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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Desvios de rota.


Existe um princípio da geometria euclidiana que afirma que a menor distância entre dois pontos é uma reta. Esta informação, ao ser assimilada pela inteligência, se mistura com outros conhecimentos e pode se revelar mais tarde em palavras e atitudes, nas mais diversas situações. Muito além das questões ligadas às distâncias físicas, esse princípio manifesta-se muitas vezes na postura assumida frente à vida e às demais pessoas. Inconscientemente, leva a buscar o caminho mais curto, mais fácil e mais rápido para resolver todo tipo de situação. Consequentemente, tornamo-nos menos flexíveis às pequenas alterações na rota ou mais arrogantes e intransigentes na convivência. Quer dizer – sofremos ou fazemos sofrer a outrem.
Com o passar do tempo e os aprendizados que ele proporciona, começamos a perceber pequenas sutilezas em torno dessa afirmação, apesar de ser um fenômeno confirmado pela matemática e pela física. Se partirmos da observação da trajetória seguida pela água frente a um obstáculo, iremos comprovar que, na sabedoria expressa na criação, ela o contorna e depois segue seu caminho, cheio de curvas, por vezes, mas, sempre seguindo em frente. Se não desviar sua rota, a água permanecerá estagnada por algum tempo, enquanto não consegue sobrepor-se ou derrubar o obstáculo. Isso mostra que a trajetória mais curta acabaria por ser a mais demorada.
Fica fácil transportar essa imagem para o nosso cotidiano. Precisamos “contornar” pequenas dificuldades na convivência diária para não ficarmos estagnados nas nossas deficiências, em nossos pré ou falsos conceitos. Flexibilizar-nos diante das dificuldades para sairmos inteiros delas, mesmo que isto requeira um pequeno desvio na rota ou uma dose adicional de humildade e valentia.

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