Seus olhos ainda estavam encharcados de sono quando olhou à sua volta, tentando descobrir o que a incomodava. A janela do quarto estava entreaberta e o vento morno da noite movimentava a cortina. Porém, o que mais chamou sua atenção foi a luz que se infiltrava pela fresta da janela e o som de vozes que chegavam até onde estava.
Levantou-se rapidamente, vestiu a roupa que estava sobre a cadeira e saiu à rua. Encontrou-se em meio ao que lembrava um acampamento, onde várias pessoas se movimentavam, fazendo tarefas que pareciam ser-lhes rotineiras. Algumas a cumprimentavam cordialmente e com certa intimidade.
Foi quando o viu caminhar em sua direção. Sentiu-se hipnotizada! Um grande e doce sorriso iluminava o olhar dele e o abraço que ele lhe deu fez com que perdesse qualquer referência de tempo. O beijo foi demorado, saudoso, como a querer amenizar ausências e distâncias. Nada parecia existir além deles. A atração entre eles era tão intensa e o amor tão presente, que o erotismo dos corpos colados chegava a ficar em segundo plano, não ocupava o ponto principal. Era um querer bem que estava além das manifestações físicas – sabiam-se juntos, amados, completos!
Deram-se as mãos e foram cumprir com várias tarefas que estavam a eles determinadas. Não havia naquele lugar uma noção física de tempo – apenas uma atividade serena que ocupava espaço. Intercaladas entre uma e outra, trocavam longas conversas, como a querer condensar os momentos em comum. Chegado um certo instante, ele a abraçou forte e demoradamente, como a querer deixar impresso o formato de seu corpo no dele. Ela sentiu uma angústia inexplicável, como se fossem lhe tomar de novo uma parte de sua vida. O beijo que trocaram foi intenso, integral, real! Depois...
Seus olhos encharcados de sono procuraram à sua volta, tentando descobrir o que a incomodava. A janela do quarto estava entreaberta e o vento morno da manhã movimentava a cortina. Deteve-se a olhar atentamente a nesga de sol que se infiltrava pela fresta da janela. Espreguiçou-se demoradamente, sem pressa de levantar-se. Era domingo. Sentia outra vez aquela nostalgia inexplicável tomar conta de seu ser! Uma vontade de estar não sabia onde, uma saudade que não sabia de quem, de um tempo que não precisava quando, de um lugar que não sabia qual...
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