a casa dos meus sonhos,
não é grande nem pequena -
tem o tamanho certinho,
para abrigar um amor.
sua aparência é graciosa,
encanta os olhos que passam.
coloridas floreiras nas janelas,
deixam um perfume gostoso no ar.
logo na entrada há uma varanda
com mesinhas e cadeiras arrumadas.
entre as pilastras, fica uma rede,
num cantinho discreto, uma namoradeira,
para em noites de lua cheia
ficarmos eu e você a conversar.
é bem mimosa esta casinha...
alegre, aconchegante e fresquinha
como convém a um Doce Lar.
no quintal tem uma jabuticabeira
amoras, frutas do conde e uma parreira
que fazem a festa para o paladar.
esta casinha tão simpática
tem um endereço especial:
fica na Rua da Esperança
esquina com a Rua da Conquista
conta os sonhos de uma vida
guarda os desejos do coração.
esta casa tão perfeita...
que não é muito grande,
muito menos pequenina
a felicidade pensou e criou -
com toda a certeza,
só para abrigar o nosso amor...
À casa que um dia sonhei...
blog
terça-feira, 20 de julho de 2010
Só um mero impulso
Seu olhar se alonga, a percorrer o horizonte à sua frente, onde nuvens escurecidas fecham a visão. No final de uma tarde qualquer, cai uma chuva fina, fria, monótona, constante... Seu coração se aperta e se irmana com a tristeza expressa na natureza, enquanto percorre caminhos de fora e de dentro. Seu pensamento flutua! Esforça-se por soltar os fios embaraçados do velho novelo, para tecer um final diferente para a sua história - antes que passe ou acabe! Precisa encontrar a ponta da meada, mas o fato concreto é que mais uma vez ela lhe escapa!
Enquanto segue um fio e outro de seus pensamentos, seu olhar sai pelo retrovisor. Surpreende-se! Através do espelho avista o caminho que segue em sentido oposto. Tenuemente iluminado pelo sol do entardecer que se mistura com a chuva, forma uma visão tão encantadora que segura seu pensamento! O contraste da cena desperta-lhe a vontade de dar meia volta e seguir naquela direção, que parece terminar dentro do último raio de sol! Mas, é só um mero impulso, que o horário já apertado para chegar à reunião a inibe de colocar em prática. Porém, a imagem fica presa nos seus pensamentos e segue com ela, como uma vontade a realizar. Leva dentro de si a beleza e a promessa do sonho... enquanto dirige no rumo já estabelecido, no final de uma tarde qualquer, enquanto cai a mesma chuva fina, fria, monótona, constante...
Ao acompanhar a cena que transcorre na tela à minha frente, detive-me a pensar... Quantas vezes já passei por situações semelhantes? Quantas vezes já senti vontade de virar o jogo, seguir meus impulsos, arriscar o novo, fazer uma direção oposta à originalmente escolhida? Na maioria das vezes, os velhos padrões, limites e compromissos arrastam-me para a frente! Ainda que não sejam as opções escolhidas pelo meu coração; ainda que não sejam aquelas que podem fazer de mim um ser mais feliz! E deixo o instante, o fato, a oportunidade ou a pessoa que pode ser única, passar ao largo de minha história...
Uma lição de amor
Nesta grande jornada da vida,
Muitos caminhos se unem,
Outros, apenas se cruzam,
Alguns poucos permanecem sempre juntos,
Mesmo separados pelo espaço.
Acasos não acontecem nesta terra!
Se nem sempre encontramos o porquê,
Podemos buscar o para que.
Promover conhecimento mútuo,
Expansão de consciências.
Fazer da luta crescimento,
Tão necessário à nossa humana evolução!
Conviver com vocês trouxe alegria,
Mais que um presente de Deus,
Foi lição de amor,
Ensinamento de como viver,
De como doar, sem esperar de volta receber!
Grande batalhas foram vencidas,
Muitas vidas ampliadas,
Corações fortalecidos!
Vou em frente, mas deixo aqui parte do meu.
Levo neste novo coração,
O que pude aprender com vocês!
Muitos caminhos se unem,
Outros, apenas se cruzam,
Alguns poucos permanecem sempre juntos,
Mesmo separados pelo espaço.
Acasos não acontecem nesta terra!
Se nem sempre encontramos o porquê,
Podemos buscar o para que.
Promover conhecimento mútuo,
Expansão de consciências.
Fazer da luta crescimento,
Tão necessário à nossa humana evolução!
Conviver com vocês trouxe alegria,
Mais que um presente de Deus,
Foi lição de amor,
Ensinamento de como viver,
De como doar, sem esperar de volta receber!
Grande batalhas foram vencidas,
Muitas vidas ampliadas,
Corações fortalecidos!
Vou em frente, mas deixo aqui parte do meu.
Levo neste novo coração,
O que pude aprender com vocês!
Terra de Deus e dos homens
A cada instante que vivemos, podemos constatar a grandiosidade de DEUS e da Natureza enquanto, na maior parte das vezes acompanhamos pelos jornais diários, a pequenez e limitação das ações dos homens. Enquanto os primeiros expandem a vida e a nossa consciência, criando e renascendo naturalmente, os últimos resolvem seus problemas unilateralmente, ao tempo que destroem e criam problemas maiores ao seu redor...
Contudo, é necessário nos mantermos firmes como aquela rocha que, sob a ação das forças da natureza e das intempéries, transmuta-se e torna-se mais bonita! Este talvez seja o grande salto, o grande segredo que devemos aprender... Não podemos deixar que as dificuldades sejam maiores do que a nossa capacidade de vencê-las. Ao final de tudo, sempre temos algo para agradecer a Deus, por pior que possa parecer o momento atual.
Contudo, é necessário nos mantermos firmes como aquela rocha que, sob a ação das forças da natureza e das intempéries, transmuta-se e torna-se mais bonita! Este talvez seja o grande salto, o grande segredo que devemos aprender... Não podemos deixar que as dificuldades sejam maiores do que a nossa capacidade de vencê-las. Ao final de tudo, sempre temos algo para agradecer a Deus, por pior que possa parecer o momento atual.
“LUGAR DE GENTE FELIZ”
O quadrinho colorido e simpático, lembrança de uma alegre viagem, está centralizado no pequeno espaço atrás da bancada da cozinha: “Aqui tem gente feliz”. A frase tanto pode ser entendida como um convite, presságio de novos tempos ou apenas um esforço para se sentir assim. Esse tema pode render muitas folhas ou telas escritas sentidamente e a mente divaga entre as possibilidades... Tudo ao redor combina com o romântico quadrinho. Cada cômodo e cada peça remetem a um estado de ânimo alegre, descontraído e espírito jovem.
No espaço à direita da sala, vindo da parte íntima da casa, pode-se ver a delicadeza de pequeninas florzinhas saindo de um vaso de vidro, enquanto um par de amaríles brancas iluminam o centro da mesinha de jantar, contrastando com a textura em tom ocre da parede em frente à porta de entrada. Mesmo reduzido, o ambiente é aconchegante, convite para conversas intermináveis, se confortavelmente acomodados no sofá de dois lugares. À frente e à esquerda tem um barzinho. Sobre a bancada de mármore bege fica a foto de um rosto antigo, emoldurada em branco e uma delicada bailarina com vestido de cabaça. Descendo do teto, um esotérico vasinho de vidro com penduricalhos, contendo um buquê de florzinhas amarelas. Ao fundo, de um lado uma cristaleira na parede, do outro uma janela que se abre para o verde de árvores, sobreposto ao azul do céu. Em frente ao primeiro sofá, duas poltronas individuais formam o círculo invisível das amizades que se encontram para confraternizar. No corredor, de frente para a porta da sala, o banheiro tem um grande espelho, que reflete um orquídea vertical em tons de rosa, rodeada com diferentes perfumes - a primeira, para agradar os olhos e, os outros, para despertar os sentidos. Um dos quartos, o maior e o mais marcante deles, é um mundo em miniatura. Tem uma estante de livros e lembranças de viagens pelo mundo, fotos de rostos atuais e outros mais antigos, unidos pela alegria do mesmo sorriso. A cama ampla e confortável estimula o sono, os sonhos, leituras sob a luz de cabeceira, umas vezes com os travesseiros molhados de lágrimas, outras vezes cobertos de esperanças, que se esparramam por todos os lados. Tudo inspira aconchego, confissões felizes, amores intermináveis, mesmo quando parecem impossíveis. Afinal, nesse lugar de gente feliz, tudo pode se tornar possível!
No espaço à direita da sala, vindo da parte íntima da casa, pode-se ver a delicadeza de pequeninas florzinhas saindo de um vaso de vidro, enquanto um par de amaríles brancas iluminam o centro da mesinha de jantar, contrastando com a textura em tom ocre da parede em frente à porta de entrada. Mesmo reduzido, o ambiente é aconchegante, convite para conversas intermináveis, se confortavelmente acomodados no sofá de dois lugares. À frente e à esquerda tem um barzinho. Sobre a bancada de mármore bege fica a foto de um rosto antigo, emoldurada em branco e uma delicada bailarina com vestido de cabaça. Descendo do teto, um esotérico vasinho de vidro com penduricalhos, contendo um buquê de florzinhas amarelas. Ao fundo, de um lado uma cristaleira na parede, do outro uma janela que se abre para o verde de árvores, sobreposto ao azul do céu. Em frente ao primeiro sofá, duas poltronas individuais formam o círculo invisível das amizades que se encontram para confraternizar. No corredor, de frente para a porta da sala, o banheiro tem um grande espelho, que reflete um orquídea vertical em tons de rosa, rodeada com diferentes perfumes - a primeira, para agradar os olhos e, os outros, para despertar os sentidos. Um dos quartos, o maior e o mais marcante deles, é um mundo em miniatura. Tem uma estante de livros e lembranças de viagens pelo mundo, fotos de rostos atuais e outros mais antigos, unidos pela alegria do mesmo sorriso. A cama ampla e confortável estimula o sono, os sonhos, leituras sob a luz de cabeceira, umas vezes com os travesseiros molhados de lágrimas, outras vezes cobertos de esperanças, que se esparramam por todos os lados. Tudo inspira aconchego, confissões felizes, amores intermináveis, mesmo quando parecem impossíveis. Afinal, nesse lugar de gente feliz, tudo pode se tornar possível!
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Lembranças adormecidas
como se tocadas
por mágico condão
sente o despertar
de velhas lembranças
hibernadas
dentro de si
tão inertes estavam
acreditou
que não tinham mais vida
no espaço tempo
já tão distantes
do seu coração
porém, resurgem fortes
e de tão vivas
o presente se explica
o passado se confirma
com a mesma realidade
a mesma alegria
a mesma dor
mesmo que nada
se repita igual
rápido
temores e dúvidas
se instalam
tentam formar
uma barreira de proteção
querem deter a invasão
de velhos conhecidos
sentimentos.
mas, já se faz tarde
eles já ocuparam
outra vez
o coração...
por mágico condão
sente o despertar
de velhas lembranças
hibernadas
dentro de si
tão inertes estavam
acreditou
que não tinham mais vida
no espaço tempo
já tão distantes
do seu coração
porém, resurgem fortes
e de tão vivas
o presente se explica
o passado se confirma
com a mesma realidade
a mesma alegria
a mesma dor
mesmo que nada
se repita igual
rápido
temores e dúvidas
se instalam
tentam formar
uma barreira de proteção
querem deter a invasão
de velhos conhecidos
sentimentos.
mas, já se faz tarde
eles já ocuparam
outra vez
o coração...
Marcas da alma...
As feridas do corpo, depois de cicatrizadas, não doem mais... As da alma, são mais sutis, por vezes voltam a sangrar, causando danos maiores que os físicos. Nos dois casos, não cabe questionar o destino. Seja qual for a posição - contra ou à favor, não adianta reclamar, se amargurar... Ele é cego e surdo a sofrimentos e contra-argumentações. As coisas apenas acontecem. “Azar” ou “sorte” são conceitos mutáveis - variam conforme a referência.
Depois do fato consumado, o que fica na alma ou no corpo, são as marcas.. Algumas leves. Algumas surgem e somem facilmente. Outras são tão profundas que nada as pode apagar... Marcam como ferro em brasa as camadas mais recônditas do ser. É ai que tem início o que, realmente, depende de nós. É um trabalho interno, diário, paciente. Limpar os escombros para de novo edificar! Aprender e crescer com os fatos – sejam eles quais forem! Esta é a suprema alquimia de transformar o bruto carvão em diamante! Carvão e diamante que co-existem dentro de nós...
Dói lapidar a si mesmo? Dói! Não estamos habituados com tamanha humildade - admitir e abrir mão das próprias deficiências! Mas, podemos nos tornar melhores - a cada experiência, a cada grande sofrimento, a cada pequena ou grande alegria! Ou, ao contrário. Apenas deixar que os fatos passem, ou nos afogarmos em mágoas, queixas e auto-piedade, sem bem sairmos do lugar.
Quando aprendemos a transcender - às nossas pequenezas ou às do outro, começamos a valorizar e amar o que realmente é importante! Este é o quilate verdadeiro que podemos conferir à nossa própria alma! As marcas podem desaparecer ou ficar impressas eternamente. Mas, quando transmutadas, embelezam a alma – nos tornam mais humanos, muito mais que simplesmente... belos mortais.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
"Deadline"
"Fim da linha" é uma expressão bem familiar aos meus ouvidos e ao meu olhar, já que minha casa da infância ficava em frente a uma estação da Central do Brasil, lá pelas bandas do interior de Minas. Recordo-me que os trilhos terminavam bem diante de um paredão e ali havia o lugar das manobras, para a locomotiva retornar. Hoje a vejo acrescida do significado de prazo final ou “deadline”, como é chamada “na linguagem dos projetos, negócios e marketing, para especificar que o prazo para entrega de determinada tarefa está chegando ao fim”.
Esta é uma expressão que me faz refletir em vários outros aspectos. Por exemplo, mesmo quando a esperança e o otimismo permeiam as atitudes e acontecimentos do dia a dia, sabemos, ou deveríamos saber, que existe um prazo limite, um final de linha para tudo que desejamos ou planejamos fazer acontecer em nossa vida. A natureza mostra esta realidade a todo instante – no prazo de amadurecimento de uma fruta, no limite de tempo para os ovos chocarem e se tornarem pintinhos etc., mesmo que a tecnologia tente fazer as vezes da natureza. Depois que ele se esgota, não adianta esperar mais, pois já não existe a possibilidade de se concretizar o feito – por algum motivo o processo foi malogrado!
São muitas as vezes em que nos deparamos com esse momento em nossas vidas e, mesmo assim, quase sempre vivemos como se ele nunca fosse acontecer – seja por excesso de otimismo ou excesso de ilusão. Mesmo considerando que devemos ser pacientes, não deveria, contudo, nos faltar o discernimento para sabermos que nada nem ninguém espera para sempre. Quando menos estamos preparados, percebemos que perdemos o prazo para cuidar da saúde, segurar o amor, fazer o contrato, a prova, o voo etc.; perdemos o prazo para viver... O fato se consuma diante de nós como se fosse um aviso publicitário, escrito com tubos de néon: “Deadline” – seja acionado por nós mesmos, pelo outro ou pelas circunstâncias da vida. Chegamos ao prazo limite, mesmo que nem sempre ele seja verbalizado ou previamente avisado. Em muitos casos vem a revolta, angústia, tristeza, um arrependimento tardio. Acreditávamos que tínhamos um tempo sem limites para decidirmos e fazermos acontecer. Mas, não temos!
Por isso, fique atento e assuma de forma consciente o controle dos fios que conduzem sua vida e seu destino. Não deixe chegar ao fim da linha sem antes ter feito acontecer seus sonhos!
Mágico espetáculo
tira castelos da cartola
faz mágica com lembranças
desperta o assombro da platéia
transforma em verdades
as ilusões mais secretas.
cada um no seu momento
novos personagens se apresentam
um faz rir como palhaço
outro faz malabarismos
atores diferentes reinventam, dia a dia
fatos de uma mesma história.
caminha sobre o fio da navalha
os pés se movem numa dança imaginária
abre os braços, os olhos cerra.
em passo igual prossegue,
já não como espetáculo:
só outra coisa natural da vida...
Um segundo olhar sobre os fatos
O que hoje nos parece injusto, passado o tempo e um segundo olhar sobre os fatos, constatamos que aconteceu exatamente o que era do tamanho da nossa necessidade. Nenhuma peça no tabuleiro de nossa vida foi, está ou será colocada em discordância com as leis que regem todo o criado. Tudo cumpre um propósito de aprendizado e crescimento, não falando aqui com qualquer pensamento ou atitude de religiosidade. O tempo é o grande senhor que cura todos os males, que esclarece enigmas, que coloca os fatos sob um foco real.
Acontece, com freqüência, que no fogo dos acontecimentos, não conseguimos vislumbrar o mais além e muitas vezes levamos anos para confirmar esse outro lado da história. Ou nunca descobrimos e nos tornamos seres amargos e ressentidos com Deus, com as pessoas, com a vida – e acabamos por perder a grande oportunidade de sermos felizes, não importa para que lado os fatos cotidianos nos levem.
Acontece, com freqüência, que no fogo dos acontecimentos, não conseguimos vislumbrar o mais além e muitas vezes levamos anos para confirmar esse outro lado da história. Ou nunca descobrimos e nos tornamos seres amargos e ressentidos com Deus, com as pessoas, com a vida – e acabamos por perder a grande oportunidade de sermos felizes, não importa para que lado os fatos cotidianos nos levem.
Essência materna
A coisa não aconteceu de uma hora para outra - ela não dormiu de um jeito e acordou de outro. A mudança foi lenta, quase imperceptível. Quando começou a dar pelo fato, já não havia volta. Acredite se quiser: sentia-se mãe e filha de seus próprios filhos! Diante dos fatos, até já havia parado para observar suas atitudes. Será que tinha algo de errado com elas? Chegou também a se perguntar se estava ficando velha:
- Claro, né... Você não, só eu?
O que começou a perceber no dia a dia é que os dois papéis passaram a se misturar e se inverter repetidamente, como se uma essência materna estivesse impregnada em cada filho, a tal ponto de muitas vezes se perguntar confusa: quem é a mãe aqui???
Até chegou à conclusão que eles se realizavam e ficavam à espreita de qualquer pequeno deslize ou desatenção de sua parte para assumir o posto! Um descuido seu e lá vinha a bronca ou o cuidado maternal! Claro que, quanto mais velhos ficavam, melhor enxergavam suas bobeiras e, para cada uma delas, sobravam risadas!
Era uma festa para eles cada vez que tropeçava, que não entendia a piada, que perguntava o óbvio, que errava o caminho ou que esquecia a palavra!
Em contrapartida, se desmanchavam e viravam “bicho” quando qualquer imprevisto ou algum desavisado ousava perturbar sua tranqüilidade! Imediatamente enchiam-se de brios (tal como ela faria) e, se preciso fosse, choravam e lutavam a seu favor!
Em muitos momentos ela conseguia fazer farra com os fatos. Porém, haviam aqueles em que isso doía, porque soavam como um atestado de incapacidade para ela.
Fica a reflexão sobre o equilíbrio que deve haver e o respeito que sempre deve ser mantido entre ambas as partes.
Mas, uma verdade é inegável...
- Filhos, filhos... como não amá-los!!!
Como eles mesmos já haviam lhe ensinado a dizer:
– Isso é muito massa!!!
- Claro, né... Você não, só eu?
O que começou a perceber no dia a dia é que os dois papéis passaram a se misturar e se inverter repetidamente, como se uma essência materna estivesse impregnada em cada filho, a tal ponto de muitas vezes se perguntar confusa: quem é a mãe aqui???
Até chegou à conclusão que eles se realizavam e ficavam à espreita de qualquer pequeno deslize ou desatenção de sua parte para assumir o posto! Um descuido seu e lá vinha a bronca ou o cuidado maternal! Claro que, quanto mais velhos ficavam, melhor enxergavam suas bobeiras e, para cada uma delas, sobravam risadas!
Era uma festa para eles cada vez que tropeçava, que não entendia a piada, que perguntava o óbvio, que errava o caminho ou que esquecia a palavra!
Em contrapartida, se desmanchavam e viravam “bicho” quando qualquer imprevisto ou algum desavisado ousava perturbar sua tranqüilidade! Imediatamente enchiam-se de brios (tal como ela faria) e, se preciso fosse, choravam e lutavam a seu favor!
Em muitos momentos ela conseguia fazer farra com os fatos. Porém, haviam aqueles em que isso doía, porque soavam como um atestado de incapacidade para ela.
Fica a reflexão sobre o equilíbrio que deve haver e o respeito que sempre deve ser mantido entre ambas as partes.
Mas, uma verdade é inegável...
- Filhos, filhos... como não amá-los!!!
Como eles mesmos já haviam lhe ensinado a dizer:
– Isso é muito massa!!!
Nem tudo sei...
bem sei dos meus medos
que a vida já corre a meio
e não é simples retomar caminhos
que outrora percorri
bem sei que as minhas
nem sempre são tuas verdades
que o entregar-se
implica um alto preço
que o outro lado
nem sempre quer reinvestir
sei das tristezas e alegrias
que já sentimos
de tantos planos feitos
que não vingam
de tantos outros que faíscam
na memória
como luminoso aviso
sei de entregas,
de sentimentos achados e perdidos
de velhas lembranças
que assombram nossas vidas
de momentos juntos
que não fazem mais sentido
sei tantas coisas
de mim, de ti...
só ainda não aprendi
como apagar vestígios
o que fazer de velhas marcas
que teimam em não querer sair
Desnecessária confissão
Foi totalmente inesperado! Na primeira lida, não entendeu nada! Na segunda entendeu, mas não conseguia acreditar. Depois da terceira, ficou pasma! A revelação vinha tão fora de tempo e era tão inesperada, que sua mente ficou entorpecida! Aquela era simplesmente uma confissão descarada de que ele a traíra durante todo o tempo em que estiveram juntos! Custou, mas finalmente a ficha caiu!
As recordações aproveitaram a deixa e começaram a vir em flashes, reavivando percepções sutis, olhares, sensações... Rapidamente ela concluiu que, afinal, sua intuição nunca falhara!
O texto se desenvolvia como o monólogo – misto de confissão ingênua e forra – com uma indisfarçável mensagem de fundo: você ao final não me quis, mas, enquanto me quis, te traí...
Isto parecia coisa de um louco ou simplesmente de um tolo! Ao final, ainda se gabava de ter aprendido a lição e transformado-se em um outro homem!
Se ela não se sentisse tão desconcertada, poderia até morrer de rir! Mas, teve fôlego para concluir, levemente mordaz que, provavelmente, ele devia estar fazendo análise. Com certeza estava aprendendo a exorcizar seus bichos interiores e, pela lei da lógica, sobrou para ela!
Mas, cá entre nós - fala sério! Depois de passados quatro anos, vir com uma bomba dessas e jogar na cara dela! Que loucura! Qual seria seu objetivo? Mesmo considerando que aquele desabafo fizesse um grande bem para ele, que sentido tinha dizer para ela tudo isto agora? Isto indicava que não dava a mínima para o estrago que aquela confissão explícita poderia fazer nas convicções e nas boas lembranças que poderia guardar do tempo em que ficaram juntos!
Mas, a coisa não parava por ai! Para completar o quadro, ao final ele deixava um redondo e retórico pedido de perdão! E, ainda mais inacreditável, concluía que pedir desculpas, pedir perdão, era muito pouco diante da tristeza e estrago que ele, mesmo sem querer, naquele tempo provocara nela.
Perplexa, ela ponderava com seus botões:
-‘Não acredito no que estou lendo! Eu bem que podia passar sem esta!’
É claro que, em qualquer tempo, nunca é algo simples receber uma confissão dessa natureza! Ter esse instantâneo dos fatos que aconteceram à nossa revelia, sempre promove uma estranha sensação de consternação diante de nós mesmos... Mas, melhor não cairmos na armadilha de um sofrimento retardado! Podemos aproveitar para mandar tudo se danar! Neste caso, ele, suas mulheres, sua falsa ingenuidade! Com 100% de chance, vamos sobreviver!!!
As recordações aproveitaram a deixa e começaram a vir em flashes, reavivando percepções sutis, olhares, sensações... Rapidamente ela concluiu que, afinal, sua intuição nunca falhara!
O texto se desenvolvia como o monólogo – misto de confissão ingênua e forra – com uma indisfarçável mensagem de fundo: você ao final não me quis, mas, enquanto me quis, te traí...
Isto parecia coisa de um louco ou simplesmente de um tolo! Ao final, ainda se gabava de ter aprendido a lição e transformado-se em um outro homem!
Se ela não se sentisse tão desconcertada, poderia até morrer de rir! Mas, teve fôlego para concluir, levemente mordaz que, provavelmente, ele devia estar fazendo análise. Com certeza estava aprendendo a exorcizar seus bichos interiores e, pela lei da lógica, sobrou para ela!
Mas, cá entre nós - fala sério! Depois de passados quatro anos, vir com uma bomba dessas e jogar na cara dela! Que loucura! Qual seria seu objetivo? Mesmo considerando que aquele desabafo fizesse um grande bem para ele, que sentido tinha dizer para ela tudo isto agora? Isto indicava que não dava a mínima para o estrago que aquela confissão explícita poderia fazer nas convicções e nas boas lembranças que poderia guardar do tempo em que ficaram juntos!
Mas, a coisa não parava por ai! Para completar o quadro, ao final ele deixava um redondo e retórico pedido de perdão! E, ainda mais inacreditável, concluía que pedir desculpas, pedir perdão, era muito pouco diante da tristeza e estrago que ele, mesmo sem querer, naquele tempo provocara nela.
Perplexa, ela ponderava com seus botões:
-‘Não acredito no que estou lendo! Eu bem que podia passar sem esta!’
É claro que, em qualquer tempo, nunca é algo simples receber uma confissão dessa natureza! Ter esse instantâneo dos fatos que aconteceram à nossa revelia, sempre promove uma estranha sensação de consternação diante de nós mesmos... Mas, melhor não cairmos na armadilha de um sofrimento retardado! Podemos aproveitar para mandar tudo se danar! Neste caso, ele, suas mulheres, sua falsa ingenuidade! Com 100% de chance, vamos sobreviver!!!
Nossa arte final
ao final da página
descobre:
só consegue passar
um esboço
sempre inacabado
de si mesmo.
depois de um tempo percebe...
não estar completo
é que faz real o seu retrato
cada palavra revela um detalhe
define nuances
de sua interna arte final
só consegue passar
um esboço
sempre inacabado
de si mesmo.
depois de um tempo percebe...
não estar completo
é que faz real o seu retrato
cada palavra revela um detalhe
define nuances
de sua interna arte final
Quer casar?
O
melhor da união
não
vem com o timbrado
registro
em cartório
testemunhas
de garantia.
Amor
desejo
vontade
não
vem junto com o papel!
Para
“JUNTOS” se ficar,
será
preciso
sonho
coração
pele
cheiro
gosto
desejo
afinidade
riso
molecagem
devaneio
cumplicidade
inteligência,
muita
generosidade
responsabilidade
com
os atos próprios
também
profundidade...
isto,
apenas para citar alguns!
Cada
um faz o seu percurso como melhor lhe parecer...
"E
permanecem juntos, enquanto a convivência permitir"...
Amor fora do tempo
lá fora
a noite é escura e vazia
aqui dentro
sua presença
não passa de um vislumbre
que a saudade
apenas deixa-me entrever
por ser tão pouco
abro uma fenda
no painel do tempo
do outro lado,
percorro conhecidos caminhos
resgato cada abraço
cada recanto de seu corpo
até o gosto de seu beijo...
o prazer de suas mãos
a procurar por mim
sem mais distâncias
tudo volta a ser igual
meu riso soa cristalino
sua voz, com ardor
chama meu nome bem baixinho
desejos e sensações se reavivam
acionados pelo meu querer
já não estou aqui
estou por ai
em algum lugar com você
porque qualquer lugar
ao seu lado é mais feliz
bem melhor que sua ausência
é sentir sua presença
em cada pedacinho de meu ser.
mas, se em algum momento
a fenda do tempo se fechar
vou usar de magia
fazer meu corpo adormecer
quem sabe no intervalo
entre a realidade e o sonho
possa em seus braços
novamente despertar.
Expedição de reconhecimento
não houve como evitar...
já adentrei-me na tua alma!
à medida que percorro teus espaços,
maravilhada identifico traços
em tua profundidade
tenho a visão verdadeira de ti
o espaço é acolhedor
limpo de hipocrisias.
o trato é conduzido pela ética
para evitar mágoas escondidas,
em cada um de teus vãos
deixas indicações precisas,
para aqui se saber transitar
sem mutuamente se ferir
por linhas cruzadas ou paralelas
(d)escreves em sutis palavras
a fisionomia que não se vê
pelo simples “olhar”,
mas que revela-se
...inesquecível...
entre o aqui e o agora
de um voo
na ternura com que declaras
o teu encantamento
por uma certa rosa.
Eu amo, tu (não) amas
de uns tempos para cá,
a conjugação do verbo amar
está desencontrada
enquanto um afirma
o outro já não sente
... e o amor
que foi jurado eterno
simplesmente se acabou.
a dor fica de um lado
calada e sofrida
mas, do outro lado
a liberdade é divertida
tem adjetivos novos para o amor
eterno?
já não combina com amor
será transitório?
transita-se de um para outro
sem pensar ou querer parar
e, mesmo se quiser
isto também é temporário
pode ser provisório...
cada um fica com o seu
enquanto um melhor não vem
mas, se pintar os dois
fica-se com os dois também
até que uma melhor escolha
de novo possa acontecer
só sei dizer
que um fica no ponto a chorar
enquanto o outro já partiu.
e a conclusão dessa lida
já está escrita nesta velha cantiga
“O anel que tu me destes
era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
era pouco e se acabou”
a conjugação do verbo amar
está desencontrada
enquanto um afirma
o outro já não sente
... e o amor
que foi jurado eterno
simplesmente se acabou.
a dor fica de um lado
calada e sofrida
mas, do outro lado
a liberdade é divertida
tem adjetivos novos para o amor
eterno?
já não combina com amor
será transitório?
transita-se de um para outro
sem pensar ou querer parar
e, mesmo se quiser
isto também é temporário
pode ser provisório...
cada um fica com o seu
enquanto um melhor não vem
mas, se pintar os dois
fica-se com os dois também
até que uma melhor escolha
de novo possa acontecer
só sei dizer
que um fica no ponto a chorar
enquanto o outro já partiu.
e a conclusão dessa lida
já está escrita nesta velha cantiga
“O anel que tu me destes
era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
era pouco e se acabou”
Nas entrelinhas...
entre prováveis paralelas
oriento meu voo
escrevo e leio
sem lápis
olhos
sem papel.
percorro espaços
inimagináveis
o pensamento procura
recordo tempos –
de agora,
antes ou de depois.
entre as linhas
as minhas e as tuas
personagens se reinventam
seus traços esculpidos
com etéreo cinzel.
lanço perguntas
ouço respostas
inaudíveis
percepções e sensações
expandem-se,
completam a visão.
depois... de tanto voejar, volto
suavemente pouso o olhar
sobre a folha de papel.
Aventureiro barquinho
fiz um bonito barquinho de papel
deixei nas corredeiras da vida
desliza veloz
segue destemido
vai em busca de novas paisagens
rever e fazer novos amigos.
o barquinho segue
ora ligeiro
ora devagar
deixei nele um pedido
que prometeu buscar -
não sei se vai encontrar
não adivinho onde vai parar
apenas vai
por esse mundão de meu Deus
quem sabe encontre alegrias
de tantas que senti e não guardei
aquelas que procuro
por aqui e por ai
quem sabe as mesmas
que você levou daqui.
meu barquinho
segue em frente
enfrenta tempestades
outros dias calmarias
sem desanimar!
quem sabe um dia
depois de tanto navegar
encontre um recanto seguro
possa finalmente aquietar
para não mais se perder
nas caudalosas águas
desse doce mar
Diagnóstico
Descobri que o meu sonho é o mesmo sonho oculto de tantos outros. Afinal, sonhar não é privilégio meu! Pelo menos constato que não estou sozinha... Só não sei se isto diminui a solidão da busca - que não chega a parte alguma, não encontra nunca. Porém, isto revela - não sou tão louca quanto supunha!
Caminhos de uma saudade...
Minha saudade se acomoda
neste espaço
que fica entre você e eu.
Muitas vezes ela fica quietinha...
Talvez espere que esta sua ausência,
Também esteja prestes a ter fim.
Mas, quando ela percebe -
que o tempo passa,
que você não chega,
aumenta de tamanho até ficar imensa...
ameaça explodir em mil pedaços
as frágeis paredes de meu ser...
Neste avançar e recuar,
hoje ela voltou a doer...
Já tentei ajeitá-la aqui dentro
distraí-la com novas esperanças
Porém, não quer saber de obedecer-me
ignora meu sofrimento por querer.
Quando está assim rebelde,
aprendi e não luto contra ela...
Deixo que corra livre,
invada os meus espaços.
Como águas liberadas da represa
ocupe boca, corpo, mente, coração...
Assim, fico cheia de saudade...!
Cheia desse seu vazio,
Vazio que nunca se preenche...
mas, que mesmo assim aperta tanto,
Dói, de sufocar meu ser...
Sinto saudades - de tantas coisas...
De momentos, ternuras - de uma pessoa...
Saudades de você que não tive,
De você que não tenho,
De você, que nem sei o nome.
De você que não sei se vai chegar aqui.
neste espaço
que fica entre você e eu.
Muitas vezes ela fica quietinha...
Talvez espere que esta sua ausência,
Também esteja prestes a ter fim.
Mas, quando ela percebe -
que o tempo passa,
que você não chega,
aumenta de tamanho até ficar imensa...
ameaça explodir em mil pedaços
as frágeis paredes de meu ser...
Neste avançar e recuar,
hoje ela voltou a doer...
Já tentei ajeitá-la aqui dentro
distraí-la com novas esperanças
Porém, não quer saber de obedecer-me
ignora meu sofrimento por querer.
Quando está assim rebelde,
aprendi e não luto contra ela...
Deixo que corra livre,
invada os meus espaços.
Como águas liberadas da represa
ocupe boca, corpo, mente, coração...
Assim, fico cheia de saudade...!
Cheia desse seu vazio,
Vazio que nunca se preenche...
mas, que mesmo assim aperta tanto,
Dói, de sufocar meu ser...
Sinto saudades - de tantas coisas...
De momentos, ternuras - de uma pessoa...
Saudades de você que não tive,
De você que não tenho,
De você, que nem sei o nome.
De você que não sei se vai chegar aqui.
Amigo de ouro!
Você chegou de mansinho,
Quase não senti o seu pisar...
Espiou pela porta entreaberta
Aguçou os ouvidos...
Ouviu bem baixinho
um coração pulsar.
Abriu um pouco mais a porta...
O espaço estava cheio de receios
Algumas dores mal curadas
Um tanto de temores escondidos.
E lá no fundo, um coração apertadinho
Já sem forças, com vontade de parar.
Com paciência e cuidado
Você limpou a prateleira das tristezas,
A poeira que escondia a esperança.
Abriu janelas, fez a luz entrar
Despertou recordações e alegrias
Deu brilho e mais vida ao meu olhar.
Com seu carinho, entendeu o que não disse
Chamou de volta meu sorriso
Resgatou a confiança no humano ser.
Sua amizade mudou a minha vida!
Faz-me acreditar que Deus
Esta pensando em mim outra vez...
Quase não senti o seu pisar...
Espiou pela porta entreaberta
Aguçou os ouvidos...
Ouviu bem baixinho
um coração pulsar.
Abriu um pouco mais a porta...
O espaço estava cheio de receios
Algumas dores mal curadas
Um tanto de temores escondidos.
E lá no fundo, um coração apertadinho
Já sem forças, com vontade de parar.
Com paciência e cuidado
Você limpou a prateleira das tristezas,
A poeira que escondia a esperança.
Abriu janelas, fez a luz entrar
Despertou recordações e alegrias
Deu brilho e mais vida ao meu olhar.
Com seu carinho, entendeu o que não disse
Chamou de volta meu sorriso
Resgatou a confiança no humano ser.
Sua amizade mudou a minha vida!
Faz-me acreditar que Deus
Esta pensando em mim outra vez...
Lembrete
deixe no portal de cada noite
as dores que causou e que passou.
possíveis mágoas que sentiu.
leve para a manhã do novo dia
apenas o que aprendeu,
as alegrias que viveu
de cada experiência o que extraiu.
desta forma você reduz a sua carga
torna a vida mais fácil de levar
o ato de viver mais feliz.
ao transpor o portal de outra manhã
conquiste nova chance de mudar
de fazer melhor o que antes não fez...
Imagem arquetípica.
desenho seu perfil
com a ponta de meus dedos
acompanho atenta todos os caminhos
que a sua ternura realçou.
pego um pouco do brilho das estrelas
espalho uma pitada em seus olhos
a mesma profundidade do universo
que em seu olhar surpreendi
depois, reforço os traços
ao desenhar seus lábios
coloco neles a alegria de um sorriso
a doçura das palavras
que de você quero ouvir
os cabelos emolduram o seu rosto
expostos ao movimento da brisa matinal
por eles deslizo os meus dedos
numa carícia suave e sensual
retoques feitos
admiro seu retrato
de tão vivo, surge em mim um desejo
tirar você da tela e inserir na vida real...
com a ponta de meus dedos
acompanho atenta todos os caminhos
que a sua ternura realçou.
pego um pouco do brilho das estrelas
espalho uma pitada em seus olhos
a mesma profundidade do universo
que em seu olhar surpreendi
depois, reforço os traços
ao desenhar seus lábios
coloco neles a alegria de um sorriso
a doçura das palavras
que de você quero ouvir
os cabelos emolduram o seu rosto
expostos ao movimento da brisa matinal
por eles deslizo os meus dedos
numa carícia suave e sensual
retoques feitos
admiro seu retrato
de tão vivo, surge em mim um desejo
tirar você da tela e inserir na vida real...
Desnudamento
Era um final de tarde quente e abafado de início de primavera! Descansava o corpo, saboreando um delicioso café. Sem grandes expectativas, deu uma olhada à sua volta, em busca de um rosto conhecido. Foi quando os viu. Acomodados em uma mesa lateral, provavelmente passariam despercebidos para um observador desatento. Eram apenas mais duas figuras, de frente uma para a outra, no outro extremo das instalações do café. Em um primeiro instante, não lhes deu muita importância. Logo, sua intuição captou algo que, de início, não soube definir com clareza! Observou-os mais atentamente. Eles se inclinavam discretamente para a frente, numa animada e interminável conversa. Porém, a distância em que se encontravam não lhe permitia ouvir sobre o que falavam.
A curiosidade primeiro, depois a percepção de uma certa doçura nos olhos que se miravam, instigaram-na a fazer uso de seus poderes. Fechou seus olhos e lançou seu encantamento. Passaram-se alguns milésimos de segundos. Repentinamente, foi tomada por forte emoção! Perplexa surpreendeu, como elemento intruso, a um momento raro e magnífico entre um homem e uma mulher!
Naquele instante, para eles o mundo circundante parecia não existir. Dava para ver que estavam ali, diante de seus olhos, duas almas, uma frente à outra, que se desnudavam. Uma a uma, deixavam cair as peças sociais que as revestiam, como se estivessem a fazer um strip-tease íntimo e sensual. Olhos nos olhos, corações expostos, sentimentos a descoberto... De forma verdadeira, pura e humana, anseios, temores e esperanças se revelavam. Sem ao menos se tocarem, suas almas se misturavam, como no ato físico do amor.
Estupefata e emocionada diante daquele bonito espetáculo, voltou a si mesma! Disfarçou o encantamento que tomara conta dela e muito rapidamente assumiu sua neutralidade de observadora anônima e distante. Achava que o par merecia a intimidade daquele momento, que poderia ser a única oportunidade de suas vidas. Intimamente, achava-se maravilhada pelo que havia presenciado!
Chamou o garçom e pagou o café. Lançou um rápido e último olhar em direção a eles. Como que a despedir-se, mentalmente desejou-lhes felicidades, não importa que caminhos trilhariam a seguir.
Ganhou a rua. Anoitecia! Solitária, foi tragada pelo ar quente e abafado de início de primavera. Porém, intimamente, já não se sentia mais a mesma que tinha entrado naquele café!
A curiosidade primeiro, depois a percepção de uma certa doçura nos olhos que se miravam, instigaram-na a fazer uso de seus poderes. Fechou seus olhos e lançou seu encantamento. Passaram-se alguns milésimos de segundos. Repentinamente, foi tomada por forte emoção! Perplexa surpreendeu, como elemento intruso, a um momento raro e magnífico entre um homem e uma mulher!
Naquele instante, para eles o mundo circundante parecia não existir. Dava para ver que estavam ali, diante de seus olhos, duas almas, uma frente à outra, que se desnudavam. Uma a uma, deixavam cair as peças sociais que as revestiam, como se estivessem a fazer um strip-tease íntimo e sensual. Olhos nos olhos, corações expostos, sentimentos a descoberto... De forma verdadeira, pura e humana, anseios, temores e esperanças se revelavam. Sem ao menos se tocarem, suas almas se misturavam, como no ato físico do amor.
Estupefata e emocionada diante daquele bonito espetáculo, voltou a si mesma! Disfarçou o encantamento que tomara conta dela e muito rapidamente assumiu sua neutralidade de observadora anônima e distante. Achava que o par merecia a intimidade daquele momento, que poderia ser a única oportunidade de suas vidas. Intimamente, achava-se maravilhada pelo que havia presenciado!
Chamou o garçom e pagou o café. Lançou um rápido e último olhar em direção a eles. Como que a despedir-se, mentalmente desejou-lhes felicidades, não importa que caminhos trilhariam a seguir.
Ganhou a rua. Anoitecia! Solitária, foi tragada pelo ar quente e abafado de início de primavera. Porém, intimamente, já não se sentia mais a mesma que tinha entrado naquele café!
Almas roubadas
De tão inesperado, não consegui evitar!
Só depois que foste embora
foi que me dei conta.
Naquele abraço que me deste,
roubaste a minha alma.
Provocaste esperanças
sem deixar promessas
de uma vida, amor e carinho.
Porém descobri, apesar de distante
também estás um pouco aqui
em cada batida de meu coração
em cada verso
que minhas mãos escrevem
em cada sentimento,
que traz a tua alma
para mais perto de mim...
Mas, de vez em quando
por saudade ou pura brincadeira
deslizo por entre os teus lençóis
desfaço teus cabelos
roubo parte do teu sono
em um beijo, aposso-me de
teus pensamentos.
Assustado acordas, a lembrar de mim.
Então o teu pensar também vagueia
a procurar por esta parte tua
que roubei de ti.
Voo noturno
Seus olhos ainda estavam encharcados de sono quando olhou à sua volta, tentando descobrir o que a incomodava. A janela do quarto estava entreaberta e o vento morno da noite movimentava a cortina. Porém, o que mais chamou sua atenção foi a luz que se infiltrava pela fresta da janela e o som de vozes que chegavam até onde estava.
Levantou-se rapidamente, vestiu a roupa que estava sobre a cadeira e saiu à rua. Encontrou-se em meio ao que lembrava um acampamento, onde várias pessoas se movimentavam, fazendo tarefas que pareciam ser-lhes rotineiras. Algumas a cumprimentavam cordialmente e com certa intimidade.
Foi quando o viu caminhar em sua direção. Sentiu-se hipnotizada! Um grande e doce sorriso iluminava o olhar dele e o abraço que ele lhe deu fez com que perdesse qualquer referência de tempo. O beijo foi demorado, saudoso, como a querer amenizar ausências e distâncias. Nada parecia existir além deles. A atração entre eles era tão intensa e o amor tão presente, que o erotismo dos corpos colados chegava a ficar em segundo plano, não ocupava o ponto principal. Era um querer bem que estava além das manifestações físicas – sabiam-se juntos, amados, completos!
Deram-se as mãos e foram cumprir com várias tarefas que estavam a eles determinadas. Não havia naquele lugar uma noção física de tempo – apenas uma atividade serena que ocupava espaço. Intercaladas entre uma e outra, trocavam longas conversas, como a querer condensar os momentos em comum. Chegado um certo instante, ele a abraçou forte e demoradamente, como a querer deixar impresso o formato de seu corpo no dele. Ela sentiu uma angústia inexplicável, como se fossem lhe tomar de novo uma parte de sua vida. O beijo que trocaram foi intenso, integral, real! Depois...
Seus olhos encharcados de sono procuraram à sua volta, tentando descobrir o que a incomodava. A janela do quarto estava entreaberta e o vento morno da manhã movimentava a cortina. Deteve-se a olhar atentamente a nesga de sol que se infiltrava pela fresta da janela. Espreguiçou-se demoradamente, sem pressa de levantar-se. Era domingo. Sentia outra vez aquela nostalgia inexplicável tomar conta de seu ser! Uma vontade de estar não sabia onde, uma saudade que não sabia de quem, de um tempo que não precisava quando, de um lugar que não sabia qual...
Levantou-se rapidamente, vestiu a roupa que estava sobre a cadeira e saiu à rua. Encontrou-se em meio ao que lembrava um acampamento, onde várias pessoas se movimentavam, fazendo tarefas que pareciam ser-lhes rotineiras. Algumas a cumprimentavam cordialmente e com certa intimidade.
Foi quando o viu caminhar em sua direção. Sentiu-se hipnotizada! Um grande e doce sorriso iluminava o olhar dele e o abraço que ele lhe deu fez com que perdesse qualquer referência de tempo. O beijo foi demorado, saudoso, como a querer amenizar ausências e distâncias. Nada parecia existir além deles. A atração entre eles era tão intensa e o amor tão presente, que o erotismo dos corpos colados chegava a ficar em segundo plano, não ocupava o ponto principal. Era um querer bem que estava além das manifestações físicas – sabiam-se juntos, amados, completos!
Deram-se as mãos e foram cumprir com várias tarefas que estavam a eles determinadas. Não havia naquele lugar uma noção física de tempo – apenas uma atividade serena que ocupava espaço. Intercaladas entre uma e outra, trocavam longas conversas, como a querer condensar os momentos em comum. Chegado um certo instante, ele a abraçou forte e demoradamente, como a querer deixar impresso o formato de seu corpo no dele. Ela sentiu uma angústia inexplicável, como se fossem lhe tomar de novo uma parte de sua vida. O beijo que trocaram foi intenso, integral, real! Depois...
Seus olhos encharcados de sono procuraram à sua volta, tentando descobrir o que a incomodava. A janela do quarto estava entreaberta e o vento morno da manhã movimentava a cortina. Deteve-se a olhar atentamente a nesga de sol que se infiltrava pela fresta da janela. Espreguiçou-se demoradamente, sem pressa de levantar-se. Era domingo. Sentia outra vez aquela nostalgia inexplicável tomar conta de seu ser! Uma vontade de estar não sabia onde, uma saudade que não sabia de quem, de um tempo que não precisava quando, de um lugar que não sabia qual...
Raio de sol! (Versão masculina de "Voo noturno")
Ele acordou repentinamente! Ainda sonolento, olhou à sua volta para buscar uma explicação para o fato. Tudo lhe pareceu estar em ordem... De diferente, viu apenas um pequeno raio de sol que atravessava a janela entreaberta e iluminava uma faixa no piso, em frente à sua cama. Deixou seus olhos se acostumarem à penumbra, enquanto observava o movimento do vento ao balançar a cortina, ora aumentando, ora diminuindo a claridade que cortava o ambiente.
Seu olhar vagava distraidamente de um lado para o outro, quando teve um sobressalto! Como se transportada pelo mesmo raio de sol, viu à sua frente uma forma feminina que sorria encantadoramente para ele! Automaticamente esfregou os olhos, na certeza de que estava tendo uma visão. Quando virou-se novamente, viu que ela ainda continuava ali, a sorrir para ele...
Sem conseguir evitar, olhou mais atentamente para ela. Viu que era uma bela mulher, cujo corpo bem feito estava envolto em tecido branco e esvoaçante, que deixava ver suas formas de maneira delicada e sensual, que atraia o olhar sem se expor. O rosto dela irradiava paz, seus olhos tinham um brilho diferente, que revelavam sua alma e exteriorizavam a mesma alegria de seu sorriso encantador. Ele ficou a olhar para ela, quase hipnotizado, enquanto sua mente buscava em meio às suas lembranças, o mesmo rosto que lhe parecia tão familiar.
Foi então que, para sua surpresa, ela veio em sua direção. Ao chegar perto dele, levantou a mão e tocou seu rosto com cuidado e carinho e, com voz suave, chamou por seu nome, com a intimidade de um amor antigo.
- Estou com saudades, querido! ouviu-a dizer em voz quase inaudível...
Imediatamente uma sensação de nostalgia tomou conta dele! Sentiu uma saudade que não cabia dentro do peito - uma saudade que não sabia explicar de que ou de quem. Fechou seus olhos inconscientemente e deixou-se levar para onde o som daquela voz lhe remetia.
Sentiu-se transportado para um local que se assemelhava a um acampamento, onde algumas outras pessoas realizavam tarefas que lhe pareceram bem familiares. Enquanto estava assim absorvido, tentando localizar-se dentro de si mesmo, sentiu seu olhar ser atraído pela presença de uma mulher que chegava ao local! Agradavelmente surpreso e muito feliz, com intimidade e nenhuma incerteza, ele caminhou em direção a ela e envolveu seu corpo em um abraço amoroso e apertado! A atração era visível entre eles! Seus lábios se uniram num beijo ardente e demorado, como se tentassem amenizar ausências e saudades antigas, acumuladas de muitas vidas. Uma emoção indescritível os envolvia e as palavras fluíam fáceis de suas bocas. Um doce sentimento de bem estar se manifestava entre eles - sentiam-se e sabiam-se juntos, amados, felizes...
Naturalmente, foram cumprir com as tarefas que a eles eram determinadas. Entre um instante e outro, trocavam carícias, mantendo uma conversação alegre e descontraída! Chegado um determinado momento, ele sentiu um impulso de abraça-la fortemente, como se quisesse manter a consciência de seu corpo contra o dele, de seu amor e a veracidade daquele momento...
Foi quando um som estridente atravessou o tempo e o arrancou impiedosamente daquele abraço! Assustado e infeliz, olhou para o despertador que tocava. O que realmente havia acontecido? Onde fora? Ainda perplexo, pouco a pouco foi juntando detalhes. Logo percebeu que as duas imagens de mulher se sobrepunham. Aquela que o visitara e a mulher com a qual estivera em algum lugar, eram a mesma pessoa... Quem seria ela? Onde estaria agora? Como (re)encontra-la? Uma saudade insuportável tomou conta de seu coração - uma saudade doída e sem nome! Porém, imediatamente sobrepôs a este sentimento uma certeza inabalável - sua amada estava próxima, já muito próxima de chegar...
Seu olhar vagava distraidamente de um lado para o outro, quando teve um sobressalto! Como se transportada pelo mesmo raio de sol, viu à sua frente uma forma feminina que sorria encantadoramente para ele! Automaticamente esfregou os olhos, na certeza de que estava tendo uma visão. Quando virou-se novamente, viu que ela ainda continuava ali, a sorrir para ele...
Sem conseguir evitar, olhou mais atentamente para ela. Viu que era uma bela mulher, cujo corpo bem feito estava envolto em tecido branco e esvoaçante, que deixava ver suas formas de maneira delicada e sensual, que atraia o olhar sem se expor. O rosto dela irradiava paz, seus olhos tinham um brilho diferente, que revelavam sua alma e exteriorizavam a mesma alegria de seu sorriso encantador. Ele ficou a olhar para ela, quase hipnotizado, enquanto sua mente buscava em meio às suas lembranças, o mesmo rosto que lhe parecia tão familiar.
Foi então que, para sua surpresa, ela veio em sua direção. Ao chegar perto dele, levantou a mão e tocou seu rosto com cuidado e carinho e, com voz suave, chamou por seu nome, com a intimidade de um amor antigo.
- Estou com saudades, querido! ouviu-a dizer em voz quase inaudível...
Imediatamente uma sensação de nostalgia tomou conta dele! Sentiu uma saudade que não cabia dentro do peito - uma saudade que não sabia explicar de que ou de quem. Fechou seus olhos inconscientemente e deixou-se levar para onde o som daquela voz lhe remetia.
Sentiu-se transportado para um local que se assemelhava a um acampamento, onde algumas outras pessoas realizavam tarefas que lhe pareceram bem familiares. Enquanto estava assim absorvido, tentando localizar-se dentro de si mesmo, sentiu seu olhar ser atraído pela presença de uma mulher que chegava ao local! Agradavelmente surpreso e muito feliz, com intimidade e nenhuma incerteza, ele caminhou em direção a ela e envolveu seu corpo em um abraço amoroso e apertado! A atração era visível entre eles! Seus lábios se uniram num beijo ardente e demorado, como se tentassem amenizar ausências e saudades antigas, acumuladas de muitas vidas. Uma emoção indescritível os envolvia e as palavras fluíam fáceis de suas bocas. Um doce sentimento de bem estar se manifestava entre eles - sentiam-se e sabiam-se juntos, amados, felizes...
Naturalmente, foram cumprir com as tarefas que a eles eram determinadas. Entre um instante e outro, trocavam carícias, mantendo uma conversação alegre e descontraída! Chegado um determinado momento, ele sentiu um impulso de abraça-la fortemente, como se quisesse manter a consciência de seu corpo contra o dele, de seu amor e a veracidade daquele momento...
Foi quando um som estridente atravessou o tempo e o arrancou impiedosamente daquele abraço! Assustado e infeliz, olhou para o despertador que tocava. O que realmente havia acontecido? Onde fora? Ainda perplexo, pouco a pouco foi juntando detalhes. Logo percebeu que as duas imagens de mulher se sobrepunham. Aquela que o visitara e a mulher com a qual estivera em algum lugar, eram a mesma pessoa... Quem seria ela? Onde estaria agora? Como (re)encontra-la? Uma saudade insuportável tomou conta de seu coração - uma saudade doída e sem nome! Porém, imediatamente sobrepôs a este sentimento uma certeza inabalável - sua amada estava próxima, já muito próxima de chegar...
Janelas...
Pela janela, ela olha o cinza do céu que se espalha pela tarde molhada de domingo... Poucas pessoas se animaram a sair de casa e a rua vazia causa nela uma estranheza que não sabe traduzir. Uma certa nostalgia se esgueira pelos vãos de seu corpo e se mistura com as suas vontades. Escorrega entre as cobertas, para aquecer o corpo e liga a TV, para ver se encontra um filme interessante. Com os olhos fixos na tela, sente que um fio invisível vai puxando suas lembranças. Ouve o barulho da chuva batendo na janela... o chiado dos pneus dos carros no asfalto molhado... os gritos das crianças brincando na chuva... o chec chec ritmado da Maria Fumaça... o apito comprido e entrecortado do trem... Piuíííí!
De repente ouve o grito agudo de Dona Lia!
- Judiiite, olha a chuva! Onde estão as meninas?
- “Devem tá brincando lá no largo, com a meninada”...
- Chame elas lá... Não param mais dentro de casa, vivem na rua! Vá lá, rápido!
- Elas tão de férias, uai - fala Judite baixinho, para Dona Lia não ouvir.
E sai segurando um pano na cabeça para não pegar resfriado. No portão do jardim que dá para a rua, solta um grito comprido, fechando os olhos por causa da chuva:
- “Liiiiiilis!!! Lianaa!!! Sua mãe tá chamando."
Tamanha é a folia da criançada, que elas nem ouvem! A chuva repentina de verão só faz aumentar a algazarra! A menina maior agora brinca de queimada, correndo e pulando igual uma cabritinha para não ser apanhada pela bola. A menina menor, seu inseparável “rabinho”, mesmo sem participar da folia, está sentadinha nos degraus da casinha do tempo, do posto de meteorologia. Sabe-se lá o que se passa por sua cabecinha, enquanto parece olhar em direção às crianças. Judite, depois de esperar um pouco para ver se elas vêm, volta para dentro de casa com seus passinhos miúdos.
- “Dona Lia, elas não quiseram vir não. Tão numa folia só lá no largo”!
Dona Lia, preocupada com um possível resfriado, deixa a máquina de costura e vai ela mesma chamar as filhas... No portão, para e dá um grito comprido e enérgico!
- Liiii-less! Lianaaa! Jáaaa pra deeeentro!!!!
A folia das meninas acaba imediatamente! Esse grito é inconfundível! É hoo-jee! Na mesma hora as duas saem correndo, a maior na frente e a pequena correndo atrás, no ritmo que suas perninhas aguentam. Vêm que vêm... quando a mãe chama assim, não é bom sinal! A tentativa delas é ver se conseguem passar pelo vão que fica entre Dona Lia e o portão, mantendo-se o mais longe possível dos braços e mãos da mãe! Mas, a tentativa mais uma vez é inútil! Ali mesmo as bundinhas molhadas já levam uma palmada!
- Que coisa, nunca conseguem se livrar! pensam. Pior é saber que lá dentro a mãe ainda vai ralhar mais com elas! Não dá outra! Depois, entre choramingos, tomam banho e vestem roupas secas e quentinhas. Já penteadinha e ainda chorosa, a menorzinha vai se ajeitar em cima do encosto do sofá, em frente à vidraça da janela, para olhar a rua. A chuva forte faz poças d’água entre os canteiros do jardim. O largo esta vazio e a estação da Central também não tem ninguém à vista. Mas, sua mentezinha já não está mais ali – já voa livre e solta de um ponto a outro... Vai atrás do passarinho que pousa no beiral do telhado. Dependura-se no fio de água que desce dos pendões das giestas... Acompanha a gota d’água que escorrega na vidraça, juntando outras gotinhas que encontra pelo caminho até que, bem maior, ganha velocidade e some no parapeito da janela. Ouve o barulho do vento que passa ligeiro entre as copas das árvores...
A noite surge prematuramente! O cheiro gostoso da comida da Maria se espalha pela casa. Ela desce do sofá e vai para o quarto que divide com a irmã. Sente frio e quer ficar aconchegada um pouquinho. Basta escorregar entre as cobertas que seus olhinhos vão se fechando, embalados pela doce voz da mãe, que agora canta uma linda canção, que faz seu coraçãozinho se apertar, mesmo que não a entenda... recorda os gritos das crianças brincando na chuva... o chec chec da Maria Fumaça... o apito comprido e entrecortado do trem... Piuíííí...
Acorda assustada! A TV continua ligada em um filme qualquer. Vira-se para a janela e vê o cinza do céu que continua a se espalhar pela tarde molhada...
De repente ouve o grito agudo de Dona Lia!
- Judiiite, olha a chuva! Onde estão as meninas?
- “Devem tá brincando lá no largo, com a meninada”...
- Chame elas lá... Não param mais dentro de casa, vivem na rua! Vá lá, rápido!
- Elas tão de férias, uai - fala Judite baixinho, para Dona Lia não ouvir.
E sai segurando um pano na cabeça para não pegar resfriado. No portão do jardim que dá para a rua, solta um grito comprido, fechando os olhos por causa da chuva:
- “Liiiiiilis!!! Lianaa!!! Sua mãe tá chamando."
Tamanha é a folia da criançada, que elas nem ouvem! A chuva repentina de verão só faz aumentar a algazarra! A menina maior agora brinca de queimada, correndo e pulando igual uma cabritinha para não ser apanhada pela bola. A menina menor, seu inseparável “rabinho”, mesmo sem participar da folia, está sentadinha nos degraus da casinha do tempo, do posto de meteorologia. Sabe-se lá o que se passa por sua cabecinha, enquanto parece olhar em direção às crianças. Judite, depois de esperar um pouco para ver se elas vêm, volta para dentro de casa com seus passinhos miúdos.
- “Dona Lia, elas não quiseram vir não. Tão numa folia só lá no largo”!
Dona Lia, preocupada com um possível resfriado, deixa a máquina de costura e vai ela mesma chamar as filhas... No portão, para e dá um grito comprido e enérgico!
- Liiii-less! Lianaaa! Jáaaa pra deeeentro!!!!
A folia das meninas acaba imediatamente! Esse grito é inconfundível! É hoo-jee! Na mesma hora as duas saem correndo, a maior na frente e a pequena correndo atrás, no ritmo que suas perninhas aguentam. Vêm que vêm... quando a mãe chama assim, não é bom sinal! A tentativa delas é ver se conseguem passar pelo vão que fica entre Dona Lia e o portão, mantendo-se o mais longe possível dos braços e mãos da mãe! Mas, a tentativa mais uma vez é inútil! Ali mesmo as bundinhas molhadas já levam uma palmada!
- Que coisa, nunca conseguem se livrar! pensam. Pior é saber que lá dentro a mãe ainda vai ralhar mais com elas! Não dá outra! Depois, entre choramingos, tomam banho e vestem roupas secas e quentinhas. Já penteadinha e ainda chorosa, a menorzinha vai se ajeitar em cima do encosto do sofá, em frente à vidraça da janela, para olhar a rua. A chuva forte faz poças d’água entre os canteiros do jardim. O largo esta vazio e a estação da Central também não tem ninguém à vista. Mas, sua mentezinha já não está mais ali – já voa livre e solta de um ponto a outro... Vai atrás do passarinho que pousa no beiral do telhado. Dependura-se no fio de água que desce dos pendões das giestas... Acompanha a gota d’água que escorrega na vidraça, juntando outras gotinhas que encontra pelo caminho até que, bem maior, ganha velocidade e some no parapeito da janela. Ouve o barulho do vento que passa ligeiro entre as copas das árvores...
A noite surge prematuramente! O cheiro gostoso da comida da Maria se espalha pela casa. Ela desce do sofá e vai para o quarto que divide com a irmã. Sente frio e quer ficar aconchegada um pouquinho. Basta escorregar entre as cobertas que seus olhinhos vão se fechando, embalados pela doce voz da mãe, que agora canta uma linda canção, que faz seu coraçãozinho se apertar, mesmo que não a entenda... recorda os gritos das crianças brincando na chuva... o chec chec da Maria Fumaça... o apito comprido e entrecortado do trem... Piuíííí...
Acorda assustada! A TV continua ligada em um filme qualquer. Vira-se para a janela e vê o cinza do céu que continua a se espalhar pela tarde molhada...
A matéria volátil de meus sonhos
Entre meus
devaneios
no porto que sou espero -
não um marinheiro
a mais,
qualquer...
Quero e procuro ele, apenas ele.
O marinheiro em cujo mareu navegue
que desvende meus mistérios
que traduza meus anseios.
Que ensine o caminho
que nos leve ao encontro
de nós mesmos...
Não sei de onde ele vem
Por onde andou até chegar aqui.
Apenas sinto o seu chegar
Pelo vento que traz seu cheiro
Nos pequenos sinais
que o (a)mar em meu corpo revela.
Acelero o sonho.
Quero que ele chegue ligeiro...Mais rápido que o pensamento,
que meu coração adivinha!
Peço apenas que não deixe
que os ventos o levem de volta,a tempestade desvie seu curso
que a esperança acabe.
Pois a vida tem pressa,
não espera -
ela apenas passa...
Perfil de pai
Impresso em meu coração
guardo seu perfil!
Não como esboço da forma -
é a certeza do bem repassado,
do amor ensinado e demonstrado,
dos valores que em mim cultivou.
Estes são traços indeléveis,
força imbatível que sustenta
a suave luz que me guia
em todos os dias de minha vida!
guardo seu perfil!
Não como esboço da forma -
é a certeza do bem repassado,
do amor ensinado e demonstrado,
dos valores que em mim cultivou.
Estes são traços indeléveis,
força imbatível que sustenta
a suave luz que me guia
em todos os dias de minha vida!
Adoçado adolescer...
ela tem um jeitinho matreiro
conversa doce de menina
projeto de mulher que se descobre
que mede com o mundo as próprias forças
que acredita que sabe tudo o que quer
envolve quanto e quando bem quer!
por vezes é mesmo um espanto
rever-me nela no inverso tempo
na fala que se faz de rebelde
na crença que é dona do mundo
na total reverência ao amor
na procurada independência
mulher que ainda é menina
menina que se faz de mulher,
claro - se é da conveniência!
que esquece o discurso e se trai
ao dormir abraçadinha
com um doce coração de pelúcia
nela as mudanças são velozes
só no amor, as juras são eternas
(pouco importa o tempo que dure... )
mas, se parte o coração a pose acaba
desfaz-se em lágrimas – quer carinho,
pede o colo em que já não cabe mais...
conversa doce de menina
projeto de mulher que se descobre
que mede com o mundo as próprias forças
que acredita que sabe tudo o que quer
envolve quanto e quando bem quer!
por vezes é mesmo um espanto
rever-me nela no inverso tempo
na fala que se faz de rebelde
na crença que é dona do mundo
na total reverência ao amor
na procurada independência
mulher que ainda é menina
menina que se faz de mulher,
claro - se é da conveniência!
que esquece o discurso e se trai
ao dormir abraçadinha
com um doce coração de pelúcia
nela as mudanças são velozes
só no amor, as juras são eternas
(pouco importa o tempo que dure... )
mas, se parte o coração a pose acaba
desfaz-se em lágrimas – quer carinho,
pede o colo em que já não cabe mais...
Reflexões sobre a vida e os pesares que abalam nosso cotidiano
Com tantas tragédias pessoais e coletivas sucedendo - seja ao vivo, na tela ou no coração, de repente eu me olhei assustada e ao mesmo tempo aliviada e pensei:
- Escapei de mais essa!!!
Sim, sinto-me como se estivesse sobrevivendo bravamente, segundo a segundo, a todas as dores, perdas, separações, acidentes, imprevistos etc, que vêm acontecendo no mundo - dentro ou fora de mim!
Como qualquer mortal, sei do passado, mas o futuro é uma incógnita e o tempo que realmente me pertence é apenas este instante - exatamente este de cada letra escrita e lida no papel. O tempo da frase seguinte é uma possibilidade e ainda não me pertence... Alguém poderá retrucar:
- Mas, sempre foi assim...
E eu respondo:
- Claro que sempre foi assim! A vida humana é um presente valioso, que não sabemos quando vai quebrar, se vamos perder, se alguém vai nos tirar... Nunca estamos seguros, não possuímos garantias ou visto de permanência.
O que eu quero dizer é que, inconscientemente, pensamos que temos todo o tempo do mundo pela frente, que realizaremos todos os nossos planos, todos os nossos projetos, colheremos seus resultados, veremos nossos filhos crescerem, casarem, terem seus próprios filhos; pensamos que temos todo o tempo que for necessário para demonstrar o amor, para dar um abraço, um beijo, uma força... Mas, isto é uma expectativa, não uma certeza! Aí, de repente o inesperado acontece... levamos um baque, um grande susto... mas, ainda foi com o "outro"! Só que esse “outro” está ficando cada vez mais próximo... Neste momento nos perguntamos internamente, já quase em pânico, quase sem querer saber a resposta:
- Será que isto pode acontecer também comigo?
Infelizmente, ninguém tem esta resposta! Ela está guardada em algum ponto do insondável tempo futuro. Então, melhor não esperar que ele chegue para tomar alguma providência – pode não dar tempo! Melhor fazer agora o que tiver de ser feito – melhor ainda, fazer agora e bem feito, o melhor que for possível! Uma segunda chance pode não acontecer!
Ocorre com freqüência que, pelo fato de acreditarmos que teremos um amanhã, fazemos hoje uma grande parte das coisas mais ou menos, mornamente, sem entusiasmo, sem paixão - seria mais certo dizer que por pura obrigação! E se o amanhã levar a nós ou ao que temos de mais precioso, sem a chance de nos despedirmos, perdoarmos, revelarmos, abraçarmos, amarmos, permitirmos...?
Será que ser intenso a cada dia cansa? Claro que sempre que for oportuno e bem-vindo... sorrir com vontade, amar com vontade, abraçar com vontade, conversar com vontade, trabalhar com vontade etc, ficar “p” da vida com vontade... hum... não, este último melhor não fazer. Porque deixa um ranço ruim nos outros e em nós mesmos... e pode não haver tempo para consertar!
Mas, parece que pensar em viver cada instante como se fosse o último torna-se uma diária sentença de morte... mas, comprove você mesmo - não é!
Antecipe-se ao futuro e faça tudo para amar, atender; para mostrar a importância que os seres queridos têm em sua vida - hoje, agora! Aproveite cada momento, cada instante que passar junto a eles, mesmo que não sejam momentos perfeitos! Armazene um grande estoque de amor durante este tempo de convívio provocado e consciente - ele lhe dará forças para enfrentar quaisquer situações futuras! Sabemos que experimentar arrependimentos tardios é extremamente doloroso! Melhor trabalhar nos fatos, não em suas conseqüências! O fato real é a convivência - minuto a minuto, dia a dia! Por isso, devemos possibilitar que ela seja amorosa, generosa, respeitosa, humana. Relevar conscientemente pequenos deslizes, esquecer ressentimentos bobos, aproveitar o outro enquanto o temos aqui! Revelarmos, sem reservas, nossos melhores e mais belos sentimentos! Porque a morte física é mais dolorida quando não nos antecipamos a ela, mesmo quando isto atenta contra toda a lógica. É necessário aceitar a fragilidade que é intrínseca à própria vida e não continuar a vê-la como uma fortaleza inabalável e um direito adquirido permanentemente! Devemos conviver com o outro doando mais de nós mesmos a cada dia, para que possamos realizar aquilo que realmente importa. Contrário ao que se possa pensar, é isto que garante a nossa sanidade mental e sensível, e principalmente, A FELICIDADE DO PERCURSO, QUALQUER QUE SEJA O DESTINO!!!
Paisagem perfeita
como diamantes brilhantes
incrustadas no penhasco
casinhas caiadas
brancas de sol
flores coloridas nas janelas
paisagem salpicada de alegria.
céu limpo e aberto
mar de profundo azul anil.
brisa que envolve o corpo
desfaz sem parar os cabelos
espalha o barulho do dia
o cheiro de maresia.
diante desse quadro perfeito
meus olhos brilham encantados
verbalizo um sonho juvenil:
nesta paisagem me inserir
ao vivo e à cores com alguém especial
quando o assunto é amor
ainda acredito em mágica
mantenho firme um pensamento:
em algum lugar deve haver
uma alma gêmea a procurar por mim...
Divina dúvida
Como um anjo que perdeu as suas asas
Você caiu em minha vida...
Trouxe um estoque novo de alegrias
Sorrisos e cuidados para encantar meus dias
Fazer secar o pranto meu
Em um dia sem nome
Sem trombetas a tocar
Você chegou de repente e roubou a cena
Prendeu com seus olhos as minhas tristezas
Ocupou o espaço que ocupava a solidão
Depois, como brisa benfazeja
Soprou para longe as incertezas
Fez-me pensar em caminhos que se cruzam
Acreditar em vidas que já se pertencem
Que o amor tem a cura para todas as feridas
Porém, preciso ainda descobrir
Se você é um homem que tem algo de anjo
Ou um anjo que tem muito de homem
Que escolheu abrir mão do paraíso
Só para me fazer feliz!
Você caiu em minha vida...
Trouxe um estoque novo de alegrias
Sorrisos e cuidados para encantar meus dias
Fazer secar o pranto meu
Em um dia sem nome
Sem trombetas a tocar
Você chegou de repente e roubou a cena
Prendeu com seus olhos as minhas tristezas
Ocupou o espaço que ocupava a solidão
Depois, como brisa benfazeja
Soprou para longe as incertezas
Fez-me pensar em caminhos que se cruzam
Acreditar em vidas que já se pertencem
Que o amor tem a cura para todas as feridas
Porém, preciso ainda descobrir
Se você é um homem que tem algo de anjo
Ou um anjo que tem muito de homem
Que escolheu abrir mão do paraíso
Só para me fazer feliz!
Perfil sem retoque
sou apenas
uma artesã das palavras
escrevo por prazer,
gosto de brincar com
ritmos,
sons,
significados
expressar sentimentos
revelar o que machuca
o que sufoca o peito
o que não dá sossego
à mente
nem ao coração!
o ato de escrever
é aprendizado
companheiro de solidão
um pouco confissão
um tanto brincalhão
mensageiro independente
pensamento absorvente
(até mesmo irreverente!)
revela desejos complexos
quem sabe sentimentos secretos
traz à luz a face oculta
(sem censura?)
de mim mesma.
uma artesã das palavras
escrevo por prazer,
gosto de brincar com
ritmos,
sons,
significados
expressar sentimentos
revelar o que machuca
o que sufoca o peito
o que não dá sossego
à mente
nem ao coração!
o ato de escrever
é aprendizado
companheiro de solidão
um pouco confissão
um tanto brincalhão
mensageiro independente
pensamento absorvente
(até mesmo irreverente!)
revela desejos complexos
quem sabe sentimentos secretos
traz à luz a face oculta
(sem censura?)
de mim mesma.
Seu aniversário (in memorian)
Quando hoje eu acordei, olhei o calendário!
Como um reflexo, busquei você em minha vida
Abri gavetas, revirei minhas lembranças
Revivi muitos momentos que a seu lado fui feliz!
Apesar do tempo, dói ainda sua ausência,
Irreverente, brinca com meus sentimentos
Diz que tome um remédio que a saudade passa
Que poupe o coração - não é bom sofrer demais!
Tantas vezes seu rosto se desenha em minha mente
Sua voz soa risonha em meu ouvido
Alegrias e carinhos uniram nossas vidas
Doce amiga doce... sinto falta de você!
Penso na vida que poderia ter e que se foi
Mesmo sendo irreversível, é doloroso aceitar
Que você partiu sem avisar
Partiu sem deixar eu despedir-me de você!
Dedicado a uma amiga querida, que deixou muitas saudades...
Síntese
Sou feita da mistura de sabores
Sou o doce, o amargo e o sal
Reúno em mim todas as cores
Reinvento a cada dia um ser real
Sou feita de entrecortados tempos
De chuva, seca, brisas e ventos
De espaços que se preenchem
De aconchegos e separações
Também sou feita de lugares
Tenho em mim montanhas e planícies
Sou distância e proximidade
A que fica e aquela que partiu
Às vezes sou feita de dores,
Outras, sou feita de alegrias
De pequenos instantes que se unem
De seres complexos e de sínteses
Se hoje sou tão só mulher
Amanhã serei ardente amante
Faço em mim a vida que se expande
Sou um ser em constante mutação
O coração e o poeta
O poeta se alimenta de dor
Seja esta qual for
Dor de amor
Dor de ser
Dor de viver
Dor de mais querer
E ainda assim não ter.
O coração sobrevive de amor
Sofre com a dor
Se entrega sem pudor
Mas, nega tudo
Se igual ardor
Não sente o objeto
De seu amor!
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