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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Efeito Colateral ou Tempo de Cura



Não se pode afirmar que aquela foi uma situação banal, dessas que se vive todos os dias e acaba se acostumando. Tem hoje, em sua vida, um hiato de 40 minutos, durante os quais perdeu a ligação consciente com tudo o que a rodeava. Não sabe o que aconteceu durante esse tempo, para onde foi, com quem se encontrou, que lições ouviu. Os médicos depois lhe disseram que precisaram travar uma luta quase insana para resgatá-la! A linha da vida simplesmente se interrompera! Uma das poucas sensações que ficaram é que não queria voltar. A outra, e mais intensa, que de alguma maneira foi convencida a isto! Superados os primeiros obstáculos, tudo voltou gradualmente ao normal. Mais ainda, milagrosamente sem sequelas! Diante disso, não há como negar - os objetivos principais foram atingidos. Ganhara de volta a vida, a saúde, a disposição para encarar os desafios!
Porém, passado um tempo, observou que começaram a aparecer alguns efeitos colaterais de toda aquela situação vivida. Diferente de efeitos adversos, os efeitos colaterais são experimentos potencialmente benéficos, apesar de não serem o foco principal dos resultados esperados. Desde então, começou a enxergar a sua própria vida como se estivesse fora dela e algumas situações cambiaram de importância – para mais e para menos. Antigos valores se inverteram, alguns temores perderam força e o tempo de vida começou a ser contado de forma diferente. Além disso, podia agora compreender melhor a si mesma e à sua pequenina função dentro do mundo. Consequentemente, sentia uma certa urgência em fechar ciclos, resolver situações, reativar e expressar sentimentos e desejos recônditos, como se não pudesse mais deixar para depois certas atitudes que antes adiara.
Tinha total consciencia que, na sabedoria advinda da experiência, ter passado por aquele corredor estreito havia lhe ensinado a valorizar melhor fatos e pessoas de sua vida. Por pura gratidão, estava aprendendo a deixar fluir seu amor e seu perdão, não apenas em relação aos outros mas, especialmente, estava aprendendo a amar e a perdoar a si mesma, apesar de suas tantas imperfeições. Estes sempre foram dois de seus maiores desafios e eram agora as duas principais condições para saber amar o outro e saber ser amada por ele!
Tinha pela frente um longo aprendizado - tornar-se bálsamo que alivia as feridas causadas pela vida, abraço que aquece o frio da solidão, mão que afaga o corpo cansado e liberta a mente e o coração das travas do medo. Aprender a expressar seu amor - ser ela mesma, para ser feliz!
Depois de tudo, experimentava a certeza que a sua vida entrara em um novo ciclo. Finalmente, começava para ela o verdadeiro tempo de cura!

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