Constante mesmo é a nossa resistência a tudo que nos tire do ponto de equilíbrio.
Diante desse aparente antagonismo, talvez a melhor opção seja ensaiar perdas e ganhos a cada dia, como forma de fortalecer o caráter. Treinar exaustivamente para viver dignamente qualquer uma das duas situações. Aceitar e desfrutar das coisas boas com alegria, gratidão - mas sem apego. Ou viver as perdas sem deixar que contaminem a essência da vida, com a certeza de que tudo pode melhorar a qualquer momento. 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Apenas Flor...



 
 
A magia da renovação acontece ao meu redor! Os dias claros e quentes antecipam a nova estação. A aproximação da primavera traz com ela esperanças novas, anunciadas pelo compasso harmonioso e lento do desabrochar das flores.  A vida humana se entrelaça com a vida da natureza e coisas estranhas começam a acontecer dentro de mim. Personagens se misturam e já não sei se sou apenas mulher ou se tenho algo de flor - no nome, no florescer de sentimentos que foram guardados por longo tempo. Mesmo sem poder afirmar que sou a flor preferida, minha certeza é que na primavera todas florescem...
Através da janela aprecio a linda manhã ensolarada! Destacando-se contra o azul do céu, por toda parte os ipês colorem a vida e alegram os olhos! Diante de tanta beleza, assim como eles quando florescem, quero ser só flor!

Para a primavera que acontece em mim...

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Testemunhas da Felicidade...







Ninguém vive os acontecimentos da vida de forma igual. Existe aquele que se coloca cautelosamente ou de maneira indiferente, diante da dor ou da alegria alheia. Como mero observador, não defende ideias, não desempata dúvidas, não vibra com as vitórias. Mantém-se frio e indiferente diante da vida que acontece ao seu redor.
Em contrapartida, outro se coloca como co-participante de cada evento, por mais simples e despretensioso que pareça ser. De pequenos gestos aos grandes feitos, todos merecem o selo de sua atenção. Muito mais que simples testemunha da felicidade, quer vivenciá-la em seu dia a dia e compartilhá-la com aqueles que o cercam. Ele a realimenta, diariamente, com a gratidão natural dos que sabem valorizar o dom sagrado da vida. É espontâneo, empolgado e vive cada instante como se fosse o último ou o mais importante para ele. 
Acredito que as duas modalidades coexistem em cada um e se manifestam, ora uma, ora outra - conscientemente ou inconscientemente, sob a permissão dos pensamentos que estão abrigados na mente. A cada nascer do sol, posso decidir quais ações quero praticar, para mudar a história do meu próprio destino.

A Volta do Poeta...



 
 
O poeta ficou cansado de colher sua poesia pelos caminhos do mundo e decidiu se esconder nos últimos tempos. Manteve-se quietamente acomodado no fundo de sua alma, agasalhado de suas lembranças, sem palavras para descrever o que se agitava dentro dele. Sua bailarina  havia partido, quem sabe em busca de um coração mais acolhedor. Suas angústias a haviam deixado perdida, enquanto a alegria dela era uma afronta para sua dor de viver.
Entretanto, ela permanece dentro dele, como uma esperança a se realizar. Sua lembrança é um pequeno raio de sol, morno e confortador, que aquece seu corpo e ameniza a rigidez de seus pensamentos. Envolve seu coração como uma música suave e arranca suspiros profundos de sua alma, comprovando que ainda conserva sua capacidade de amar.
Ele tem diante de si uma porta, que pode abrir e voltar para a vida. É só seu o poder de concretizar o impulso para rodar a maçaneta. Precisa apenas vencer o que o impede de transpor os limites de sua dor e aceitar o que não pode mudar. 


Dedicado a todos os poetas da vida...
 

De Volta ao Passado...




Uma situação vivida me fez pensar que temos na mente sensores fantásticos, que são acionados de forma inesperada, ou quase mágica, diante de certas circunstâncias. Pode ser através de uma música, um perfume, fotografias do passado, palavras e frases que foram empregadas em situações semelhantes. A mente, ao captar essas energias sutis, inesperadamente me transporta a outra época, lugar, situações já vividas, sem que tenha controle imediato sobre o processo. Ela atrai para o presente, cenas específicas e fatos concretos que irão dar forma à emoção. Ou apenas chama pelo nome a saudade que está adormecida dentro de mim.
Por vezes a energia captada é tão intensa, que faz com que recorde o momento exato, o fato concreto – o beijo, o olhar, a dança, o abraço, o sentimento - ou suas causas e consequências.
Oscilo entre o presente e o passado; entre a realidade, o sonho e a ficção. Neste instante mágico, quem fui dá vida a quem sou hoje, através da recordação.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Velhos Heróis




Ultimamente, tenho procurado evitar os noticiários televisivos. Eles pouco ou nada esclarecem sobre o que realmente acontece nos bastidores da política nacional, enquanto disseminam o medo e a revolta diante de causas e consequências que não temos o poder de mudar. Isto fere profundamente minha inteligência e vai contra meus direitos de cidadã. Por outro lado, tenho o direito de avaliar os fatos observáveis e refletir sobre o atual panorama político/social de nosso país. De longe sabemos o real objetivo para tantas ajudas, tanto apoio para manter a carência dos menos favorecidos. Esta pseudo bondade, na realidade camufla a vontade de enfraquecer as convicções de alguns sobre a própria capacidade para fazer frente aos desafios da vida. Alimenta a dependência para garantir sua fidelidade, presos na teia de seus interesses escusos.
Existem pessoas que ainda acreditam que os programas sociais abrem oportunidades aos menos favorecidos. Que sem eles não teriam como fazer frente às despesas básicas da educação, para conquistar sua futura liberdade. Apenas desconsideram a propensão humana ao comodismo, frente às contínuas facilidades. Ou fazem vista grossa para os desvios oportunistas dessa mesma verba, para atender outros interesses e despesas não essenciais. Hoje o trabalho, que sempre dignificou o homem, tornou-se desnecessário para os mesmos que recebem migalhas do governo. 
Através da tela da reflexão, repassei as mudanças sócio-econômicas que ocorreram nos últimos cinquenta anos no país. Recordei famílias numerosas que venciam suas dificuldades sem as atuais “bolsas e afins”, apesar do orçamento familiar apertado. Nossos velhos heróis valiam-se da criatividade e encaravam sacrifícios inevitáveis para fazer frente a elas. Sempre encontravam uma saída para contorná-las sem transformar a própria dignidade em moeda de barganha. As soluções, apesar de não serem as mais fáceis, eram sempre inteligentes. Não havia desperdício, nem vaidades supérfluas. Os pais ensinavam os filhos a valorizar o que podiam oferecer, mas, especialmente, ensinavam como resolver as dificuldades e assumir as próprias responsabilidades, sem a necessidade de repassar a conta para quem não a criou. Ensinavam que nada se conquista sem esforço na vida, que os desafios são etapas a serem vencidas e não obstáculos que se antepõem ao sucesso. A única bolsa realmente cobiçada era o prêmio pelo estudo dedicado, sem cotas ou distinções que não fossem as conquistadas pelo mérito pessoal.
Concluo que a mais digna ajuda que um país pode dar aos seus cidadãos é a garantia de estudo de qualidade e gratuito para todos; o direito de ter a saúde cuidada, a cidade limpa, meios de transporte adequados e seguros, estradas que não ofereçam riscos à vida, oportunidades de trabalho para todos arcarem com o próprio sustento. Parece mais fácil deixar como está. Só o tempo irá revelar as conseqüências dolorosas que resultarão dessas migalhas.

Mapa do Tesouro





Caminho mais devagar, enquanto olho com mais atenção para o que me cerca. Já não vejo mais sentido em correr tanto porque a pressa não me levará para um lugar melhor e nem mais bonito do que este que estou no presente. O que antes era considerado como fundamental se torna supérfluo. O que era prescindível se torna fundamental para alimentar as minhas pequenas porções de felicidade. As exigências diminuem, enquanto a tolerância aumenta, abrindo caminho para estar bem comigo mesma e com o mundo. O que preciso hoje é bem diferente do que valorizei um dia. Basta receber um sorriso verdadeiro, um abraço que realmente acolha, um beijo que demonstre carinho, uma palavra amiga – dita ou ouvida com atenção. Tudo se transforma ao meu redor e dentro de mim. Nem beleza, nem dinheiro são sinais significativos para chegar ao amor, porque ele tem outra origem e um valor inversamente proporcional ao que antes considerava como necessário. O verdadeiro tesouro é ser feliz! É compreender que o amor muda de forma e de imagem, porém, mais do que antes, é gratificante e faz agradecer ao universo sua existência em meu coração e em minha vida.

Última Verdade




A realidade, disfarçada de historinha infantil, fez-me mergulhar nas águas de minhas lembranças... Seguramente estabilizada no presente, percebo que muitas vezes o passar do tempo distancia-me de fatos relevantes que serviram de base para o ser que me tornei. Os acontecimentos apenas vão se sobrepondo em uma pilha interminável. Ficam aparentes os momentos mais recentes – algumas consequências de ontem e prováveis causas de amanhã. Estas pequenas frações de vida, somadas, justificam os momentos atuais. As escolhas assumidas determinaram quem ficou ou saiu da minha vida ou porque as coisas aconteceram de uma e não de outra maneira. O único fato inquestionável é que, para avaliar os resultados de hoje, preciso considerar todo o ocorrido durante o trajeto.
Ao assumir a responsabilidade pelo que tenho e sou hoje, constato que não fiz tudo que quis e que não sou tudo que sonhei. Nem tudo que aconteceu me fez feliz e nem tudo que me fez feliz eu planejei conscientemente. Se quero mudar o rumo dos acontecimentos, preciso antes mudar a mim mesma. Minha última verdade é que eu me construo um pouco a cada dia e acrescento etapas novas às edificações anteriores. Mesmo assim, provavelmente partirei sem ter completado a minha construção.




Evidências...





É quase impossível manter-se indiferente diante dos últimos acontecimentos. Apesar da sensação de impotência que deixa a todos acuados, um clamor íntimo, misto de vergonha e revolta, ecoa entre as paredes da sensibilidade e responsabilidade pessoal do cidadão comum. Enquanto tudo é possível e permitido para uma minoria, a grande massa luta para pagar a própria sobrevivência e a do alheio, mesmo que este alheio seja o seu próprio executor. Dois pesos, duas medidas. O privilégio de uns poucos interfere e vai contra todos os Direitos Humanos (?) dos demais.
Para aumentar a nossa insegurança, a impunidade agora se estende à marginalidade. Continuam a matar, com ou sem motivo algum, pois a passagem pela cadeia é transitória. A menoridade os protege de tudo – da lei ou da reação dos parentes de quem mataram a sangue frio e até da lei. A segurança pública está um caos, na cidade que antes oferecia a melhor qualidade de vida do país. Moradores responsáveis são assassinados sem que se comprove a iniciativa de protegê-los, por parte das instituições que existem para isto. As reações são seletivas e quando acontecem, são dirigidas para casos de interesse pessoal das corporações.
Diante das últimas evidências, pergunto-me: para que lado caminha a humanidade?
 

A Conta é Sua!




 
Pouco importa se você não gastou. De qualquer forma, vai pagar a conta. Injusto? Certamente. Na vida pessoal, no máximo pagamos a conta de um filho, eventualmente de um irmão ou um amigo. Para pai e mãe pagamos sempre que for necessário. Afinal, todas estas pessoas apostam para ver e fazer você mais feliz.
No caso atual, você não viu a mercadoria e nem aprovou a compra. Não tem qualquer vínculo com quem pediu, não vê nenhuma utilidade no que foi comprometido ou construído. Nada do que está ai vai melhorar sua ou a vida de todos que vivem neste país. Ela só serviu para enriquecer a muitos. Uma parte fica com aqueles que seu salário paga, mas que não estão nem aí para o valor astronômico da conta que não irão pagar. A outra parte vai para os que nem aqui moram. Não fazem nada e recebem adiantado, para evitar prováveis calotes. O rombo que fica para trás não é problema deles. Os bobos da corte que se virem.
A sensação que fica é a mesma de chegar a um restaurante e, compulsoriamente, ser-lhe apresentada uma conta astronômica, sem que possa pedir ou comer prato algum.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Com todo meu amor...




Mãe, ontem seria comemorado mais um aniversário seu, mas foi apenas outra data que passei sem você! Caminho no tempo e colho as tristezas e alegrias compartilhadas ao longo de nossa vida em comum e, inevitavelmente, sua saudade volta a doer. Só a certeza de seu amor, que permeia todos os instantes, preenche o vazio de sua ausência. Tudo se mantém quase igual ao que era antes.
Já se vão quase 27 anos desde que você partiu, mas seu exemplo continua presente na vida de seus filhos, netos e amigos que tiveram o privilégio de sua convivência. Com pequenas atitudes você conseguia realizar grandes resultados. Suas decisões eram sempre firmes, para proteger ou vencer aos desafios de educar seus oito filhos, desdobrando-se em seus diferentes papeis: mãe, esposa e companheira; de filha e irmã. Sobretudo, de uma grande amiga de todos nós.
Entre tantas manifestações de seu amor, lembrei-me hoje de um caderno que você escreveu para mim, quando a vida e o casamento levaram-me para as terras distantes do planalto. Registrou carinhosamente em suas páginas pequenas dicas para o meu dia a dia de dona de casa inexperiente: o que fazer ou não fazer, a melhor maneira de fazer, de cuidar, de organizar. Receitas simples e fáceis para surpreender agradavelmente o amor que me levou para longe de você. Até cheguei a pensar, do alto de minha (in)suficiência juvenil, que tudo aquilo era um pouco de exagero de sua parte:
 "– Duvidaria de minha capacidade?" cheguei a perguntar. 
Só depois compreendi que apenas procurava preencher a distância física que eu estaria de seus cuidados, de seus conselhos e de seu amor de mãe. Hoje este caderno já passou para uma de minhas filhas para, quem sabe, um dia fazer por ela o mesmo bem que fez para mim.
Ainda que muito carinhosa, sei que não fui uma filha perfeita. Não segui todos os seus conselhos, nem recebi seus cuidados sem reclamar. Depois a vida se encarregou de mostrar e ensinar que você teve razão em todas as suas advertências, pois na juventude não sabemos identificar todos os perigos da vida, disfarçados de oportunidades. Apenas afirmo que em nenhum momento duvidei de seu amor, até mesmo quando ainda não estava preparada para valorizá-lo.
Se hoje eu devo ao meu próprio esforço a vitória sobre as lutas diárias, sei também que devo ao seu amor, seus cuidados e seus ensinamentos a força de permanecer na trilha certa, sem desfalecer.


"In memoriam" deste ser especial que tive o privilégio de chamar de "mãe"!